RayLima 22/07/2023
Uma obra atemporal e indispensável
?O Retorno do Rei?, terceiro e último livro da trilogia ?O Senhor dos Anéis?, encerra lindamente essa aventura cheia de batalhas, amizades e ensinamentos. Desde o primeiro livro ficamos cientes da grandiosidade de Tolkien e sua escrita minuciosa e até poética, mas é aqui que vemos o ápice do seu talento como escritor e contador de histórias.
Não tem muito o que falar sobre o enredo sem dar spoiler, apesar de a maioria das pessoas já saberem por meio dos filmes. O livro é novamente dividido em dois núcleos, mas no final as narrativas se encontram para o desfecho. O começo vai continuar a jornada da comitiva do Anel que agora está dividida novamente em dois grupos: ?Gandalf e Pippin? e ?Aragorn, Legolas, Gimli e Merry?. Eles serão os responsáveis pelas aventuras em campo de batalha. Depois voltamos ao final do segundo livro, em que Frodo e Sam terminam caindo na ardilosa armadilha de Gollum e Frodo acaba sendo capturado pelos Orques. É uma jornada, além de muito perigosa no sentido mais amplo da palavra, mas também cheia de pesar pois o poder do Anel vai ficando cada vez mais forte sobre o portador.
Tolkien não deixa brechas ou pontas soltas. Todas os porquês são respondidos. É muito satisfatório ler um autor que tem tanto cuidado com a história que se propõe a contar. O Senhor dos Anéis é muito mais do que um livro de fantasia e guerra. O amor do autor pelos personagens e pela história que ele criou transborda pelas páginas. E através desse mundo mágico ele consegue nos fazer refletir sobre lições e valores muito importantes e eu vou falar de algumas coisas que me marcaram e que fazem sentido pra mim.
A simbologia de ter a esperança nas mãos de um hobbit, um povo pequeno, que mais parece criança, sereno e que aprecia as coisas simples como uma mesa farta, um bom gole de cerveja, flores, música e poesia. Apesar de tantos outros personagens fortes e guerreiros, o escolhido para ser o Portador do Anel foi Frodo Bolseiro. Aqui Tolkien fala abertamente sobre não julgar pelas aparências.
Outro ponto crucial é o poder da amizade que vai estar presente em todos os núcleos. Merry e Pippin, Gandalf e Aragorn, Legolas e Gimli, mas é com Frodo e Sam que esse elo fica mais claro, não coincidentemente, eles são os únicos que nunca se separaram durante toda a jornada.
Nesse livro Tolkien também traz uma personagem feminina que foge do estereótipo de donzela a ser salva. Apesar de ser uma história majoritariamente de homens, ele conseguiu inserir o arco de Éowyn de um jeito bem natural (e fez isso bem antes de inventarem o termo ?mimimi? que é usado pra diminuir inclusões como essa).
E Sauron, para mim, é uma reflexão sobre as maldades e injustiças que existem no mundo, que já existem há tanto tempo que simplesmente nos acostumamos, mas podemos e precisamos nos levantar contra, deixar nossa marca no mundo, mesmo que digam que não vai fazer diferença, mesmo que ninguém vá se lembrar.
?Outros males existem que poderão vir, pois o próprio Sauron é apenas um servidor ou emissário, todavia, não é nossa função controlar todas as marés do mundo, mas sim fazer o que pudermos para socorrer o tempo em que estamos inseridos, erradicando o mal dos campos que conhecemos para que aqueles que viverem depois tenham terras limpas para cultivar. Que tempo encontrarão não é nossa função determinar. ?
Obs.: o livro acaba na página 393, o restante são apêndices, muito interessantes, sobre todos os reis (lá fala um pouco da história de amor entre Aragorn e Arwen ??), cronologia de fatos anteriores, fatos narrados no livro e fatos posteriores (lá você fica sabendo o que acontece com cada personagem, vale a pena dar uma olhada), árvores genealógicas, pronúncia correta de palavras e nomes, calendários, etc. Também tem um índice com os poemas originais.