Ana Júlia Coelho 26/07/2023Joy mandou uma mensagem misteriosa para os filhos, avisando que ficaria “fora de área”, mas depois não entrou mais em contato. De início, a família levou numa boa, mas depois o silêncio se tornou estranho e a dúvida sobre o bem-estar dela fez com que eles acionassem a polícia. As suspeitas recaíram sobre o marido, Stan, como todo bom caso investigativo com desaparecimento de esposas. O problema é que cada vez mais evidências levam a crer que Stan deu um fim em Joy. O casamento parecia ótimo, com décadas e décadas de duração. Mas não é assim com todo relacionamento visto de fora?
Liane sempre faz uma jogada entre passado e presente que dá gosto de ver, eu adoro esse jeito de conduzir a narrativa. A autora nos leva para conhecer os últimos acontecimentos estranhos que antecederam o desaparecimento de Joy. O que mais merece ser citado é o surgimento de uma jovem na porta do casal, tarde da noite, com um machucado no rosto alegando que foi agredida pelo namorado. O problema é que ela passa uma noite, e depois outra, e depois outra, e não quer ir embora nunca!! Basicamente se tornou a filha perfeita, cozinhando para Joy e Stan. Mas até que ponto essa estranha merece o benefício da dúvida?
Os quatro filhos também têm personalidades peculiares. Cada um deles, a seu modo, tem conflitos com os pais e em suas vidas privadas. Eles não viram ou não quiseram ver os problemas tão evidentes no casamento dos pais? O bom é que toda reunião de família é uma ótima oportunidade para jogar o podre dos outros no ventilador.
A história é simplesmente VICIANTE. O forte da autora raramente é o enredo, e aqui não foi diferente: tem um acontecimento, tem uma investigação e ela narra os reflexos disso na família e nos amigos. Para entender o que desencadeou o fatídico evento, ela nos leva para várias situações do passado que justifiquem todo o desfecho. Mas os personagens... eu amo essas construções. Personagens problemáticos, rancorosos, vingativos, cheios de segredos, podres. Achei o desfecho um pouco fraco, mas ainda assim me surpreendeu, e uma ou outra inconsistência me deixou incomodada (não sei se foi erro de tradução, de digitação ou se ela esqueceu de explicar o que escreveu). Gostei desse plano de fundo de esporte e competitividade e de como os pais criam expectativas em cima dos filhos. Também gostei do jeito que a autora aborda a vida de uma mãe que abriu mão dos sonhos para se dedicar ao marido e aos filhos e como isso raramente é reconhecido.
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