Jenni 25/02/2024
"A raiva faz a gente, às vezes, fazer coisas sem sentido"
"Instinto Materno", uma obra intrincada e envolvente escrita por Barbara Abel, tece uma trama complexa que mergulha nas profundezas da psique humana, explorando os limites da amizade, culpa e amor materno. Ambientada em um bairro tranquilo, a narrativa acompanha os Geniot e os Brunelle, dois casais cujas vidas entrelaçadas são abruptamente abaladas por um trágico acidente envolvendo o filho dos Geniot, Maxime.
À medida que a trama se desenrola, fui levada por um turbilhão de emoções, enquanto os personagens lidam com a dor da perda e a agonia da culpa. A autora habilmente constrói uma atmosfera de tensão crescente, alimentada pela paranoia e pela suspeita mútua que se instala entre os casais. A dor da perda é amplificada pela crescente desconfiança, levando a um ciclo de hostilidade e conflito que ameaça despedaçar os laços que um dia os uniram.
O ponto alto da narrativa reside na profundidade psicológica dos personagens, especialmente de Laetitia, cuja jornada de paranoia e desespero ressoa de forma visceral com o leitor. A sensação de estar à beira do abismo, compartilhada pela protagonista, é transmitida de forma tão vívida que me vi imersa em sua angústia e incerteza.
Embora a reviravolta possa ser antecipada em algum nível, é a maestria da autora na execução da trama que verdadeiramente impressiona. Cada revelação é habilmente dosada, me mantendo ávida por mais, enquanto o desfecho magistralmente amarra todas as pontas soltas de forma satisfatória.
"Instinto Materno" não é apenas uma história de suspense; é uma reflexão sobre os limites da confiança, o peso da culpa e o poder avassalador do instinto materno.