Leonardo326 16/06/2023
Uma pergunta pode ser mais explosiva do que mil respostas
Fazia tempo desde a primeira vez que li ?O mundo de Sofia?. Confesso que pouco me lembrava dos ensinamentos filosóficos, em si, deixados nesse passeio pela História.
Aliás, não me lembro nem se esta
é minha segunda ou terceira vez que leio esta obra. Todavia, eu não havia me esquecido de um dos pontos mais altos da saga da jovem Sofia Amundsen, do que acontece após o seu aniversário de 15 anos no jardim de sua casa.
O livro perpassa por toda a filosofia ocidental de maneira didática, sem se aprofundar muito. A escrita do autor, Jostein Gaarder, é fluida e a maneira como constrói o seu pensamento ao desenvolver a narrativa, concatenada, o que torna essa extensa e desafiante leitura digerível.
Funciona o livro como uma espécie de aula informal de filosofia, na qual, aos poucos, lições são ministradas das mais variadas formas entre o professor Alberto e sua aluna, Sofia. Considero estes personagens, a despeito do major e de Hilde, os principais, pois carregam a história quase que em sua totalidade ?nas costas?, com diálogos infindáveis sobre a disciplina em questão.
O que chama atenção no desenrolar dos capítulos é que somos instigados algumas vezes a nos colocar na posição de aprendizes, tendo que enfrentar alguns questionamentos existenciais, tal qual ocorre com Sofia. Em outras vezes o autor quer nos motivar a entender a ideia por trás de determinado filósofo, bem como o choque entre uma e outra ideia, e assim, nos fazendo acompanhar a ?evolução? da filosofia, ou, melhor dizendo, sua trajetória no tempo.
Mesmo com um longo enredo, repleto de conteúdo complexo para ser apreendido e assimilado, parece a mim, que, o que o autor busca de verdade com ?O mundo de Sofia?, no final das contas, é que sempre façamos perguntas incessantemente, como costuma fazer uma criança que ainda está em plena descoberta de um mundo onde tudo é novidade, e assim tenhamos uma postura filosófica. Neste sentido, um trecho em que Alberto coloca a questão: ?Agora tens que te decidir, Sofia: és uma criança que ainda não se habituou ao mundo? Ou és uma filósofa que pode jurar q isso nunca lhe acontecerá??