Fran Kotipelto 07/11/2011
" ... ao morrer, vira uma estrela no céu."
Eu tinha e tenho muita coisa pra falar sobre esse livro, ou pelo menos tinha planejado dizer algumas palavras, mas ao clicar em "Clique aqui e faça a sua resenha", as palavras parecem que fugiram (ou não queriam ser ditas, acredite, isso também é possível). E aqui estou eu, escrevendo com os sinônimos do que quero dizer,e vocês estão lendo. Então acho que não foi de todo ruim essa minha "amnésia"...
Capitães da Areia é o tipo de clássico romance brasileiro que eu provavelmente nunca leria (afinal, passamos muito tempo achando que vampiros,lobisomens,bruxos,E.T's, e quaisquer outros tipos de monstros são bem mais divertidos do que histórias "reais") Mas apesar de ser uma boa distração, não nos fazem refletir sobre questões sociais,políticas,e diversos outros assuntos extremamente necessários como os abordados na obra de Jorge Amado.
O livro conta a história meninos com idade entre nove e dezesseis anos, habitantes das ruínas de um velho armazém no cais do porto e que sobrevivem realizando assaltos pela cidade de Salvador. Ao longo das páginas Jorge Amado nos apresenta seus personagens:Pedro Bala, um menino de quinze anos líder do grupo, responsável pela proteção dos garotos e sem dúvida muito esperto em planejar os assaltos; um professor chamado João José que lê para os garotos analfabetos e muito amigo de Pedro Bala, sendo muitas vezes um conselheiro sábio para Pedro Bala; Gato,um garoto malandro que consegue realizar suas proezas (acredite, ele conseguiu UMA proeza muito curiosa); Sem-pernas, o garoto manco que usa sua deficiência e aparente problema para encontrar suas "soluções" servindo-se de espião e se fingindo órfão desamparado ; João Grande, conhecido por todos como o 'forte e corajoso'; Querido-de-Deus,Pirulito e alguns outros que não têm tanta importância na obra.
Acho que as palavras que eu queria dizer no começo da resenha, começaram a voltar e circular em minha mente,jogarei-as aqui para impedir que tentem fugir novamente:
Não tentemos fugir dos nossos problemas, não tentemos achar que tudo é belo, e que os assuntos abordados nessa obra não passam de mera ficção, porque acredite, todos sabemos que isso é real. Há menores abandonados, chamados de "Capitães da Areia", não só na Salvador dos anos 30 da obra de Jorge Amado, mas em todos os lugares. E não podemos fechar os olhos, é preciso discutir assuntos como esse, buscar soluções, mas primeiro é preciso tentar entendê-los, e Capitães da Areia é um ótimo começo.