Clara T 21/07/2022Infância perdidaEsperava uma leitura lenta e pesada. Mas apesar de todos os sofrimentos infringidos em Natasha por seu sequestrador, não é tão pesado como imaginava e nem foi tão demorado para ler.
É um livro de não ficção, a autora foi sequestrada aos 10 anos e conseguiu fugir 8 anos depois. Foi o mais longo sequestro que se tem notícia. Quando conseguiu escapar todos já a haviam dado como morta.
Natasha conta de suas lembranças de infância, a separação dos pais, a convivência com a avó e as irmãs mais velhas, as viagens para a Hungria e a convivência na escola.
Natasha conta como passou o dia que foi sequestrada e como ela encarou aquele momento tão crítico da vida dela.
Depois disso, os momentos no cativeiro foram menos cronológicos. Em alguns momentos ela usou datas, em outros fez referência a sua idade, mas na maior parte do tempo era difícil organizar os fatos em sequência. 3096 dias foi a quantidade de dias que esteve presa ao sequestrador.
Quando conseguiu fugir, Natasha se considerava uma mulher adulta e tinha se preparado intensamente para passar por isso. Mas nem tudo ocorreu como ela imaginou. Como tinha apenas 10 anos quando foi sequestrada, boa parte do que ela aprendeu, sua forma de pensar e seus desejos foram influenciados pelo único adulto presente que ela tinha em sua vida: o sequestrador. Ela reclama muito das vezes que olharam para ela e diziam: síndrome de Estocolmo. Porque o sequestrador era a única pessoa com quem ela convivia. E assim como a maioria das pessoas, ele não era mau o tempo todo então julgavam por ela reconhecer seu lado bom.
Não sei o quanto Natasha ainda convive com a mídia ou se foi esquecida, trocou de nome e se recusa a tocar no assunto. Foi uma história real sobre um acontecimento que parece ficção. Mas prefiro ler casos reais do que ficção, porque nos faz pensar que coisas assim acontecem.
Para quem gosta de drama, com um pouco de sofrimento, considerem ler um pouco de realidade. E tomem mais cuidado com as crianças sob os seus cuidados.