Marcela.Freitas 26/05/2023
Foram necessários 18 anos para que eu conseguisse concluir este livro.
(uma carta para tia Nanci)
OOiii, tia!! Como você está? Como estão todos por aí?
Lembra-se de "O Mundo de Sofia", que meu tio me deu de Natal lá em 2005?
Só agora, 18 anos mais tarde, consegui finalizá-lo.
Por vezes, abri, comecei a ler, e logo em seguida deixava de lado por achar meio chato (hoje, entendo que não estava pronta para lê-lo hehe).
Desta vez, cada frase que percorria, deixei-me imergir neste mundo novo e filosófico que me encantou demais e demais. Gostei tanto, que estou me sentindo meio órfã. Ainda não tive coragem de começar outra leitura, pois não quero me desapegar da história de Sofia e Hilde.
Enquanto lia, senti uma saudade tãaaaaao grande do meu tio, sabe? Uma saudade da prosa que eu não tive com ele, por não ter conseguido finalizar o livro antes dele partir; uma saudade, que se mistura com a vontade de tê-lo por perto agora pra poder discutir, mostrar a minha visão e agradecê-lo pelo presente maravilhoso!
Eu me senti muito especial, sabe?! Sempre que vocês vinham nos visitar nos Natais, Artur, Mauricio Filho e eu ficávamos ansiosos, pois sabíamos que vinha presente bom (hehe). Àquela época, quando ganhei o livro, confesso que foi uma decepção kkk Afinal, eu queria minha maquiagem da Sandy (risos). Lembro-me bem do que você comentou, meio de lado, com minha mãe: "Ainda bem que nós compramos a maquiagem também. O Ricardo queria trazer só o livro.".
E, sabe, quando digo que me senti especial ao finalizar a leitura, é porque pela primeira vez eu me vi através dos olhos do meu tio, que enxergou em mim uma potencial leitora e uma pessoa capaz, inteligente. E, juro, você não sabe como essa constatação me fez bem.
Antes de eu mesma me conhecer, ele já me enxergava. E talvez ele nunca tenha sabido: mas foi por causa dele que me tornei jornalista. Sempre o achei tão inteligente, tão acima daquela vida jaraguense... muitas vezes era até difícil de imaginar, que daquela casa simples, de uma infância cheia de violência e necessidades, ele floresceu.
Hoje, abri o Facebook e vi sua postagem do dia 22 de saudade. Com ela, me veio a vontade de lhe escrever, para que você possa saber o quanto, mesmo depois de sua partida, ele me tocou.
Com amor,
Marcelinha