Igor.Costa 28/05/2021
Mergulho num mundo sombrio
O livro é extremamente curioso. Optei por senti-lo tal como o público que primeiro teve contato com a obra, ou seja, mergulhando no vocabulário ?nadsat? sem nenhuma intervenção.
Foi curioso, ?divertido?, estranho! De fato a linguagem esquisita nos insere em um ambiente diferente e, causa um desequilíbrio. A violência, que faz parte do universo da história, desde a falta de respeito generalizada até o estupro, inclusive de crianças, passando pelo roubo e linchamentos gratuitos, somados aquela linguagem esquisita, causa repulsa.
A história é assustadora, entretanto posso dizer que a narração do ponto de vista de um adolescente, utilizando a linguagem do grupo, confere certo desconto na violência extrema ali descrita.
O autor apresenta um método de ?cura? pela qual submete o personagem/narrador Alex a uma violência extrema, cuja intenção seria castrar a violência do rapaz. Promovida pelo estado, essa forma não era vista como condenável, ao contrário confere uma legitimação sobre a violência àqueles que estão no poder.
Ainda que não deveras explorado, o cunho político se apresenta na história como crítica ao domínio da força estatal.
Com muita parcimônia, a leitura pode ser apreciado como um passeio por uma mente desviada, com sérias perturbações, que na configuração da época se manifestava em violência desmedida, uma forma de rebeldia clamando por atenção, por afirmação.