Sô 16/12/2015Você termina a leitura e acha até que foi uma história simples, apesar de MUITO chocante, mas continua digerindo e quanto mais digere mais brilhante vai achando tudo.
É um livro que evoca sentimentos confusos, aborda um tema pesadíssimo (pedofilia), mas você se vê rindo de algo que não deveria estar rindo; se choca o tempo todo com a inocência da menina e mais ainda com tudo o que ela passa. É perverso, com circunstâncias detalhadas ao extremo.
Os acontecimentos são narrados por uma menina de oito anos, e a autora convence tanto na voz dessa menina, que ela te suga para dentro da história e quando se dá conta, já acabou de ler numa sentada só.
A Lori, do título, é a protagonista, que através do agenciamento de seus pais, proporciona serviços sexuais a homens mais velhos. Mas ao contrário do que possa parecer, ela não é a vítima aqui, muito pelo contrário, Lori gosta e se diverte com a situação, principalmente do dinheiro que isso proporciona, e é aí que entra a questão da crítica da autora ao mercado editorial, fazendo um link com a situação do pai de Lori, que apesar de ser um escritor genial, não consegue com que seus trabalhos sejam publicados e sempre ouve de seu editor que o que vende mesmo são livros com muita “bandalheira”. Isso também leva a discussão de quem seria o verdadeiro autor do caderninho rosa da menina. Seria o pai que acabou se rendendo aos conselhos de seu editor?
A própria autora disse que lançou esse livro com o intuito de ser lida e vender livros. O que achei incrível, é que mesmo pendendo para uma narrativa mais pornográfica, há uma crítica presente e das boas.
É o primeiro livro da tetralogia Obscena e é claro que vou correr atrás dos outros três.