Amanda.Cavalcante 02/01/2023
"Lembra do que falávamos ainda agora? Do nosso medo irremediável de perder?"
"Bom, você foi contaminada com esse vírus da brevidade. Parecia, já com aqueles olhos de criança, que sabia o que estava enfrentando. Morria de dor antes que a dor chegasse".
Gosto das escritoras e escritores que atingem seus objetivos com simplicidade.
A narrativa de Fabiane Guimarães é despretensiosa: Cecília perdeu os pais, de causas naturais e precisa peitar todo o trâmite enterro e da despedida em uma cidade pequenininha do interior e João é pai solo de Adam, que tem paralisia cerebral.
Uma situação difícil para ambos. Mas não é nada disso que você está pensando. E, se você já leu, eu sei que você também pensou, mas eu gostei da forma como as coisas se desenrolaram.
E sim, os personagens são insensatos muitas vezes, mas são personagens legais, construídos de uma forma legal.
O final é um deleite. E em bons momentos a autora lança excelentes trechos meio que poéticos no meio da prosa - coisa que eu amo.
Vale a leitura.
E vale a lágrima que pode escapulir no escuro.
"É assim, não chove nunca no deserto, mas quando chove é para provar que as coisas que você mais deseja destroem você (...). Mas segui em frente, que é o que a gente faz quando não sabe o que fazer."
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