Piranesi

Piranesi Susanna Clarke




Resenhas - Piranesi


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tha_rbrandao 26/04/2024

?Quando observavam o mundo, o mundo também os observava?
Esquisito. Se há uma palavra com capacidade de sintetizar tudo o que pensei e senti ao ler esse livro, essa palavra é: esquisito. Mas veja bem, isso de modo algum é algo ruim.

Já pela sinopse sabemos que nossa aventura será em uma casa labiríntica que possui corredores infinitos e incontáveis estátuas de mármore, mas, não bastava somente a história se passar em um lugar como esse, a própria narrativa é um labirinto que precisamos desvendar.

Piranesi, um dos únicos habitantes desta casa, - com exceção, é claro, dos peixes dos Salões Inundados e das aves que vêm e vão - é o nosso protagonista, quem nos guiará através dos salões banhados pelas marés oceânicas. De uma inocência pura, quase infantil, esperto, avassaladoramente humilde e de uma honestidade tremenda, ele consegue nos conduzir com amabilidade, conquistando nosso carinho e sendo uma excelente companhia nessa jornada. É impossível não se afeiçoar a ele.

Mas quanto a Piranesi - o livro, não o personagem - não irei mentir: Esse foi o livro mais desafiador que li esse ano, o mais difícil de compreender, resenhar e, principalmente, avaliar. À primeira vista, eu fiquei verdadeiramente desorientada. Tenho hábito de iniciar leituras com pouquíssima ou quase nenhuma informação sobre o conteúdo, pois acho que assim evito que a expectativa influencie minha percepção, e não fiz diferente com esse aqui. Comecei já logo tendo que me esforçar muito para me situar e mesmo assim continuei confusa por um bom tempo. Sabe quando nada faz sentido e ao invés de travar, você só abraça e vai? Pois é.

Eu insisti e daí, quando finalmente terminei de ler e tive a visão do todo, consegui finalmente entender e captar a profundidade dessa obra. E portanto, quero discorrer sobre minha interpretação: Ao meu ver esse livro tem duas camadas, duas narrativas: uma óbvia e outra subjetiva. A primeira é a jornada fantástica de um homem em um labirinto. A segunda, muito mais abstrata, é sujeita àquilo que você compreende dela. É como um borrão de Rorschach que você olha de um lado, olha do outro e depois se pergunta: o que eu estou vendo?

Assistindo algumas resenhas vi que algumas pessoas leram as entrelinhas interpretando que tudo é uma metáfora para doenças mentais, sendo tudo uma grande alucinação. Mas acho essa teoria clichê e nenhum pouco interessante. Na verdade, parece que hoje em dia todos querem um diagnóstico clínico para chamar de seu e não me agrada em nada essa linha de raciocínio. Minha interpretação é muito mais relacionada com a metafísica.

ATENÇÃO: Vou trazer pontos que podem ser spoilers! Sugiro que leia somente se já concluiu o livro.

Durante algum tempo acompanhamos o Outro tentando encontrar um Grande e Secreto Conhecimento que, de acordo com Laurence, é o que permitia ao homem antigo comunicar-se com o mundo e perceber que este o respondia, agindo de maneira ativa no externo e totalmente consciente do que é.

O Outro acreditava que esse conhecimento conferiria poder a ele, mas nunca o encontrou de fato. Piranesi, por outro lado, concluiu com satisfação que tal coisa não existe. Afinal, para ele o mundo ao seu redor, a Casa, basta. Aos seus olhos é um imenso privilégio estar vivo e poder contemplar a beleza do mundo e ser beneficiário de suas graças. Nas palavras dele:

?A Casa tem Valor porque é a Casa. É suficiente por Si e em Si. Não é o meio para um fim.?

Mas e se esse conhecimento for a tal conexão que o próprio Piranesi experimenta estando na Casa? Pensando nisso me veio à mente um eremita, um homem que, para ter uma profunda conexão com algo superior que rege tudo que existe, e a partir disso, ter uma melhor compreensão de si mesmo, isola-se em uma solidão contemplativa. E com isso me pergunto: o que o silêncio, a solidão e a vastidão faz com a mente de uma pessoa? O mundo em que vivemos é um mundo de progresso, de caos, de individualidade e ruído, que nos obriga a enfiarmos-nos cada vez mais em nossas próprias cabeças, nos fechando para o ambiente que nos cerca. Mas a Casa é o oposto; ali é tudo muito simples, quieto e belo. Para alguns isso pode ser enlouquecedor, mas para outros, pode proporcionar um estado de paz contínua e segura, como no caso de Piranesi, que se vê como parte integrante da própria essência do Mundo e, igualmente, se considera o Filho Amado da Casa.

Sendo assim, ao Piranesi se distanciar do mundo telúrico e egoísta, condicionado a viver na Casa - mesmo que de maneira não proposital -, esquecendo pouco a pouco tudo que foge desta, acabou absorvendo o conhecimento dos antigos. Ele se tornou capaz de ouvir o que o mundo lhe sussurra e ver seus sinais.

Em minhas pesquisas vi que a Susanna Clarke bebeu de muitas fontes para compor esse livro. Podemos pensar no Mito da Caverna de Platão assim como seu conceito de ?Mundo das Ideias?, um pouco de C.S. Lewis, além de também termos a direta influência de Borges assim como a referência explícita ao Giovanni Battista Piranesi, arquiteto italiano que empresta o nome ao nosso protagonista, autor da obra ?Prisões Imaginárias? que inspirou a ideia da casa com salas subterrâneas, escadas gigantescas e enormes salões.

Ciente disso tudo, e levando principalmente em conta o título da obra de Piranesi - o arquiteto, não o personagem -, não consigo pensar na Casa como sendo uma prisão. Afinal, por essência, a Casa é um fluxo de consciência que se materializou, é o Mundo das Ideias tangível e alcançável, e como a consciência por si só é algo infindável, a própria Casa também o é. Ao menos para mim isso soa quase como uma entidade viva. Pode ser feito da própria essência da natureza; as energias cósmicas que envolvem a criação ou uma divindade, até mesmo Deus - você escolhe como prefere enxergar. Mas de todo modo, como algo assim poderia se assemelhar com uma prisão? Para mim, prisão é viver em um mundo tão precioso e não ser capaz de perceber isso.

E portanto, em minha leitura, a Casa é tudo que há e tudo que existe é a Casa, e mesmo que as vezes pareça perigoso habitá-la, se você confiar e estiver atento para ouvir e ver, perceberá que a Beleza da Casa é imensurável, e acima de tudo, sua Bondade; sempre infinita.
AliJu 27/04/2024minha estante
Muito boa a sua sinopse amiga, bem explicada e completa ??


tha_rbrandao 27/04/2024minha estante
Obrigada amiga!! ??




jadhe0 23/04/2024

Mil estrelas.
Livro lindo demais, o começo é um tico difícil de ler mas depois você se adapta. tem conhecimento filosófico no meio, e requer muita atenção. eu achei o livro lindo, o plot muito bom e emocionante, cada demonstração de sentimentos de piranesi, cada detalhe da casa e o seu vínculo com ela.
amei mt a leitura
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beatriz 22/04/2024

Piranesi??
"The Beauty of the House is immeasurable; its Kindness infinite."

Que livro livro absurdamente lindo!! Essa leitura foi tão atmosférica e aconchegante e poética, diferente de tudo que eu já li. Eu amei que a história foi contada através dos registros de diário do Piranesi, normalmente não gosto de diários mas para esse livro eu abro um excessão; o modo dele de visualizar o mundo, os comentários, a narração não confiável, tudo contribuiu muito à criação do ambiente da história, uma aura de encanto e mistério! Infelizmente achei o final meio abrupto, mas nada que atrapalhe muito a experiência de leitura. Que bom que eu decidi ler essa história, tenho certeza que ela vai ficar comigo por um bom tempo!!
beatriz 22/04/2024minha estante
Tempo de leitura: 4 horas




@viajantedaleitura1 21/04/2024

A Vítima.
Piranesi era obcecado pelo lugar onde vivia. Exploração e pesquisas ocupava completamente sua mente e seu tempo, enquanto, cuidadosamente, preenchia seu diário. Ele era uma das duas pessoas vivas que se encontravam na CASA -- era assim que ele chamava o lugar onde morava-- com seus milhares de salões em alas longínquas diferentes, que abrigavam uma infinidade de estátuas, e a maré que as envolvia dia após dia. Duas vezes por semana se encontrava com o "Outro", a segunda pessoa viva naquele imenso labirinto. Os demais eram mortos, que Piranesi visitava com certa frequência e levava oferendas.
De repente, algo estranho começou a acontecer. Havia resquícios de mais alguém vivo na CASA e é esse alguém traria memórias e respostas que Piranesi, nem sonhava existir. Piranesi, que nem seu próprio nome sabia, era a vítima que, como outros, caiu em um estratagema de um louco.


site: https://www.instagram.com/viajantedaleitura1/
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Reiseane 19/04/2024

Esperava mais
O livro traz muitas referências filosóficas como o mito da caverna, as prisões mentais.. talvez eu não esteja à altura da intelectualidade presente, mas achei que faltou um brilho. Esperava conflitos maiores e maiores indagações a respeito de como nossa percepção de realidade pode oscilar. Achei razoável, bem diferente de tudo que eu já li, mas não me tocou
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Tonimaco 16/04/2024

No começo é bem viajado mas o livro é mt incrível, faz pensar sobre diversas coisas, o belo, conceito de casa, solitude, confiança.... Até sobre o si mesmo, quando Piranesi trata Matthew na terceira pessoa pq n condiz mais com o "eu" dele do momento. Enfim perfeito
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alineaimee 15/04/2024

Leitura de uma borgiana
Como admiradora e estudiosa da obra de Jorge Luis Borges, a minha leitura é bem específica. Em algumas poucas resenhas, descobri que o autor argentino era uma inspiração e fui para a leitura com essa referência.

De fato, no romance há inúmeros elementos do universo borgiano: o labirinto, construções sem sentido, o duplo, leitura mitológica ou mística da realidade, a importância do registro escrito, a equivalência da representação com o real, o relacionamento entre personagens de diferentes nacionalidades.

Se a gente exclui Borges da leitura, o que fica é uma história que pode ser lida tanto como romance fantástico quanto como uma metáfora para outras coisas (não direi para não dar spoilers).

É uma narrativa envolvente, que sabe criar suspense e expectativa, traz um enredo que me pareceu original (pelo menos em relação ao tipo de livros que leio), com ótimas descrições e criação de atmosfera. A leitura me transportava para o ambiente do livro e eu não tinha vontade de parar de ler. Piranesi, o protagonista, me causou muita empatia, uma certa ternura até.

Vi alguns leitores comentando que acharam o livro um tanto filosófico e metafórico demais. Como estou habituada à complexidade das histórias borgianas, ele não me soou assim. Na verdade, me pareceu uma tentativa de transpor certas obsessões do autor - como a dúvida quanto à personalidade e ao universo, a importância da imaginação, ou um certo caráter de irrealidade nas coisas do mundo - para um texto mais acessível, destinado a um público amplo.

Borges, mesmo quando ainda enxergava, se limitou a contos e poemas. Não realizou o romance, o que me leva secretamente a comemorar. Adoro seus textos, mas, com a densidade que têm, creio que seriam cansativos se mais extensos.

Susanna Clarke faz uma bela homenagem, mas sem se restringir a isso. Cria um universo fascinante, uma transformação intrigante de personagem, mantendo ambiguidades e produzindo um texto muito bonito. Uma justificativa importante de enredo, no entanto, me pareceu meio boba.

No geral, foi uma experiência de leitura gostosa, gratificante, e "Piranesi" se tornou um livro que indicarei para leitores que se interessam por Borges, ou por uma boa história.
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Talitasda 02/04/2024

Achei chato
Acho que é um livro criativo demais pra mim, usei como livro pra eu dormir na época que eu tinha insônia, achei chato, mas o final foi okay
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Mari 29/03/2024

Piranesi....
Comecei ler por indicação, sem saber do que se tratava. E quanto mais eu lia mais perdida ficava. Persisti, e me surpreendi positivamente. No começo estava travada, mas depois da metade o livro começa ter mais ação.
Achei fantástico! Deixou alguns questionamentos no ar, mas como é fantasia, não esperamos nada menos que isso.
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Bea 27/03/2024

Impecável
Que livro bom! No começo você fica um pouco perdido, parece que todo o universo é uma metáfora, mas quando vão sendo soltas novas informações, você começa a perceber a grandiosidade que é esse enredo. Como Piranesi não tem memórias de ter vivido em outro lugar, nós vamos descobrindo tudo com ele. Eu fazia muito a pergunta de como ele sabia das coisas, porque ele descrevia, por exemplo um cheiro, falando as notas que tinha de várias flores, mas ele nunca tinha visto uma real na vida.
A escrita é muito poética, no começo estranhei um pouco mas foi fácil se acostumar. O livro foi muito bem planejado, todos os elementos tinham um propósito. O final foi um pouco aberto, ainda tive muitas dúvidas que não foram esclarecidas, então fica aberto pra criar várias teorias.

?? Teorias com spoiler:
- O labirinto eu acho que era algum lugar físico mesmo, não acho que foi outro mundo que eles 'descobriram', mas não saberia explicar de forma racional como eles foram na primeira vez "transportados" pelo ritual, talvez alguma droga, sei lá. E outra que não saberia explicar foi a perda de memória que a Casa faz, quanto mais tempo fica por lá.
- No final eu acho que ele descobriu chegar no estado de espírito em que a Casa proporcionava, mas no mundo real, pra conseguir se adaptar com as coisas.
- E ele não ser mais nem o Matthew, nem o Piranesi fez muito sentido pra mim, porque ja não estava nos mesmos lugares, e nem tinha os mesmos costumes que eles.
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Lari1979 25/03/2024

O que escrever sobre esse livro? Quando vi, tinha terminado. Simplesmente amei. Que viagem maravilhosa. Só não dei 5 ?? pq queria uma explicação diferente no final. Mas sei lá... tudo levou pra esse desfecho e está tudo bem.
Terminei querendo reler. Dêem uma chance ao querido Piranesi
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SamaraF 18/03/2024

Faltou emoção
Piranesi conta a trajetória misteriosa de uma pessoa que mora numa casa isolada de tudo e que é semelhante a um museu e ao mesmo tempo a um labirinto. No início do livro fiquei muito empolgada com a história, o clima de mistério era perfeito, fiquei criando teorias. O que ocorre é que antes da metade do livro, tudo se torna muito repetitivo. É sempre o personagem andando pelos salões, descobrindo uma ave nova ou vendo uma mensagem escrita em algum lugar e depois sendo convencido por outro personagem que tá tudo bem e que as coisas devem permanecer como são. Nesse momento já dá pra ter ideia do que tá acontecendo e no final do livro é exatamente o que você teoriza que era. Sem emoção, sem surpresa, é simplesmente aquilo. Na minha opinião o livro tem uma boa proposta, mas essa história da maneira que é, poderia ser contada facilmente em não mais que cinquenta páginas.
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mai 15/03/2024

Eu vinha de uma rara mas fortíssima ressaca literária. esse livro já tem um começo lento e confuso por si só, mas confiei no processo e fiquei muito feliz de ter feito isso.

não adianta se preocupar muito com as descrições, tem que seguir o baile. em determinado ponto as coisas começam a se encaixar.

acabei ficando tao imersa que comecei a devorar o livro. a escrita é fantástica, envolvente, consegue abordar uma enormidade de coisas em 200 e poucas páginas como só os melhores autores conseguem.

o piranesi tem uma bondade muito peculiar, e é muito interessante como o livro consegue trazer ao mesmo tempo sensações de conforto, beleza, suspense e nervosismo. uma obra de arte!
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