Anderson668 26/05/2024
Amar é morrer? OU morrer é amar? OU ambos?
"O Primeiro a Morrer no Final" é a sequência que supera seu antecessor de maneira significativa. Um dos motivos é que, ao começar a leitura, já estamos familiarizados com a premissa da Central da Morte e o entrelaçamento das vidas humanas. Esse entendimento prévio nos permite mergulhar mais profundamente na narrativa e nos personagens.
A continuação traz uma reflexão intensa sobre a individualidade e a coletividade. Embora cada pessoa viva sua vida de maneira única, nossas existências estão sempre conectadas. Somos seres individuais, mas também parte de um todo maior. Essa dualidade é explorada com maestria na história.
O segundo livro revela as origens de muitos elementos do primeiro, como o aplicativo e as propostas de vivências para aqueles que estão no seu último dia de vida. Essas revelações enriquecem a compreensão do universo criado e dão mais profundidade à trama.
Os personagens principais desta vez são Valentino e Orion, e a história de amor entre eles é tocante e mais envolvente. A conexão entre eles, construída sob a sombra da morte iminente, é mais palpável e emocionante do que no livro anterior.
A leitura de "O Primeiro a Morrer no Final" é uma experiência que instiga muitos questionamentos sobre a vida e a morte. Ele nos faz refletir sobre como a certeza da morte pode fechar ciclos, mas também abrir novas possibilidades. Questionamo-nos se seríamos capazes de amar incondicionalmente se soubéssemos que nossos dias estão contados. Afinal, todos sabemos que vamos morrer, mas raramente vivemos com essa consciência em primeiro plano.
A narrativa nos força a ponderar sobre nossas prioridades e as escolhas que fazemos. Vivemos colocando outras coisas na frente do viver plenamente, do amar, do ser feliz. Ficamos presos em nossas próprias barreiras, ferindo uns aos outros, desejando a solidão mas também ansiando pela conexão com o coletivo.
O livro levanta questões filosóficas profundas: Por que morremos? Por que não vivemos plenamente? Por que há privilégios de vida e morte? O que é justiça no contexto da mortalidade? Essas perguntas sem respostas claras nos levam a uma introspecção sobre o verdadeiro sentido da vida. Será que a vida é sobre amar, compartilhar experiências e viver em comunidade? Amar é morrer? Morrer é amar?
A leitura não é apenas um romance LGBTQIAPN+, mas uma exploração profunda do que significa ser humano diante da mortalidade. A sensação de finitude, presente em cada página, nos desafia a valorizar cada momento e a viver com mais intensidade e propósito. Este livro é uma viagem às profundezas do ser humano, onde a morte se torna uma lente para enxergar a beleza e o valor da vida.