Monica 16/08/2022
My Evil Mother é um conto da Margaret Atwood, autora do Conto da Aia, sobre aquilo que mães fazem para proteger os seus filhos dos preconceitos e das adversidades do mundo real. Começando nos anos 50 numa pequena cidade de Toronto, no Canadá, a protagonista, que nunca nos revela o seu nome—ou aliás, nunca revela o nome de ninguém mencionado na história, ficando apenas pelos papéis que essas pessoas assumem na sua vida (mãe, pai, filha, marido)—revela-nos alguns momentos que evidenciam a peculiaridade e excentricidade da sua mãe, que diz ser uma bruxa. Ao mesmo tempo que a protagonista acredita em tudo o que a mãe lhe conta, silenciando-se perante um mundo que a julga constantemente por ter uma mãe excêntrica e não saber onde ou quem é o pai, esta também vai crescendo. Vai para a universidade, começa a trabalhar, casa-se, tem filhos, e a sua relação com a mãe evolui também. À medida que a protagonista percorre os mesmos caminhos que a mãe percorreu antes dela, a sua perspectiva sobre o mundo e sobre tudo aquilo que a mãe lhe contava muda. É um conto acerca de maternidade e sobre a por vezes invisível mudança que passa por nós quando transitamos de uma relação em que somos filhas, para outra em que também somos mães. Achei interessante, com uma boa metáfora que nos coloca a refletir, mas acho que teria funcionado melhor com mais subtileza na apresentação do conteúdo e com mais divagações por por parte da protagonista. Talvez em formato de novela, com mais umas 100 páginas, o conto ter-se-ia tornado um novo favorito, mas com umas meras 32 páginas, ele foi só ok.