Pandora 04/10/2019O Professor foi escrito antes de Jane Eyre e enviado primeiramente junto com os livros escritos por suas irmãs: O Morro dos Ventos Uivantes (de Emily) e Agnes Grey (de Anne), e depois separadamente; foi rejeitado por muitas editoras e só foi publicado após a morte de Charlotte Brontë em 1857. (Fonte: Wikipédia)
É a história de um jovem inglês que teve os estudos financiados por seus tios abastados, mas que por ter decidido seguir a vida à sua maneira acaba sendo desprezado por eles. Tendo só a boa educação como referência e nenhum dinheiro, vai para Bruxelas e torna-se professor com a ajuda de um comerciante cínico e influente.
É o primeiro romance de Charlotte que eu leio e achei a escrita simples e fluida e também que ela se saiu bem usando a voz masculina. Só que William não é exatamente um personagem agradável, ele não é alguém com quem eu gostaria de conviver. Na verdade não gostaria nem de conhecê-lo. A forma como ele descreve as pessoas é repugnante e a maneira como coloca o protestantismo como verdade absoluta é risível.
Até mais da metade mantive o meu interesse pela narrativa; as questões de classe, de nacionalidade, a posição feminina na sociedade, foram todas questões pertinentes.
Porém, em certo momento, a autora passa a focar totalmente em relacionamentos amorosos e aí achei bem enfadonho. Outra coisa que não gostei muito é que certos personagens importantes simplesmente somem por vários capítulos, sendo que as coisas acontecem ao redor deles, o que não explica seu desaparecimento. Talvez com a prática da escrita isto tenha mudado, já que este é o primeiro livro de Charlotte.
Já bem para o fim, a autora retoma um ritmo interessante e a leitura fica leve e espirituosa. Até o professor relaxa! Destaque para os melhores personagens: Hunsden e Frances Henri. Certamente a narrativa ficou melhor com eles!
Enfim, ainda não li Jane Eyre, a obra-prima de Charlotte, mas se O Professor não é um primor de romance, tem as suas qualidades. Tanto este livro quanto seu terceiro, Villette, trazem muito da experiência da autora em Bruxelas, quando viveu no internato de Claire Parent e apaixonou-se pelo marido dela, o professor de literatura francesa Constantin Héger.
Nota: Esta edição é de 2019 e foi elaborada para o Clube de Leitores da editora, não sendo vendido em livrarias.