none 31/03/2021
Não faz o meu estilo
Segundo livro do autor que eu leio, depois de Estorvo, tentei exorcizar a leitura - que não me fez bem do título ao enredo e seu desfecho - quis ler este, depois de ver elogios de Salman Rushdie e exaltações após o prêmio literário que o autor venceu, mas infelizmente não levou devido a um incidente mínimo, uma falta de assinatura de uma autoridade ranheta.
Essa gente foi escrito depois desse prêmio, mas mostra uma sociedade e um cenário que já viraram clichês ficcionais: A zona sul carioca, seus boêmios, escritores, mulheres deslumbrantes, seus passeios em clubes, praias, favelas.
A melhor personagem do romance é a mulher de Duarte, Maria Clara, gostei de ler as cartas e passagens em que promove o melhor da cultura e da língua portuguesa, mas infelizmente está distante do ex-marido, protagonista, romancista sonhador, bêbado, mulherengo. Aí que o romance me desagrada, porque não há, como em romances de Marcelo Rubens Paiva ou como em Rubem Fonseca por exemplo um objetivo, o autor fica navegando a esmo de casa em casa, pelas ruas, clubes, frequentando amigos, prostitutas, traindo amigos, se apavorando com a realidade, mexendo em coisas perigosas e a história no meu modo de entender não evolui. Não deve ser lida nesses tempos de pandemia por leitores e leitoras que querem ler algo culturalmente interessante. O sexo é clichê também, em Lolita, nos romances de Henry Miller há uma razão para isso, aqui não, é sempre aquela lengalenga, ou então algo aberrante (Pasolini nos oferece o aberrante, mas com motivos). Cansa. É outro estorvo.
Admiro Chico pelo compositor brilhante que é, pela carreira que fez, pelas músicas e peças, pretendo ler Leite Derramado, Budapeste, O irmão Alemão e outros romances dele, mas sinceramente me decepcionei. Faltou alguma coisa que não sei explicar o que é. Empatia com o protagonista? Pode ser. Descrição pobre da realidade? Também. Interação maior entre os personagens, uma vez que o estilo é cifrado, por cartas, conversas por telefone, trechos entrecortados. Talvez. Essa gente não se definiu.