@juliaavictorino 14/07/2021O melhor da série!Esse é o casal mais improvável que já vi em um romance de época: um sacerdote de formação e uma aprendiz de governanta em uma cada de chicoteamento. E eles tem uma química incrível e fazem total sentido juntos! Adorei o fato de eles não fazerem parte da aristocracia, além de terem seu papel invertido no clichê mocinha inocente e herói cafajeste, já tão comumente explorado no gênero (e não que eu também não goste, viu?).
E a escrita da autora é o que mais me chamou atenção. O livro é curtinho, mas super envolvente. Ela faz uso de descrições na medida certa para nos ambientar, sem tornar a narrativa expositiva demais ou cansativa, deixando o máximo que pode com nossa imaginação. E os diálogos são maravilhosos! Henry e Alice são meros conhecidos quando partem em sua viagem e conforme os dias vão passando, suas conversas revelam pouco a pouco as camadas de suas personalidades. E quanto mais compartilham seus sentimentos, convicções, medos e desejos, mais fácil é sentir a evolução em seu relacionamento, o romance que nasce dessa amizade não poderia ser mais natural.
A aparição, mesmo que breve, da família dos dois tem um peso importante na aproximação do casal. Ambos tem seus traumas do passado, motivo esse que os fez buscar uma vida nova em Londres. E é quando reencontram suas famílias que tais mágoas vem à tona, despertando uma grande empatia entre eles. E tal bagagem emocional é o elo que faltava para o casal notar algo a mais em seus sentimentos do que apenas amizade.
A elevação de Henry de antagonista a herói pode parecer duvidosa e causar estranhamento, mas não poderia estar mais enganada! Sendo ele um religioso fervoroso, seu ponto de vista abre espaço para discussões interessantes acerca dos conceitos moralistas da igreja. A princípio ele censura qualquer ato considerado libidinoso e defende que a prostituição só pode ser motivada pela falta de fé. Mas quanto mais ele conhece tais estabelecimentos e seus profissionais, entende que esta é apenas uma de muitas profissões, um meio de sustento. E superando o preconceito inicial, passa a defender a importância da profissão ser reconhecida como um negócio, tendo uma guilda responsável pela saúde e segurança desses profissionais.
Só digo que amei e quero um livro da Elena e de Avoldale!!