daniel_ 27/06/2020
Incrível
Um dos livros mais comentados recentemente, que teve muito reconhecimento após a divulgação do professor Olavo de Carvalho, A Vida Intelectual é um livro de aconselhamento pessoal e métodos de estudo baseado nos pensamentos de São Tomás de Aquino. O objetivo do livro é mostrar como toda e qualquer pessoa pode levar uma vida intelectual. É um livro prático, pois nos apresenta regras para estudar e trabalhar, e debate questões a respeito do que é certo e errado na conduta de um indivíduo.
O livro inicia debatendo sobre vocação, e o autor o define como fazer do trabalho intelectual sua própria vida, em busca de inovação, servir à verdade, fazer por gostar sem ambição, de forma insistente, como se roga pela luz de Deus pela alma, para engrandecer o espírito. O espírito rege tudo. É fato que todos temos vocação para algo, e o espírito dirige essa vocação, de forma profunda.
O que caracteriza essa profundidade é a fidelidade à verdade, sem paixão e sem frenesi, porque a profundidade não combina com o excesso. Ser um servo da verdade é saber que a verdade desvela-se aos poucos; aqueles que a retiram da sombra não podem exigir uma auréola. Só porque você descobriu algo verdadeiro, não significa que você já é um santo, seria muita pretensão achar isso. Sirva à verdade, e isto basta, sem ambição.
Aqui cabe dizer um pouco sobre humildade. Um intelectual sempre estará em contato com os gênios. Como não ter contato com Homero, Shakespeare e Dante se você for um escritor? Ou Aristóteles, Platão, Sócrates e Aquino se você for um filósofo? Ou Arquimedes, Lavoisier e Pasteur se você for um cientista? Você deve não só reverenciá-los, mas estudá-los também, afinal, eles estão na base de quase tudo. Além do mais, um intelectual deve saber empreender tudo de acordo com suas forças. Isso inclui só dizer aquilo que se sabe, não forçar-se a pensar o que não se pensa, a compreender o que não se compreende e evitar o perigo de iludir a substância das coisas cuja ausência se disfarça com palavras aparatosas. O orgulho é inimigo do espírito e da consciência. O presunçoso sucumbe com sua obra, ridiculariza-se e aniquila a própria força.
Como dito anteriormente, profundidade não combina com o excesso. Ser simples é também um dos atributos de um intelectual. Ler pouco, apenas o necessário, aquilo que se relaciona com o que determina como objetivo, apenas aquilo que pretende reter o que deve servir. Jamais ler quando puder se recolher também é importantíssimo. Tenha um tempo do dia só para leituras. Além da leitura, é importante reter pouco também. Servimo-nos de nossa memória para viver. Gravar apenas o que lhe será útil para ajudá-lo a executar as tarefas, que pode ser assimilado em sua alma, corresponder aos objetivos. Deve-se reter o básico de cada especialidade, a base do seu trabalho. O resto, entregue ao esquecimento. Por fim, anotar pouco é essencial. Notas são memórias de papel. Nosso cérebro não consegue reter muitas informações (por isso reter pouco), por isso, aquelas informações que você poderá usar no futuro podem ser gravados em papel (ou em um computador, nos dias de hoje). Deve-se anotar também apenas o essencial, aquilo que será útil. As anotações podem ser em fichas, cadernos, ou até mesmo em resenhas, como esta aqui. Memorize o que quer guardar, mas mantenha uma ordem. Santo Tomás propõe quatro regras simples: Ordenar o que se quer reter; Aplicar-lhe profundamente o espírito; Meditar nisso frequentemente; Quando se quiser recordá-lo, tomar a cadeia das dependências por sua extremidade, o que trará todo o resto. Resumindo, simplicidade é fazer as coisas inteligentemente, sem forçar a barra, de forma organizada.
Ao intelectual, cabe também ser constante nas atividades, paciente, para resistir às dificuldades e perseverante, para não desandar. Mas o intelectual deve saber também que há vida fora dos seus trabalhos e estudos. Quem pensa só em trabalho, trabalha mal; diminui-se; adquire um feitio profissional que se transformará numa tara. O espírito deve permanecer aberto, manter contato com a humanidade e com o mundo. O intelectual deve ser intelectual em tudo, nos estudos, nos trabalhos e na vida.
O livro termina com o autor se despedindo com uma última mensagem, dada por São Tomás de Aquino: “Se seguires este caminho, produzirás fruto úteis e alcançarás o que desejas”.