Mateus 25/01/2012
Sem qualquer dúvida a série Percy Jackson é uma das melhores séries de aventura fantástica que eu tive o prazer de conhecer em minha vida. O escritor Rick Riordan virou uma celebridade global, e com o fim de Percy Jackson, nada mais óbvio do que o autor continuar usando seu ótimo talento para escrever outros livros. E foi exatamente isso o que ele fez em seguida, ao lançar uma nova série sobre mitologia egípcia. Mas acredito que ele se apressou demais nesse lançamento, e poderia ter esperado evoluir um pouco mais o enredo.
A Pirâmide Vermelha conta a história de Carter e Sadie Kane, dois irmãos que vivem separadas e são filhos de um famoso arqueólogo. Suas vidas eram normais na medida do possível, até o dia em que uma explosão em um importante museu os leva a uma aventura que nunca poderiam imaginar. Percebem que os deuses do antigo Egito estão vivos, e a cultura egípcia está totalmente presente em suas vidas.
À primeira vista, o livro até poderia ser mais uma revolução do gênero infanto-juvenil como foi O Ladrão de Raios, mas não é exatamente isso o que ocorre. Rick Riordan usa a mesma fórmula da série Percy Jackson para escrever A Pirâmide Vermelha, e as coisas não dão tão certo nesta série. As novidades são poucas, e as coisas novas deixam desejar. Vemos bem que não é apenas a partir de piadas, aventura e ação que se constrói um livro.
Três jovens com poderes mitológicos; personagens principais fugindo e em perigo constante; segredos que são omitidos o tempo todo; um acampamento para treinar jovens com poderes; monstros mitológicos em cada capítulo; e um pai desaparecido. Já viu isso antes? Pois bem, a fórmula, o enredo e praticamente toda a história de A Pirâmide Vermelha repete O Ladrão de Raios. E pior ainda: os deuses egípcios não são nem de longe tão carismáticos quanto os deuses gregos.
Além disso, dois pontos me incomodaram bastante durante a leitura do livro: 1) Carter e Sadie revezam contando a história, e cada um narra dois capítulos. Porém a linguagem dos dois é tão parecida que eu sempre confundia quem estava contando a história. O jeito de falar dos dois é praticamente o mesmo, e isso atrapalhou bastante a leitura. 2) O desrespeito dos garotos com os deuses é fora de sério. Como é que alguém pode mandar um deus calar a boca? Pois é exatamente isso o que Sadie e Carter fazem, e a arrogância desses dois personagens me fizeram odiá-los em certas partes.
Depois de tanto criticar o livro, vocês podem imaginar que o odiei. Mas não foi bem isso que aconteceu. Até que a leitura é agradável, com ótimas cenas de ação e comédia. Definitivamente um jacaré, uma gata e um babuíno fizeram o livro valer a pena de se ler. Mas Rick Riordan precisa melhorar seu jeito de escrever, e muito! A fórmula usada em Percy Jackson e os Olimpianos ficou ótima e deu muito certo. Mas será que usada em uma segunda série ficará boa? Até agora minha resposta é não. Se as coisas não melhorarem nos próximos livros de As Crônicas de Kane, digo com sinceridade: não pretendo acompanhá-la.