Noite de Reis

Noite de Reis William Shakespeare




Resenhas - Noite de Reis


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JJ 09/11/2010

A importância da primeira imagem ou fala numa obra é uma das primeiras lições de qualquer teórico da arte. No caso de Noite de Reis, quando o Duque entra em cena e diz “Se a música é o alimento do amor, não parem de tocar. Dêem-me música em excesso; tanto que, depois de saciar, mate de náusea o apetite”, a motivação dos personagens centrais resta mais que clara.

Todavia, por ser um período incomum aquele em que se passa a história (Dia de Reis era um momento de festa movida a brincadeiras entre os comuns), tal peça de Shakespeare revela-se mais leve, com espaço para grandes tiradas, sempre da maneira brilhante do autor inglês. Um exemplo está numa fala de Olívia para Malvólio, o mais próximo de um antagonista da trama. Ela diz: “Para ser generoso, livre de culpa e magnânimo, é preciso encarar como flechas de pegar passarinho o que você pensa serem balas de canhão” (pg. 30 da edição lida), em uma das minhas falas preferidas.

Talvez seja o fato de ser essa uma peça de Shakespeare ao qual o leitor espera menos do que o habitual. Só que o contraponto entre o beberrão Sir Toby (exemplo maior de festeiro) e o sisudo Malvólio (de uma retidão que não lhe permite sorrir), é mais que fascinante. O dom que Shakespeare tinha de tirar grandes histórias de personagens a princípio secundários (há um quarteto amoroso na peça e não envolve nenhum dos dois aqui citados), enriquece demais a obra.

A leitura casada de Júlio César e Noite de Reis coincide com dois clássicos do cinema assistidos por mim dias antes: Aurora e O Encouraçado Potemkin. Creio ser uma comparação pobre, mas no universo das obras do dramaturgo inglês, Júlio César está para o longa de Eisenstein assim como Noite de Reis está para a obra-prima de Murnau (ver resenha de Júlio César).

No caso de Noite de Reis, o que o aproxima de Aurora é que o discurso lírico de um gênio na sua arte (seja Shakespeare ou Murnau) é utilizado como complemento de uma trama cheia de cores, camadas, que diverte sem cansar. Ou seja, daquelas histórias que podemos classificar como completas. Mais uma vez baseada em um grande mal entendido, como dito na resenha de Aululária.

São em detalhes assim que reside a mágica de um texto shakespeariano e é difícil imaginar que ele tenha sido tão bom quanto em Noite de Reis. Recheada com uma poesia arrebatadora que delicia o leitor mesmo quando o Duque insiste em teorias sobre amor não correspondido. Teorias estas que hoje soam machistas ao extremo. Por fim, há que se destacar um personagem que passeia pela trama sobre o nome de Feste, um bobo da corte de sabedoria incomum para os de sua classe. Ele é capaz de falas como “O senhor está dizendo, sir. Para ver, os tempos de hoje! Uma frase é de fato uma luva de pelica para uma grande inteligência: como se pode rapidamente virá-la do avesso!” (pg. 73-74).
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Paola 22/07/2010

Não sei porque é um dos livros menos conhecidos de Shakespeare e também não sei porque em nome de Deus Twelfth Night foi traduzido como Noite de Reis, sei toda a história de que fica um nome mais comercial e que faz mais sentido em português, mas isso cria muia confusão.
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