Renata (@renatac.arruda) 23/01/2020
Criada no Quênia, Lupita Nyong'o cresceu em uma sociedade em que o conceito de "pertencer a uma raça chamada negra" era praticamente inexistente. Somente após se mudar para os Estados Unidos que ela descobriu que era negra e o que isso significava -- uma questão sobre a qual Chimamanda Ngozi Adichie vai abordar muito bem em "Americanah".
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No entanto, mesmo em países predominantemente negros, como o Quênia ou a Nigéria, ter a pele retinta significa um problema. Esse tipo de discriminação ficou conhecida como "colorismo" e é sobre isso que @lupitanyongo trata em "Sulwe", seu primeiro livro infantil.
Sulwe é uma menina que se sente feia e inadequada por ser a pessoa de pele mais escura da família. Ela cresce sendo chamada de coisas como "neguinha" e "escurinha", o que a torna uma criança solitária e reclusa, enquanto a irmã, de pele clara, é querida e faz muitos amigos. A menina, então, passa a tentar de tudo para clarear a pele, se machucando por dentro e por fora -- uma medida comum em países africanos: em 2011, um relatório da OMS apontou que 77% das mulheres nigerianas usavam produtos para clarear a pele, em uma tentativa de alcançar o padrão eurocêntrico e os privilégios associados a pessoas brancas e de pele clara.
Assim, o livro de Lupita chega na tentativa de combater o colorismo, mostrando para as crianças a beleza e a força de se ter a pele retinta. É uma bela iniciativa, que se preocupa em cuidar da autoestima da mulher negra desde cedo. E que edição linda! As ilustrações de @vashtiharrison são um show à parte!
@renatac.arruda
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