Otávio Augusto 10/09/2023Boa leituraQuis conhecer o autor por um livro menor seu, em vez da sua obra máxima "Viva o povo brasileiro".
O livro é narrado em primeira pessoa por uma mulher idosa que nos conta a trajetória de suas aventuras sexuais. Apesar dessa temática aparentar certa vulgaridade, a narrativa extrapola o cunho sexual ao tecer várias críticas ao moralismo ainda vigente em nossa sociedade. Casamento, família, monogamia, homossexualidade, bissexualidade são tratados de maneira muito crítica, sem nenhuma apreensão. A narradora é despida de qualquer pudor e não hesita ao tratar desses temas com muita liberdade, sem se prender a nenhum padrão social; não é um livro para moralistas, fundamentalistas, conservadores ou dogmáticos.
Entretanto, há certos momentos em que a narrativa tenta apenas chocar o leitor de maneira gratuita, principalmente quando a personagem fala sobre zoofilia e incesto. São tentativas gratuitas de chocar o leitor a qualquer custo, cheias de artificialidade e presunção. Também não vejo sentido em uma mulher dizer que "comeu" alguém. Isso me soa mais masculino do que feminino. Parece que o livro foi escrito para, talvez, agradar a homens.
Não amei "A casa dos budas ditosos", mas foi uma leitura agradável e válida, uma boa porta de entrada para a obra do autor. Lerei suas obras maiores.