Rafaella 20/05/2024
Pequeno (grande) livro. Atemporal e imprescindível.
Cida Bento, psicóloga, ativista preta, fundadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CERTD) e eleita uma das pessoas mais influentes do mundo na promoção da diversidade (pela revista The Economist), escancara ao leitor na escrita de seu livro, os mecanismos e as engrenagens pelas quais a branquitude se (re)afirma na contemporaineidade. As maneiras silenciosas, extremamente sutis, que caracterizam a "cultura branca" em seu lugar "honorável" de poder, um lugar de conforto onde se olha o outro com uma lente que não se olha a si mesmo (isto é, a lente de raça), como bem diz a professora Lia Vainer Schucman, da UFSC. A branquitude se configura por todos os privilégios simbólicos e materiais associados à brancura da pele, já o pacto da branquitude é este pacto narcísico coletivo das pessoas brancas usado como uma narrativa para mascarar o racismo em todas as suas camadas. É uma aliança da supremacia branca que revela em suas raízes a "herança inscrita na subjetividade do coletivo, mas que não é reconhecida publicamente ." (pág. 24).
O "Pacto da Branquitude" é uma leitura essencial para compreender a si mesmo, e. não obstante, os lugares os quais cada um de nós ocupa dentro de sua própria existência, o passado político-histórico-social ao qual, direta ou indiretamente, somos condicionados. Assimilar profundamente as maneiras pelas quais tais tratos tácitos se aderem violentamente nas entranhas da sociedade, para assim, sermos capazes de vislumbrarmos outras perspectivas democráticas e de equidade para abolir tal preito.