Capitães da Areia

Capitães da Areia Jorge Amado




Resenhas - Capitães da Areia


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jennibel 09/03/2024

10\10
Polêmica e ambígua, sentimental e sensível como um fogo quente. Mas amado ou odiado?

Vi outras resenhas para entender outros pontos de vista, e cheguei a conclusão que a interpretação se baseia em dois âmbitos:

***Os sentimentalistas: Quem ama e se identifica com os capitães da areia, são pessoas que veem o lado sentimental, o sofrimento de Pedro e a ambiguidade do Sem Pernas, a situação de Dora, e todo o sofrimento dos outros, que se tonar constante no livro. Veem a parte humana do abandono infantil, e os perigos de alguém sem instrução ter que se criar sozinho, e os malefícios.

E buscam ver a verdade na obra, e geralmente são pessoas que acreditam que o ser humano não nasce mal, mas a sociedade o corrompe. Ou nem tão ao extremo, mas como a sociedade tem o papel de corromper a juventude, e como a infância dos pobres é tão abandonada pelo estado.

***Os anti comunista: Já os que odeiam, veem a forma repetitiva dos personagens como apelativa e manipuladora. Não gostam do Pedro bala por ser um arquétipo que instiga a luta da classe menor, e faz meio em uma sociedade com apologia ao socialismo. Acham um problema os personagens não serem tão ambíguos e profundos. E não concordam com a escolha de Jorge Amado de firmar mais uma classe social nos personagens, e eles representarem facetas em forma de arquétipos.

Como a raiva e a vontade de vingança de Pedro, a ambiguidade do Sem Pernas, O inclinar religioso de pirulito e do padre, e até o inclinar artístico do Boa vida. E alegam que a obra é rasa por esses fatos. (Eu vejo como uma forma brilhante do autor dizer como as pessoas poderiam reagir à situação e as colocou em forma de personagens, poderiam reagir com ódio, solidão, rancor, artisticamente, ver o lado bom com a Dora, ir para o lado religioso...)

*** Para mim: achei uma obra linda, principalmente como os outros leitores que também caíram nas graças do capítulo do carrossel, é uma obra sensível e real, o autor pode sim ter usado da forma repetitiva para fazer a empatia pelos personagens fluir, mas não acho que ele esteja errado. Se a gente não se conectasse com os personagens não teria efeito as mensagens passadas, não acredito que seja uma obra rasa, pelo contrário ela é simples, direta é crua, objetiva e direta, mas com a pegada sentimental e humana. Não vejo como isso seja raso. Só não é a construção de personagens ao qual estamos habituados, e não acho que algo diferente do convencional deve ser tratado como ruim ou sem sal, mas revolucionário e creio que ele fez isso muito bem.

Um problema gigante porque:

''Brasília, 14 de fevereiro de 2023 – No Brasil, ao menos 32 milhões de meninas e meninos (63% do total) vivem na pobreza, em suas múltiplas dimensões: renda, educação, trabalho infantil, moradia, água, saneamento e informação.''

''De 2007 a 2022, o número de menores de idade vivendo nas ruas dobrou, passando de 1842 para 3759, um aumento de 104%, de acordo com o Censo de Crianças em Situação de Rua. Aquelas que vivem sozinhas precisam pensar em como conseguir se alimentar, estudar e manter os cuidados de saúde sem a supervisão de um adulto.''

Então muita gente se ilude e se enraivecem pelo ator ser ateu e comunista e mistura a obra do autor, e esquece que o problema de abandono infantil é algo serio, recorrente e mascarado.


***Impacto histórico: capitães da areia foi um livro queimado na ditadura militar, cerca de 1000 exemplares, na praça pública na capital baiana: Salvador.

Dizem que o autor dormiu com crianças de rua abandonadas, para poder escrever o livro, mas não achei fatos confirmando como algo verídico.
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Flora.Maria 09/03/2024

Um clássico gostoso de ler!
Capitães da Areia é um patrimônio cultural brasileiro. Disto ninguém discorda. E tal fato tem razão de ser.
Aqui acompanhamos a historia de um grupo de meninos moradores de rua conhecidos como Capitães da Areia. Na primeira parte do livro temos acesso a enxertos do jornal local da cidade à respeito do grupo; que não é muito boa como podemos imaginar. São vistos como um grupo de deliquentes, ladrões e vagabundos. Um problema a ser resolvido mas que ninguém quer resolver.
Ao longo dos capítulos então, vamos acompanhando as ?aventuras? desse grupo pelas ruas da cidade e progressivamente vamos conhecendo mais um a um.
A narrativa basicamente acompanha a infância e a adolescência desses meninos e todas as mazelas à que são submetidos. Mas ao mesmo tempo que trás cenas fortes e difíceis (como uma cena de estupro) o livro é capaz de humanizar essas pessoas que são socialmente vistas como um problema.
De uma forma muito sensível, Jorge consegue transmitir para o leitor um pouco do que é ser uma criança abandonada.
A imersão também é de tirar o fôlego, por vezes me sentia caminhando pelas ruas de Salvador com eles!
A única coisa que ressalto é que durante a historia senti falta de uma personagem negra feminina. Por muitas vezes o narrador se refere a meninas negras como ?negrinhas do areal? seguidas de adjetivos como ?com peitos durinhos? ?um andar como se estivesse dançando? ?negrinhas com olhos de desejo? ?fonte de pecado?? a única menina respeitada por estes meninos foi Dora, uma menina branca e loira. Senti falta da humanização dessas meninas negras do areal que se deitavam com os capitães da areia.
No mais, livro importantíssimo, leitura obrigatória.
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archer_girl_mi 09/03/2024

Quando iniciei a leitura, fiquei um pouco desconfortável devido a característica de serem personagens crianças/adolescentes e o autor trazer questões sexuais com uma certa frequência, enquanto lia ia problematizando (e eu estava em uma fase de problematizar muitas coisas, além de ainda está entrando na vida adulta kkkkk) algumas coisas, porém compreendi que, apesar do desconforto gerado, aquilo era colocado na narrativa devido a vivência dessas crianças, que precisaram "virar" adultos tão cedo, o desconforto então não era mais com o autor e sim com a realidade vivida por eles.
tendo em vista esse ponto, o momento mais gratificante da leitura para mim foi o capítulo do carrossel, de certa forma fiquei emocionada, já que pela primeira vez eles tiveram a oportunidade de ser apenas crianças brincando.
acho que é um livro essencial para sua lista de lidos.
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Murilo409 08/03/2024

Livro excelente! Retrata de maneira crua a realidade abjeta ignorada pelas elites da época, um ótimo exemplo da literatura modernista que expunha os problemas sociais pela visão das classes mais baixas da sociedade, tanto que foi censurado e queimado em praça pública devido ao escândalo que representava ao governo.
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Gustavo Casemiro 08/03/2024

Uma obra que toca e emociona, sou avesso a romantização brasileira de marginais e subversão de valores a final se trata da história de assassinos de estupradores e ladrões, mas deixando isso de lado e levando com um Robin Hood a brasileira, tudo e descrito de forma impecável e tocante me emocionei algumas vezes com momentos que são escritos de forma pura e singela que me permiti a adorar essa obra. Recomendo.
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Amanda 08/03/2024

Nem o ódio, nem a bondade. Só a luta.
Eu acho que eu não consigo explicar em palavras toda a complexidade e todos os sentimentos que esse livro carrega, só lendo pra entender.

Acompanhar esses meninos abandonados, meninos que viraram homens mesmo sendo crianças, meninos que não sabem o que é infância, amor, respeito, não tem nenhuma noção de moral, fazem coisas horríveis, mas ainda assim, são crianças, traz tantos sentimentos.

Não tem como não falar da cena mais linda desse livro, que é o capítulo ?Luzes do carrossel?, o momento em que esses meninos se deixam ser crianças, um momento mágico de pura inocência, a inocência que fora roubada deles, muito emocionante.

Eu queria falar sobre o personagem que mais mexeu comigo, o Sem-Pernas, todos os sentimentos que ele carrega, esse ódio e revolta que consome ele, Ele só queria ser feliz, eu acho que ele é um dos únicos que não aceitava de jeito nenhum aquela vida que eles levavam, não estou dizendo que os outros meninos aceitavam e queriam continuar naquela vida, mas eles sabiam lidar melhor que o Sem-Pernas, em um trecho do livro fala que ele ficava pensando que ?a alegria daquela liberdade era pouca para a desgraça daquela vida?.
?Sem-Pernas os odeia como odeia a todo mundo, porque nunca pôde ter um carinho. E no dia que o teve foi obrigado a o abandonar porque a vida já o tinha marcado demais. Nunca tivera uma alegria de criança. Se fizera homem antes dos dez anos para lutar pela mais miserável das vidas: a vida de criança abandonada.?

É muito bom ler um livro e entender porque um clássico é um clássico, essa história precisa continuar viva, ?Porque a revolução é uma pátria e uma família.?
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Lais 07/03/2024

?viu que era absurdo, porque a liberdade era o sentimento mais arraigado nos corações dos capitães da areia?.

?Agora sabe que não foi apenas para que sua história fosse contada no cais, no mercado, na Porta do Mar, que seu pai morrera pela liberdade. A liberdade é como o sol. É, o bem maior do mundo.?

?O Sem-Pernas ficava pensando. E achava que a alegria daquela liberdade era pouca para a desgraça daquela vida?


a liberdade, irmandade e fidelidade dos capitães da areia só não é mais impressionante que a escrita de jorge amado, que só tinha 25 anos quando escreveu esse
livro... com uma profunda sensibilidade ao retratar a
desigualdade social desgraça das crianças
abandonadas, sem esquecer as pequenas alegrias que também permeiam suas livres vidas.

pedro bala, professor, pirulito, sem pernas, volta seca, boa vida e dora, personagens que vou manter pra sempre no meu coração!!

completamente encantada e apaixonada pelos capitães da areia e, claro, por jorge amado.
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Mariimagno 07/03/2024

Cada personagem é único ?
Capitães de Areia
8/10

Amei a experiência de ler/reler esse livro, embora eu realmente me lembrasse muito pouco. O livro é de uma construção cultural fantásticas e se tratando de clássico é impressionante o quanto é atual.

Me pega muito o fato de Pedro Bala ser loiro, óbvio que existe um contexto histórico e talvez uma necessidade de trazer uma figura mais padrão para que haja uma percepção ?humana? nessas crianças. E logo mais vem Dora.
Que também coloca o contraponto entre a relação deles com meninas ?pretas? em que eles fazem ?estupro? e não conseguem perceber aquelas meninas como alguém humano.
Ou seja, o choro de Dora é respeitado, ela é vista como uma ?menina? uma criança sem maldade. Enquanto as meninas pretas não nem se quer são ouvidas, só ?derrubadas no areal?.

E obviamente lendo hoje conseguimos perceber muitas contrições sociais e principalmente raciais. Levando em consideração que a visão de Jorge Amado, de um homem branco, bem letrado. Do interior da Bahia onde - na época- se tinha o maior cenário econômico do estado - Ilhéus. Onde se fazia riqueza e ainda se faz, mas principalmente, onde as raizes escravocratas, a sociedade de barões é muito viva. Ou seja, um lugar elitizado, mas que o autor tenta se deslocar do seu lugar para escrever sobre meninos abandonados em Salvador, com outro contexto sócio histórico. Onde sempre existiu o número maior de pessoas pretas lutando por seus direitos.

Talvez hoje trocássemos os padres por pastores, a igreja católica por igrejas evangélicas e seria basicamente o mesmo nível de sociedade.
Sem falar da epidemia de varíola e quanto isso é extremamente parecido com a COVID e o retrato real de como uma pandemia/epidemia desmascara a nossa realidade social. Onde são pessoas pobres e abandonadas pelas autoridades que estarão morrendo aos montes.

E sim teve momentos em que senti raiva dos capitães de areia - principalmente a cena em que Pedro bala estupra a menina. E aí a gente volta a raciocinar sobre as regras das quais eles foram submetidos. Viviam e eram tratados como animais abandonados e queremos o resultado inverso de suas ações. Queremos que se portem como indivíduos éticos, dignos e corretos. Quando homens feitos e com tudo de bandeja agem igual ou pior a esses ?meninos?.

E sim, são meninos, mesmo que sua capacidade seja de maltratar, abusar, machucar. É isso que eles passam todo dia e aprendem com crueldade a serem cruéis também.
Mas muitas vezes são humanos, na mesma medida que não. E isso é dicotômico de jeito que só uma literatura é capaz de acessar. Tem um teor anti-herói, quase tão linear quanto o Lampião.
E esse lugar tbm tem todas as construções raciais e de gênero muito presentes na narrativa. Enfim. É um livro pra debater sempre.

Um parêntese para Professor e João Grande que roubaram de fato meu coração ?

Esse livro é um patrimônio cultural e uma pena que em 2024 nossa sociedade pense e ainda tenha as mesma ações que tinham em 1937.
Oitenta e sete anos que não evoluímos enquanto história, enquanto povo, enquanto sociedade.
Karoline 07/03/2024minha estante
Já estava na minha lista de leituras.
Agora com essa resenha fiquei com ainda mais vontade de ler.


Mariimagno 07/03/2024minha estante
Karoline é um livro muito ricooo, vale muito a leitura ou releitura ???




Mariana113 06/03/2024

Os mesmos problemas sociais continuam..
Incrível como consegue ser atual e falar das mesmas mazelas e cenários do nosso Brasil.. reli esse livro que li pela primeira vez na adolescência com um outro olhar.. vale a pena cada página, apesar de ser triste, traz muita reflexão
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Mylena.Esteves 03/03/2024

Tremenda critica social
Um livro que foi censurado, um livro que esfregou na cara da sociedade as desigualdades sociais, abandono e miséria. O triste é perceber que os assuntos abordados continuam atuais em várias cidades do nosso país. Crianças de rua, a maioria exploradas ou órfãs de pai e mãe, tentadas à marginalidade, que roubam e cometem outros crimes para sobreviver. Algumas nem sabem mais como viver de forma diferente.
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Monica Quintal 03/03/2024

"Olhou para o trapiche. Não era como um quadro sem moldura. Era como a moldura de inúmeros quadros. Como quadros de uma fita de cinema. Vidas de luta e de coragem. De miséria também."
"Desde o seu lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo. Ao longo de sete décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e urgentes. Várias gerações de brasileiros sofreram o impacto e a sedução desses meninos que moram num trapiche abandonado no areal do cais de Salvador, vivendo à margem das convenções sociais. Verdadeiro romance de formação, o livro nos torna íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e suas ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. Com a força envolvente da sua prosa, Jorge Amado nos aproxima desses garotos e nos contagia com seu intenso desejo de liberdade."

Releitura em dupla! E que experiência maravilhosa foi reviver esse livro depois de tantos anos... Não tenho nem palavras pra descrever o quão tocante é essa história. Nada que eu escrever estará à altura das palavras de Jorge Amado, da singularidade de sua escrita, da forma única com que me senti transportada para o trapiche, para o mundo dos Capitães da Areia. Li o livro todo com o coração apertado, me emocionei em praticamente todos os capítulos... Sério, perfeito, um dos favoritos da vida.

"Então a luz da lua se estendeu sobre todos, as estrelas brilharam ainda mais no céu, o mar ficou de todo manso (talvez que Iemanjá tivesse vindo também ouvir a música) e a cidade era como que um grande carrossel onde giravam em invisíveis cavalos os Capitães da Areia. Neste momento de música eles sentiram-se donos da cidade. E amaram-se uns aos outros, se sentiram irmãos porque eram todos eles sem carinho e sem conforto e agora tinham o carinho e conforto da música."
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Biatunix 03/03/2024

Porreta
Honestamente, não sei se algum dia vou conseguir fazer uma resenha com todos os pensamentos que tive, enquanto lia o livro

Enquanto esse dia não chega, guardo esse livro no meu peito, com dor e armagura. Não sei também, se algum dia eu irei compreender tudo que eu li, então reservo isso para a Bia do futuro, que ainda precisa viver muitas coisas, para entender tudo que esse livro disse, e ainda diz ao mundo.
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Jenni 03/03/2024

Os atabaques ressoam como clarins de guerra
O que me fez ler o livro foi o fato dele ter sido censurado e queimado durante a ditadura, é clara a mensagem ideológica e a denúncia aos problemas sociais.
É linda a maneira sensível e poética que Jorge Amado conta a história dessas crianças órfãs e largadas à margem da sociedade, como tantas outras crianças ainda hoje.
Acredito que eu sinta uma emoção diferente lendo Capitães da Areia já que sou baiana kjjkkkk.

Leitura extremamente fluida, me prendeu do início ao fim. Meu livro fav
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