Resenhas - O Eterno Marido

Marcus.Vinicius 05/08/2021

Ótimo livro para iniciar em Dostoiévski
Terceira obra do grande escritor russo que leio, e, junto com Noites Brancas, creio ser uma boa "porta de entrada" no universo de Dostoiévski.

O enredo da história é aparentemente simples: o protagonista, Vieltchâninov, homem solteiro e de meia idade, o qual está passando por uma fase difícil da vida, estando solitário e melancólico, além contar com uma crise financeira, em dado momento começa a topar em diversas situações e locais com um outro homem que, tem a impressão que já viu, e em dado momento tem a certeza de que está sendo perseguido por ele.

Com o desenrolar da história, nos é revelado que esse "stalker" é Paviel Pavlôvitch, e confirmando as impressões iniciais de Vieltchâninov, nos é mostrado que os dois já se conheciam, mas que não se encontravam a 9 anos.

Paviel usa um chapéu com uma faixa preta, o que denota o luto pelo falecimento de sua esposa. E o que liga os personagens, é o fato de que Vieltchâninov ter sido amante da esposa de Paviel, ficando o clima da tensão no primeiro encontro entre os homens.

Outro fato importante, é que Vieltchâninov descobre que Paviel trouxe à cidade uma pequena menina que seria sua filha, o que gera a desconfiança que na verdade, a menina seria fruto do relacionamento adúltero.

No mais, a obra explora por meio de diversos diálogos muito bem construídos todo o conflito humano com relação a sentimentos como a culpa, o ciúme, o medo, a inveja, o remorso, dentre outros, além de abordar e criticar aspectos da sociedade russa da segunda metade do século XIX.

Julio.Argibay 20/04/2021

Algo no ar
 

O eterno marido é um romance do mestre Dostoievisk. Sem mais delongas vamos a ele. Veltchanínov é um fidalgo pertencente a alta sociedade, mas no momento não está tão bem financeiramente, porém está num litígio que se for favorável a ele a sua situação melhorará muito. O cara é um sujeito hipocondríaco, que sofre de uma certa tristeza, de insônias, etc e tal. Além dessas características ele, atualmente, ainda vê na rua, ocasionalmente, um homem com uma fita de luto no chapéu, mas não sabe quem ele eh. Este fato o incomoda muito, pois é como se este senhor, através de seu olhar, deixa transparecer que o conhecesse, já há muito tempo. Atualmente, Veltchanínov tem vontade de passar as férias no sul da Rússia, porém o dito litígio marcado para breve o impede. Numa noite qualquer, ele percebe a presença do dito homem de luto em frente à sua casa. Ele o observa atravessar a rua na intenção de invadir a casa dele. Assim, acho que encerramos o primeiro ato. Depois do encontro entre os dois, já posso esclarecer que o dito senhor é uma antigo amigo de 10 anos atrás de nome Pävel Pavlovitch Trussóísk. Os dois têm uma conversa esclarecedora. Algumas resenhas foram relembradas. O homem conta sobre a morte da esposa dele de nome Natália Vassílievna. Essa senhora também foi amante de Veltchaninov na época. Depois do rompimento do romance ele foi para Petersburgo e nunca mais voltou a vê-la. Naquela época, chegou na cidade um jovem alferes que chamou a atenção da senhora. Então, ela providenciou em seguida a partida de nosso protagonista da cidade. Após o encontro dos amigos ou inimigos, Veltchanínov vai à casa de Pävel e é apresentado a Lisa, filha do amigo (será?) A menina nasceu logo após a saída dele da cidade. Bom, aqui temos um climasso, né. Devido à falta de condições de Pavel criar a menina e das suspeitas do protagonista, Lisa foi levada a casa dos Pogoréltsev a contra - gosto da menina. Ele conta a Klávdia Petrovna, dona da casa e amiga, sobre sua filha. Parte da estória ela já sabia. Ele volta para casa para conversar com Pavel e leva-lo até Lisa. Já na casa conversaram, discutiram, mas nada foi esclarecido sobre a relação entre eles do passado e ele acaba indo só para visitar Lisa. Algo muito ruim acontece e a relação entre eles piora muito. Depois de algum tempo Pavel faz um convite a Veltchanínov. Ele aceita meio desconfiado. Aquele clima entre eles ainda persiste, há algo no ar. Então, os dois seguiram para a casa dos Zakhlebínin. Lá, ele conheceu os pais e as irmãs da pretendente de Pavel. Foram momentos divertidos, em seguida voltaram já num clima não amistoso. Ao chegarem na casa de Veltchaninov eles recebem a visita de outro pretendente de Nadejda, o jovem Lobov. Depois da reunião e das discussões o menino vai embora. Logo depois, Veltchaninov se sente mal e é medicado. À noite, Pavel mostra suas intenções. Dois anos depois, os dois se encontram numa estação, em mais um momento insólito. Neste último encontro o romance se encerra. Esta eh mais uma grande estória do mestre Dostoievisk. Nesta obra ele explora as relações amorosas, o ciúme, as feridas que o tempo não cicatriza, a bebida, a fraqueza do carácter, os personagens que passam em nossas vidas e depois perdem o significado. Então, eh isto. Mais uma grande estória do autor.

Nat 20/11/2020

^^ Pilha de Leitura ^^
O Eterno Marido, escrito por Dostoiévski entre O Idiota e Os Demônios (dois calhamaços), é uma novela que fala de um triângulo amoroso e tem uma pegada cômica. Após a morte da esposa, com quem teve uma filha, o “eterno marido” Páviel se encontra com o amante da mulher, Aleksiéi, um boa vida de São Petersburgo. Assim como em Dom Casmurro, há a dúvida da paternidade – que é sanada em algum momento da narrativa. O livro é curto, por isso não entrarei em detalhes, mas é um dos meus preferidos do Dostô. Apesar de ter esse toque de humor, a história é bem dramática e com bastante aprofundamento no psicológico dos personagens. Recomendo!

site: https://www.youtube.com/c/PilhadeLeituradaNat

Rebeca 20/09/2020

Um livro leve com uma história dinâmica que conta a estranha e conflituosa relação de dois amigos envolvendo amor, ódio, inveja e chifre!

Kirla 17/05/2021

O Eterno Marido começa com um homem hipocondríaco, com um sentido de vida meio sem sentido, e que, nos seus devaneios, encontra um rosto conhecido na multidão das ruas. Embora não lembre de onde o conhece. Descobrir quem é esse homem de luto vai trazer tristezas e agitações para sua vida tão vulgar e deixar nosso herói com mais dúvidas e questionamentos do que antes.

Alice 27/06/2022

Não sei ainda se eu entendi o que o livro propôs, ainda estou confusa, mas apesar disso gostei bastante, na verdade está sendo bem divertido ler todas as publicações de Dostoiévski. Gosto que a escrita tem um que de mistério e suspense, que tudo vai se revelando ao pouco e que os personagens são efusivos.

Ju 12/08/2021

Loucura esse livro
Fiódor Dostoiévski dispensa elogio, escritor maravilhoso, confesso que usei dicionário em algumas palavras rs. " O eterno marido" te deixa confuso mais acho que de propósito.
Gostei mt.
Indico p quem gosta de um livro na linguagem antiga.
Amo um clássico.

Fer Paimel 14/04/2021

Ok
Não vi nada demais nesse livro, embora tenha ouvido falar bem.
Achei a história meio sem graça e demorei para entender bem o que acontecia... isso costuma acontecer quando leio Dostoievski, parece que a história começa no meio e eu me demoro a entender o que está acontecendo (percepção totalmente pessoal).
Acho que foi o livro dele que menos gostei, por enquanto, mas ainda quero ler mais obras do Dostoievski, seus personagens são muito estranhos e fascinantes rs

Livinha 04/08/2021

O papel social do eterno marido
Escrito em 1870, ?O Eterno Marido?, de Fiódor Dostoiévski, disserta sob um prisma do personagem Vieltchâninov, um homem que sofre com ?crises de consciência?, perante seus comportamentos imaturos de seu passado. Assim, (re)vive uma situação de luto, após um antigo amigo, Pávlovitch, trazer notícias de morte e, ao mesmo tempo, esperança.
Uma obra prima do autor Russo que, em meados do século XIX, escreve sobre adultério feminino e nos devaneios de tal eterno marido que, após descobrir tais traições, se vê diante do ódio e, como diria Dostoiévski: ?amava-me por ódio e este amor é o mais forte?.
Uma surra psicológica de manipulação em diálogos coesos e capítulos organizados a partir das vivências de Vieltchâninov. Genial.

@livrosdelei 03/01/2021

O eterno e cansativo marido
?O eterno marido? foi escrito por Dostoiévski em um período de já maturidade do autor (1870). Escolhi essa obra para ser lida depois de ?O jogador? e antes de ?Crime e castigo?. Essa ordem foi totalmente aleatória, mas que prejudicou muito a minha leitura, como vocês verão a seguir.

Eu terminei ?O jogador?, que é uma obra curta e brilhante do escritor, que tem seu próprio tom de ironia e é extremamente divertida. ?O eterno marido? também é visto por muitos como uma obra curta e divertida, então, para mim, foi inevitável fazer comparações.

O enredo é muito bom e surpreendente. A obra nos conta sobre o encontro de Pável Pávlovitch (o eterno marido) e Vieltchâninov, ex-amante de falecida esposa de Pávlovitch. Conforme a leitura, você acaba ?entrando? um pouco no personagem de Vieltchâninov, pois a perspectiva da realidade da obra gira toda em torno da dele ? isso fez com que eu sentisse um nojo extremo do Pávlovitch, assim como Vieltchâninov sentia.

Acho que Pávlovitch foi um dos personagens mais babacas que li nesse ano todo, mas não irei revelar os motivos por conta de spoilers. Outro ponto interessante foi a definição de ?eterno marido?, que é um termo usado por Vieltchâninov:

?Em sua opinião, a essência de tais maridos consiste em serem na vida, digamos assim, ?eternos maridos?, ou melhor, apenas maridos e mais nada?.

É um livro que vale a leitura. Não senti que foi uma leitura prazerosa e acho que estava longe de ser as obras-primas que conhecemos de Dostoievski. Vale a leitura, desde que sem comparações com outras obras do mesmo escritor.

Maria11360 18/07/2021

Quando o passado bater a sua porta ...
Veltchaninov, que nesse período, vivia constantemente incomodando com lembranças do passado; erros, arrependimentos e certa melancolia, vê - se agora diante de um personagem, deste mesmo passado, que não só o persegue com recordações e pesares como também trás em seu encalço o saldo de suas atitudes torpes.
Tive dificuldades no início da leitura, pois o autor se demorou descrevendo o estado de espírito do personagem, porém logo a história de fato começou a se desenrolar e que história! Impressionante como Dostoievski conseguiu em tão poucas páginas desenvolver uma narrativa tão rica de acontecimentos, sentimentos e observações. Amei demais!

moacircaetano 07/04/2023

Longe de ser um dos melhores, ainda assim é um Dostoievski, o que é sempre certeza de uma boa leitura.

Felipe 02/11/2020

Enquanto uma manifestação popular-social, o carnaval não representa um fenômeno literário. O carnaval está ligado à cultura social e representa uma forma de contestação e irreverência frente aos poderes constituídos. É no carnaval que a vida carnavalesca consegue neutralizar a distância posta pelos impedimentos hierárquicos habituais, permitindo aos homens o contato familiar sem as barreiras de classe e poder aquisitivo.

Além de eliminar as distâncias sociais, é no carnaval em que ocorrem a ocupação desordenada de espaços públicos e a contestação daquilo que se toma por absoluto. À transposição do espírito carnavalesco para a arte, Mikhail Bakthin denominou o fenômeno de carnavalização. No campo literário, a carnavalização manifesta-se pela aproximação de elementos díspares e pela remoção de fronteiras entre estilos.

A carnavalização se embrenhou na Literatura e acarretou muitas mudanças para os gêneros ficcionais. Embora não possuam conexão direta com o espírito carnavalesco, diversas produções na Literatura deram novas interpretações para a matéria carnavalesca. Em “O Eterno Marido”, Fiódor Dostoievski dá uma nova complexidade à tradição carnavalesca, passando a abordar nuances do comportamento humano sobre as quais não se pode refletir em um decurso hierarquizado da vida.

Na trama, Alexei Ivanovitch, ou Veltchaninov, estava em São Petersburgo em pleno verão. Se envolvera em um processo e não tinha expectativas de quando ele teria fim. Embora conseguisse despertar a atenção das mulheres, com quase 40 anos Veltchaninov sequer era casado. Certo dia, durante a madrugada, acredita que seu lar estava em vias de sofrer uma invasão.

Na realidade, era Pavel Pavlovitch Troussotsky que estava a sua procura. Ele foi marido de Natalia Vassilievna, ex-amante de Veltchaninov. Pavel trazia consigo Lisa, sua suposta filha. Não tardou até Veltchaninov dar-se conta de que Lisa era, biologicamente, sua filha. Ao longo do enredo de “O Eterno Marido”, Dostoiveski aborda diversos temas, cabendo citar a infidelidade conjugal feminina, a relação entre o amante de uma mulher com o seu marido traído, a vaidade e o envelhecimento e importantes discussões filosóficas.

A narrativa começa com a construção dos personagens. Apesar de extensa, ela é fundamental para que a história adquira complexidade. As descrições não são demasiadas, mas é requerem a atenção do leitor para que ele compreenda a história.

Diferente do que muitos afirmam, em “O Eterno Marido” a escrita de Dostoievski não cansa o leitor e tão pouco é difícil de ser compreendida. Contudo, ela requer uma leitura pausada. Caso feita com atenção, adquire grande fluidez com os ganchos entre os capítulos criados com grande maestria pelo autor.

A história é extremamente verossímil. Dostoiévski construiu personagens com características psicológicas marcantes. As suas motivações foram muito bem explicadas. Algumas foram elucidadas no seu processo de construção, outras somente no decurso da narrativa. De uma coisa eu posso afirmar com segurança ao leitor desta resenha: “O Eterno Marido” não deixa pontas soltas.

A obra satiriza o conflito entre o marido traído e o amante de sua esposa. Veltchaninov e Pavel Pavlovitch entram em conflito, mas se consideram grandes amigos. Têm desprezo um pelo outro, mas já chegaram a dormir em uma mesma cama. Se digladiam, mas se beijam. Tentaram se matar, mas se ajudam em momentos difíceis.
Pavel precisa de Veltchaninov para realizar o mínimo desejo. Ele percebeu a traição que sofrera de sua esposa após o seu falecimento. Apesar disso, uma das principais intenções de Pavel Pavlovitch ao procurar Veltchaninov era a de restabelecer laços de amizade. Isso não anula o fato de a dúvida habitar a fronteira entre as consciências desses personagens durante toda a história.

Houve uma tentativa de criar uma narrativa imparcial na medida em que o narrador não conta a sua própria história para construir uma boa imagem diante do público. Contudo, é visível que a narrativa seja tendenciosa, uma vez que o narrador tem pontos de vista favoráveis a Veltchaninov.


Não podemos menosprezar a importância do narrador por esse motivo. Ele usa o discurso indireto livre, dando contribuição para a miscibilidade romanesca ao combinar o discurso direto com o discurso indireto. Além disso, as atitudes e as falas dos personagens não apresenta conclusões precisas ao leitor, fazendo do narrador uma fonte de juízo para diversos fatos narrados no livro.

Os personagens desempenham uma importância para a construção do enredo que não é inferior à do narrador. Falarei brevemente sobre cada um deles.

Alexei Ivanovitch tinha 39 anos. Era um homem sedutor e bem visto pelas mulheres. Embora ainda não fosse velho, a aproximação da terceira idade se fazia notar por pequenos lapsos de memória. Diferente de muitos protagonistas de outras obras de Dostoiévski, não tinha má sorte do ponto de vista financeiro. No início da história encontrava-se em um processo que poderia lhe trazer uma grande quantia em dinheiro.

Pavel Pavlovitch era viúvo da falecida Natalia Vassilievna. Há 9 anos não via Veltchaninov, amante de sua mulher. Alguns dos infortúnios ocorridos nesse período foram narrados, mas somente a ausência de um detalhamento massivo a respeito de como foi a sua vida nesse período contribui para o seu carisma enigmático durante a obra. Acreditava ser pai de Lisa, havida com Natalia Vassilievna. Ele deixa a menina com Veltchaninov e não muito tempo depois conhece uma nova mulher por quem se apaixona e decide com ela se casar.

Natalia Vassilievna é morta por uma grave doença poucos meses antes de Pavel Pavlovitch ir ao encontro de Veltchaninov. Nos primeiros capítulos do livro é explicada a sua relação com o protagonista da história, de quem foi amante. Ela não foi uma mulher de beleza e inteligência extraordinárias, mas conseguiu conquistar Veltchaninov e tornar o seu amante.


Lisa era filha de Natalia e Pavel. Veltchaninov se enternece com a sua situação e percebe que ela era, na realidade, sua filha. Ela é deixada por Veltchaninov no lar de outra família, e pouco tempo depois nele sucumbe.


Quando o nome de Fiódor Dostoiévski me é mencionado, as principais obras do autor que me vêm à mente são “Crime e Castigo” e “Irmãos Karamazov”. Já li uma porção considerável de livros do autor, e “O Eterno Marido” sem não possui uma qualidade inferior à média dos demais. Porém, se a compararmos com “Crime e Castigo”, por exemplo, constatamos que a qualidade do livro resenhado é inferior. Julgo “O Eterno Marido” como uma grande indicação de leitura, mas pelo motivo que citei anteriormente atribuí a nota ao livro. Ele não deixa, contudo, de ser melhor que muitos dos livros a que atribuí nota mais alta aqui no blog.

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