Poemas

Poemas Wislawa Szymborska




Resenhas - Poemas


127 encontrados | exibindo 61 a 76
1 | 2 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9


Lílian 28/12/2012

DL 2012 - Dezembro
Comecei minha vida de leitora com a poesia. E isso devo aos ótimos professores de língua portuguesa que tive durante o segundo grau. Pode soar um exagero, mas essa relação com a poesia começou na escola, numa aula na qual descobri - e passei a amar- a obra de Ferreira Gullar, um dos meus poetas favoritos. Acontece que, após o segundo grau, meu foco de leitura se deslocou para os livros de história da graduação. Bom, tudo isso pra dizer que eu lia muita poesia ( além do Gullar, Drummond,Pessoa, os árcades mineiros e Gregório, sim, muito barroco na minha estante)e que, com o tempo, perdi esse hábito.A participação no desafio literário, além de possibilitar um planejamento de leitura, colaborou para eu voltasse a ler poesia. E numa tarde vasculhando o acervo da Mário de Andrade, escolhi " Poemas" de Wislawa Szymborska, polonesa, vencedora do Nobel de Literatura. O que me chama a atenção na escrita de Szymborska é a sutileza e simplicidade, algo que considero muito raro e sofisticado. Some-se à isso, uma dose de ironia e você terá uma pequena amostra do universo da autora. Confesso que os poemas de cunho mais explicitamente político não chamam a minha atenção. Dentre todos, sugiro a leitura de " A curta vida de nossos antepassados", meu favorito.É com ele que pretendo, um dia, quem sabe?, iniciar uma aula de história. Vejam que genial e singelo:

Poucos chegavam aos trinta
A velhice era privilégio das pedras e das árvores.
A infância durava tanto quanto a dos lobos.
Tinham de apressar-se, acompanhar a vida
antes de o sol se pôr,
antes de a primeira neve cair.

Progenitoras de treze anos,
Meninos de quatro a andar aos ninhos pelos juncais,
aos vinte, batedores das caçadas,
ainda mal eram gente e logo deixavam de o ser.
Os extremos do infinito rapidamente se tocavam.
As bruxas mastigavam palavras mágicas
ainda com todos os dentes da juventude.
O filho amadurecia aos olhos do pai,
mas era a caveira do avô que via o filho nascer.

De resto, não contavam os anos.
Contavam redes, tachos, tendas e machados.
O tempo, tão generoso com as estrelas do céu,
estendia-lhes uma mão cheia de nada
para logo a retirar como que arrependido.
Mais um passo, mais dois
ao longo do rio refulgente,
que nas trevas nasce e nas trevas se perde.

Não havia um instante a perder,
perguntas adiadas ou revelações tardias,
se não tivessem já sido vividas.
A sabedoria não podia esperar cabelos brancos,
tinha que ver com clareza antes de se fazer luz,
ouvir toda a voz antes de se propagar.

O bem e o mal,
pouco dele sabiam, porém tudo:
quando o mal triunfa, o bem oculta-se;
quando o bem se manifesta, o mal fica à espreita.
Um e outro invencíveis,
inseparáveis de uma vez para sempre.
E por isso, na alegria – a angústia misturada,
no desespero – sempre uma esperança calada.
A vida, mesmo a mais longa, será sempre curta.
Curta demais, para aqui algo acrescentar.


Wislawa Szymborska, “A curta vida dos nossos antepassados”.
comentários(0)comente



Mari 02/10/2020

"O quarto do suicida

Vocês devem achar que o quarto estava vazio.
Pois havia ali três cadeiras de encosto firme.
Uma boa lâmpada contra a escuridão.
Uma mesinha, e sobre a mesinha uma carteira, jornais.
Um Buda alegre, um Jesus aflito.
Sete elefantes para dar sorte, e na gaveta um caderninho.
Vocês acham que nele não estavam nossos endereços?

Acham que faltavam livros, quadros ou discos?
Pois lá estava o trompete consolador nas mãos negras.
Saskia com uma flor cordial.
Alegria, centelha divina.
Na estante Ulisses num sono reparador depois dos esforços do Canto
Cinco.
Os moralistas,
seus nomes inscritos em letras douradas nas lindas lombadas de couro.
Ao lado, também os políticos perfilados.

Não parecia que o quarto fosse
sem saída, pelo menos pela porta,
nem sem vista, pelo menos pela janela.
Os óculos para longe largados no parapeito.
Uma mosca zunindo, ou seja, ainda viva.

Devem achar que ao menos a carta explicasse algo.
E se eu lhes disser que não havia carta ? éramos tantos os amigos e
coubemos todos no envelope vazio apoiado no lado do corpo."
comentários(0)comente



Bia 14/12/2020

Diferente de tudo que já li! Gostei muito, poesia é vidaaaa
comentários(0)comente



Edna 21/12/2020

Fantásticos
?POEMAS ? WISLAWA SZYMBORSKA?

As reflexões filosóficas com a influência das ciências naturais, com a enorme preocupacão sobre temas como a guerra, torturas, terrorismo além de reflexões bíblicas estão presentes em seus poemas e suas meditaçoes sobre a condição humana sobre olhares inovadores e questionadores destabiliza o convencional, desde a religião à história única dos regimes autoritários falando  do contexto polonês sob o domínio nazista e depois comunista.

Reflexões que só foram possíveis expressar livremente após a queda do muro de Berlim.

Alguns críticos chamaram-na de ecistencialista ao que ela respondeu: "O rótulo é lisongeiro, mas falso. Não cultivo nenhuma filosofia, só uma modesta poesia.
Me desculpem se invadir os Comentários mas é intensa demais pra dividí-la:


SOB UMA ESTRELA PEQUENINA

Me desculpe o acaso por chamá-lo necessidade.

Me desculpe a necessidade se ainda assim me engano.

Que a felicidade não se ofenda por tomá-la como minha.

Que os mortos me perdoem por luzirem fracamente na memória.

Me desculpe o tempo pelo tanto de mundo ignorado por segundo.

Me desculpe o amor antigo por sentir o novo como primeiro.

Me perdoem, guerras distantes, por trazer flores para casa.

Me perdoem, feridas abertas, por espetar o dedo.

Me desculpem os que clamam das profundezas pelo disco dos minuetos.

Me desculpe a gente nas estações pelo sono das cinco da manhã.

Sinto muito, esperança açulada, se às vezes me rio.

Sinto muito, desertos, se não lhes devo uma colher de água.

E você, falcão, há anos o mesmo, na mesma gaiola,

fitando sem movimento sempre o mesmo ponto,

me absolva, mesmo se você for um pássaro empalhado.

Me desculpe a árvore cortada pelas quatro pernas da mesa.

Me desculpem as grandes perguntas pelas respostas pequenas.

Verdade, não me dê excessiva atenção.

Seriedade, me mostre magnanimidade.

Ature, segredos do ser, se eu puxo os fios das suas vestes.

Não me acuse, alma, por tê-la raramente.

Me desculpe tudo, por não poder estar em toda parte.

Me desculpem todos, por não saber ser cada um e cada uma.

Sei que, enquanto viver, nada me justifica

já que barro o caminho para mim mesma.

Não me julgue má, fala, por tomar emprestado palavras patéticas,

e depois me esforçar para fazê-las parecer leves.

#Bagagemliteraria
#Poemas
#SlawwaSzimborska
#Bookstagram
comentários(0)comente



Adriano.Santos 25/12/2020

Alguns gostam de poesia
"Alguns -
Ou seja nem todos.
Nem mesmo a maioria de todos, mas a minoria.
Sem contar a escola onde é obrigatório e os próprios poetas seriam talvez uns dois em mil."
comentários(0)comente



giovanna 03/01/2021

Esse livro é incrível, conheci Wislawa Szymborska ano passado e já me apaixonei de cara ao ouvir ?vida na hora? lendo o livro pude mergulhar ainda mais em suas palavras simples, mas de conteúdo transformador. Indico muito!!
comentários(0)comente



Giovana 03/02/2021

Gostei muito.

Não conhecia a autora e achei incrível ter contato com sua arte. Não havia lido nenhum livro polonês antes.

Ótima experiência, maravilhosos poemas!
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Isa 28/02/2021

"Somos filhos da época
e a época é política.

Todas as tuas, nossas, vossas coisas
diurnas e noturnas,
são coisas políticas."

Diversos trechos desse livro me lembraram sobre nosso atual cenário político, não só nacional, mas mundial. A época nunca deixou de ser política e nunca deixará de ser.
comentários(0)comente



Bárbara 04/03/2021

Gostei
Apesar de não gostar tanto de poemas. Gostei bastante da escrita da escritora.
O livro foi uma indicação do clube do livro e por isso foi lido por mim, só, com certeza esse livro não estaria na estante.
comentários(0)comente



Guilherme.Oliveira 19/03/2021

Não conhecia a poetisa e se surpreendi com a maneira da escrita dela.
Temáticas diversas e variadas, modo simples de tocar, nos tocar, e chegar aos pontos que almeja.

Destaco os poemas "Vietnã" e "Impressões do teatro".
comentários(0)comente



regifreitas 24/03/2021

POEMAS (2011), de Wislawa Szymborska; seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien.

Vencedora do Nobel em 1996, segundo a Academia por “uma poesia que, com precisão irônica, permite que o contexto histórico e biológico se manifeste em fragmentos da realidade humana”, a polonesa Wislawa Szymborska possui poucas obras traduzidas para a língua portuguesa. São ao todo quatro títulos: três publicados pela Companhia das Letras, e um pela Âyiné; esta última também publicou a biografia da autora, em 2020.

Nesta coletânea temos ao todo 40 poemas, discorrendo sobre os mais variados temas, publicados ao longo da vida da autora. O livro não deixa de servir como uma espécie de introdução ao trabalho da polonesa. O que fascina nos poemas de Szymborska é a reflexão filosófica aliada a um texto muito simples, quase coloquial. Alguns desses textos são marcados por uma ironia sutil, além de observações aguçadas sobre fatos cotidianos.

Meus poemas preferidos acabaram sendo uns que eu já conhecia, como: “As três palavras mais estranhas”, “Amor à primeira vista” e “Excesso”, descobertos através de publicações avulsas em jornais e revistas. Mas também houveram algumas boas novidades: “A curta vida dos nossos antepassados”, “Álbum” e “Primeira foto de Hitler”, por exemplo.
comentários(0)comente



Sophia Estrela 25/03/2021

dando 2 estrelas pra um livro que fui ver e tava todo mundo dando 5. Talvez eu me sinta pressionada? Quem sabe. Talvez me falte senso lírico? Pode ser também. Se eu achei que faltou algo no livro? Totalmente.
comentários(0)comente



Khadja 29/03/2021

A minha vida está nos meus versos
Wislawa Zymborska é, para mim, uma poesia em si mesma. Ela escreve sobre guerras e primeiros amores, acasos e caminhos, felicidades e desencontros, e é simplesmente encantador sentir o peso de suas palavras no mundo ao redor. Poemas é, com toda a certeza, uma antologia que vale a pena ser lida!!
comentários(0)comente



127 encontrados | exibindo 61 a 76
1 | 2 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR