Gustota 02/02/2022Um spoiler do futuro do Estado e da InternetNo livro de memórias do Edward Snowden, há uma passagem que diz algo como "Se existe uma aplicação possível para uma tecnologia, essa aplicação já está em desenvolvimento". Acho que isso resume bem o futuro do Big Data e da captura de dados por agentes estatais ilustrado pelo livro no já distante cenário dos anos 2010. Se a vigilância em massa começou a se desenvolver após o Ato Patriótico de 2001, de lá pra cá as cyber espionagem as cyberguerras tornaram-se ponto crucial da inteligência estatal não somente dos Estados Unidos, mas países como Rússia, China, Irã, Austrália e tantos outros. Metade do livro do Snowden é uma amostra da sua infância e da sua ligação familiar com o Estado de Segurança Americano, com gerações de sua família diretamente ligadas a esse setor o próprio servindo no exército. Também exalta seu lado nerd apaixonado e sua pouco disfarçada vaidade em ter violado o sistema de segurança da CIA, contanto a proeza em detalhes. Em suma, metade do livro é sua justificativa patriótica e histórica pra ter traído o Estado que, em sua visão, estava traindo os direitos civis. A segunda metade do livro é mais interessante e mostra o que os governos têm feito a respeito da cyber-segurança e como provavelmente essas tecnologias caminham para o fim da privacidade civil, controle estatal e cerceamento das liberdades na internet.