Queria Estar Lendo 28/05/2021
Resenha: Destruidor de Mundos
O aguardado lançamento da Victoria Aveyard, Destruidor de Mundos, finalmente chegou. Lançado aqui pela Editora Seguinte - que enviou esse exemplar em cortesia -, é o primeiro capítulo de uma série de alta fantasia com um universo fascinante e personagens mais ainda.
Em Todala, uma ameaça surge de repente. Um grupo de cavaleiros acompanha uma expedição para impedir que um homem misterioso e um feiticeiro abram um portal para um mundo terrível; mas, claro, a expedição dá errado e todos os heróis fracassam. Os sobreviventes têm uma mensagem para o mundo: algo terrível se aproxima. O fim de tudo que conhecem.
A esperança de Todala reside em figuras inesperadas. Reis e rainhas nada querem fazer para impedir esse horror de devastar seu mundo - que, aqui, eles chamam de esfera - então cabe aos esquecidos tentar lutar com o tempo que resta. A filha de uma pirata é a chave para impedir os vilões de devastar tudo com seu poder milenar; e, ao lado dela, pessoas de moral duvidosa e outras que perderam tudo caminham para a luta.
Um imortal, uma assassina, um escudeiro, uma bruxa e a escolhida são a muralha entre Todala e o mal crescente. Quando os heróis fracassaram, mas a batalha está apenas começando.
Destruidor de Mundos é, sem sombra de dúvidas, tudo que eu precisava em um livro de alta fantasia. Se Dragon Age Inquisition e O Senhor dos Anéis tivessem um filho, seria essa história.
A maneira brilhante e gradual com que a Victoria Aveyard constrói seu universo me deu todas as vibes de RPG que eu mais amo. É uma campanha para salvar o mundo, mas, em vez de termos cavaleiros e figuras reluzentes com suas armaduras e coroas, temos as personagens mais esquecidas do universo.
"- Não me agradeça por fazer o que é certo. Ainda que seja uma estupidez."
Começando pela Corayne, filha de uma famosa pirata, cuja vida se resumia a estudar mapas, a conhecer contrabandistas e subornar guardas em sua cidade portuária. Quando a chance de sair em uma aventura para salvar Todala lhe é oferecida, ela vem com um peso muito grande: não é só uma aventura. Corayne tem ligação direta com tudo que está acontecendo. Seu sangue, seu legado, tudo isso a coloca na linha de frente.
Corayne é a escolhida, com todos os seus percalços e descobertas. A jornada dela foi crescente, com reviravoltas e revelações muito interessantes para a personagem.
Ela é uma garota que sempre sonhou em ver o mundo e, de repente, precisa salvá-lo. Corajosa e igualmente amedrontada, é uma personagem divertida, com personalidade e que sabe se impor nos momentos certos. A gente consegue ver os pontos em que ela se transforma, as cenas em que ela bate o pé e diz "ei, eu tô aqui, eu vou falar, eu mereço atenção por tudo que estou vivendo". E eu a amo por isso!
O imortal é Domachridan, ou Dom, para os íntimos. Ele vivenciou o horror que descarrilhou em toda essa possível guerra e destruição total, e sabe o que está em risco. Ele carrega todas as marcas das perdas inestimáveis que viveu, e é motivado por isso; Dom está em busca de vingança, ainda que, pela sua raça e imortalidade, ele não esteja tão acostumado a esses sentimentos intensos.
"A morte nos evita, mas não nos é estranha."
Nem preciso dizer o quanto amei esse personagem, né? Ele tem um coração de ouro, aquela postura amedrontadora de guerreiro imbatível, e ainda assim é um filhote em relação ao mundo. Ingênuo, não sabe como lidar com os mortais - não sabe como reagir a eles, a princípio. Com o tempo, vai aprendendo, especialmente nas bicadas e discussões com a assassina.
Dom é cativante desde a primeira cena em que aparece, todo misterioso e imponente, até o fim.
A assassina, Sorasa, meu deus QUE MULHER! Ela é mortífera e as cenas não forçam isso; você entende o perigo que ela carrega através das sutilezas, dos olhares, das tiradas que ela solta para cima do grupo. Diferente do resto dos personagens desse esquadrão, Sorasa é morte certa. E eu a amo por isso.
Mesmo conforme a conhecia, eu tinha dúvidas sobre ela. Sobre sua moral cinzenta. Seus interesses nessa viagem são confiáveis, mas, pela natureza da personagem, sempre rola aquela pulga atrás da orelha: será mesmo? Será que eu posso confiar numa assassina?
Sua relação com Corayne e Dom foi a melhor coisa do mundo. Ela e o Dom são os "adultos responsáveis" do grupo; enquanto Dom é ordem e controle, ela é puro caos e violência. Os embates entre os dois me deram a sensação de que estava vendo um ship hate to love nascer e COMO ERA BOM VIVER ISSO! Eles nasceram um para o outro, só não vê quem não quer.
Com a Corayne, a Sorasa agia mais como a irmã mais velha que tenta fingir que não se preocupa, mas se preocupa demais. Afinal de contas, onde Corayne é novidade para tudo que está vivendo, Sorasa está calejada pela vida e pelos horrores dela - então, aos poucos, ela vê a inocência da garota e quer protegê-la a todos os custos.
O escudeiro, Andry, meu deus outro bolinho precioso demais! Ele e Corayne dividem mais ou menos a mesma idade - dezessete anos - e são bons demais para os horrores que encontram em seu caminho. Andry só quer proteger a mãe e fazer valer sua sobrevivência do massacre; ele é leal, honrado, um verdadeiro cavaleiro, ainda que só um escudeiro, realmente.
Eu amo personagens puros e de coração de ouro e, junto com Dom, o Andry representa isso. Mais ainda, porque enquanto o imortal é movido pela vingança, Andry é movido pela justiça. Ele quer reparação, ele quer que as coisas fiquem bem. Ele quer garantir que mais ninguém passe pelo que ele passou.
Ele e Corayne desenvolvem uma amizade muito fofa no decorrer do livro e, cof cof, é óbvio que eu shippei também.
Por fim, entre os principais, temos a bruxa - Valtik - que, honestamente, é puro mistério. Ela me deu muitas vibes de Mestre Yoda em O Império Contra-Ataca, falando tudo com nada e revelando tanto nesses enigmas. Aparece de repente e se torna uma figura importante na jornada dos protagonistas, e é tudo o que eu digo para não estragar as surpresas.
"Os deuses andam onde desejam e fazem o que querem."
Além deles, temos também a rainha Erida, governante do reino de Galland, principal ponto da história. Ela é uma jovem mulher ocupando um trono que muitos desejam, vivendo a pressão de ter que fazer boas escolhas para o seu reino e governo. Seus pontos de vista na história foram sempre interessantes e reveladores, especialmente a respeito da política desse universo e das tramoias que existem junto a ela.
Tem mais gente, é claro, mas os principais são esses. Outros nomes aparecem no decorrer da história e todos são essenciais para tudo que a autora desenvolve; muitos são surpresas, e surpresas muito bem-vindas.
O universo... Cara, que universo fantástico. Literalmente!
Todala é um mundo completo. Você acredita que está ouvindo relatos sobre um lugar onde unicórnios e monstros feitos de cinzas e ossos existem. Você acredita que esse grupo está correndo contra o tempo para salvar o mundo; Victoria Aveyard colocou sua alma na criação desse universo e dá para ver em cada detalhe minucioso que aparece no decorrer da história.
Para enferrujados na fantasia como eu, é um prato cheio. De encher os olhos. Eu babei e me apaixonei por cada canto de Todala, por cada informação nova, desde navios a portos e colinas e florestas, reinos e personagens. Para quem não está tão acostumado a ler o gênero, pode dar uma enroscada no começo - mas te garanto que vale a pena a confusão. Eventualmente, você se familiariza com tudo. E, eventualmente, se apaixona com tudo.
"- Um rei das cinzas ainda é rei!"
O vilão da história é uma incógnita muito bem-vinda. Pouco sabemos sobre Taristan, e funciona muito melhor assim. É gradual o entendimento sobre suas motivações e o que exatamente ele está fazendo, abrindo portais para um mundo terrível. O terror cresce junto com esse mistério, e ajuda a manter a tensão do que está por vir.
Do começo ao fim, eu me senti parte de Todala e daquela aventura impossível. Foi uma fantasia imersiva, extremamente cativante e que vale demais a leitura. Para quem ama o gênero e para quem quer tentar a sorte com ele.
E o final! O final! Ao mesmo tempo em que dá uma parte do fechamento, ela abre alas para uma treta ainda maior e mais terrível e pelo amor de todos os santos eu não tenho EMOCIONAL para esperar o segundo, mas tô prontíssima para quando ele chegar.
A edição da Seguinte está maravilhosa. Tanto a questão da capa e da diagramação quanto a tradução e a revisão. Um livro lindo!
Destruidor de Mundos é fantástico. Você vai viver momentos de tensão e reviravoltas bem típicas da autora, e vai terminar pedindo POR FAVOR, ME DÊ MAIS!
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