Um corpo esfaqueado é encontrado no chão da sala de uma casa onde vive uma senhora cega.
O álibi basta para a Rainha do Crime nos enredar em uma teia de ilusões e trapaças. Monsieur Poirot atua nas sombras quase até o fim, quando entra em cena armado com seu tino para detectar incoerências e decifrar a lógica do crime. A intriga mistura um morto sem identidade, um punhado de falsos testemunhos e até toques de espionagem, pois o clima em 1963, ano da publicação, era de Guerra Fria. Além do mistério e das reviravoltas na investigação, “Os relógios” traz uma das mais fascinantes galerias de tipos da obra de Agatha Christie. Sob as fachadas de suas casas comuns, cada morador de Wilbraham Crescent guarda algum segredo ou se isola em alguma mania. O crime, desta vez, é somente um disfarce que a autora adota para praticar seu talento de retratista da humanidade.
Cássio Starling Carlos
Crítico da Folha
Ficção / Romance policial / Suspense e Mistério / Literatura Estrangeira