Milena 24/03/2021Preciso fazer uma resenha com spoilers pra esse último livro porque ele me deixou com muitos PENSAMENTOS.
Primeiro, pensando nele como encerramento e continuação dos outros livros (que eu AMEI e acho perfeitos), funcionou muito bem. O ritmo da trilogia vai diminuindo aos poucos, vindo de um primeiro livro cheio de reviravoltas e explosões e acontecimentos, para um segundo um pouco mais lento mas ainda carregado na ação, para esse último BEM carregado nas reflexões filosóficas e divagações sobre humanidade, vingança e guerra. Mas, para mim, isso foi condizente com o que a história precisava. Não dá pra resolver uma coisa tão grandiosa como o futuro de toda a vida no planeta de forma frenética, e a questão do tempo e da paciência é muito bem trabalhada aqui com o ponto de vista do narrador (inclusive, um dos personagens que mais amei nesses últimos dois livros foi Hoa, principalmente depois que ele se revela).
Um dos pontos fortes da trilogia, além da construção de mundo (extremamente elogiada ao longo de todas as resenhas possíveis), é a realidade dos personagens. Eles cometem erros, ficam com raiva, se comunicam de forma humana, sem parecer forçados em momento algum. O principal exemplo, para mim, é a mudança mostrada no comportamento de Schaffa. Assim como Essun, eu o odeio desde o começo da história, mas gostei muito de como a face que ele mostrou para Nassun faz com que ela o veja de forma completamente diferente, porque as pessoas podem ser assim, simplesmente (ou de forma complexa, enfim).
Dito isso, amei a conclusão. Era praticamente óbvio que não cabia um final feliz do estilo "construímos um paraíso do nada e agora seremos felizes para sempre" para a história que vinha caminhando até aqui. Simplesmente não é esse tipo de trilogia. Mas ao mesmo tempo há um lampejo de esperança, de uma abertura para que a humanidade aprenda com os erros e se abra a mudanças, o que achei fundamental.