Queria Estar Lendo 01/09/2022
Resenha: Heartstopper: De mãos dadas
O quarto volume do querido Heartstopper, de Alice Oseman, chegou aqui em cortesia da Editora Seguinte. Intitulado De mãos dadas, é um momento mais maduro e sensível da história de Nick e Charlie.
Essa resenha vai conter alguns spoilers dos volumes anteriores.
A história segue os acontecimentos do último volume, Um passo adiante, acompanhamos as últimas semanas de férias dos meninos. Nick vai viajar com a família para visitar alguns tios, Charlie tem seus dias livres em casa. Mas o clima não está realmente dos melhores. Não desde que Nick descobriu que Charlie tem transtornos alimentares, e de que parecem estar afetando cada vez mais o garoto que ele tanto gosta.
Heartstopper: De mãos dadas começa com um aviso de conteúdo porque fala sobre distúrbios alimentares, ansiedade e automutilação. Não são tratados de maneira gráfica, mas são mencionados. Então é importante ler com cuidado, caso sejam gatilhos.
A história de Nick e Charlie chegou num ponto maduro, mas igualmente delicado. Alice Oseman nos leva de volta a esse universo muito querido, mas usa o espaço dele para tratar desses temas, e de algumas outras discussões, no decorrer do volume.
Eu achei de um cuidado excelente, e de uma sensibilidade palpável, a maneira com que os temas pesados apareceram na história. É triste, é desesperador, mas é real. E Alice não trata os distúrbios e problemas de Charlie como menos do que são: distúrbios e problemas que precisam ser discutidos. Não são tabus, não são impossíveis, mas são nocivos para ele.
Uma vez mencionados, eles perturbam. Nick está ali para estender a mão e ajudar Charlie, mas uma coisa que Heartstopper faz maravilhosamente bem é mostrar que o amor não cura nada. Estar presente, oferecer ajuda, participar ativamente do tratamento, essas são coisas que quem ama pode fazer. Mas não há cura milagrosa para transtornos mentais. Não há maneira mágica de tirar a pessoa disso.
Heartstopper sempre foi um conforto. Mas o mundo não é todo feito de flores e felicidade (apesar de querermos muito isso) e a história do Nick e do Charlie é real, dentro desse universo. E é importante que trate dos temas reais da maneira com que trata; são discursos importantes, e abre portas para que outras pessoas passando pelo mesmo possam se enxergar nos personagens.
A ficção é um espelho da realidade, e Heartstopper: De mãos dadas é um momento mais melancólico e doloroso de uma jornada de amor, aceitação e amizade. Conhecemos o Charlie em sua totalidade, e colocamos nosso coração com a jornada dele de entender, falar abertamente e buscar um tratamento.
Não só o Charlie, mas todos os personagens têm seus momentos vulneráveis. E não estão sozinhos ao passar por eles. Nick, por exemplo, está com alguns problemas familiares envolvendo o pai e o irmão (babaca escroto dos infernos). Tara e Darcy e Tao e Elle também têm uns momentos mais frágeis.
Não quer dizer que esse volume seja apenas lágrimas e tristeza, longe disso. A beleza da história de Alice Oseman tá justamente nisso. É bonita, é feliz, é triste, é emocionante, é apaixonante, é querida. Heartstopper: De mãos dadas é outro capítulo lindo na história de amor de Nick e Charlie. Você termina a leitura abraçando a HQ e querendo mais. Com a promessa de mais, aliás.
A edição da Seguinte segue aquele modelo lindo das anteriores. A tradução do Guilherme Miranda também, como sempre, excelente. Eu amo esses quadrinhos e vou protegê-los do mundo.
Heartstopper: De mãos dadas é uma história triste e esperançosa. Trata de assuntos pesados de maneira cuidadosa e oferece uma mão para seus personagens, mostrando que tem uma luz no meio das sombras. Você vai sorrir e vai chorar e vai se emocionar, como em todo novo capítulo de Nick e Charlie.
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