Wagner 04/05/2012
Steve Jobs (Além de um livro da Biografia, uma obra de arte de Sofisticação Moderna)
Antes de iniciar ao discurso à respeito do tema sugerido, gostaria de esclarecer que este post não se trata de uma propaganda acerca dos meios em discussão. Trata-se apenas de uma conclusão subjetiva sobre a ótica de visão empreendedora, cuja receita está fundada no modernismo, minimalismo, design sofisticado e intuitividade.
Sim, esta resenha fala um pouco sobre as impressões após a leitura da biografia de Steve Jobs, escrito por Walter Isaacson, cujo conteúdo é sobre a vida de Steve Jobs, mas além disso retrata fatos históricos importantes no campo do desenvolvimento tecnológico.
E por falar em desenvolvimento tecnológico, a primeira impressão que tive ao ler essa obra é que desenvolvimento tecnológico nem sempre está ligado ou condicionado com usabilidade e facilidade de trato. Pode-se conceber um produto extremamente sofisticado, porém se não existir a "conexão" máquina e homem, esse desenvolvimento se tornará obstruído pela falta de compreensão de uso, e as pessoas que fazem o sucesso ou o declínio de uma nova tecnologia ou produto, com certeza optarão pela segunda alternativa.
Esse aspecto de convergência de "uso fácil" com desenvolvimento tecnológico é um desafio que encanta e espanta ao mesmo tempo. Isso porque pessoas ligadas à tecnologia geralmente caem na armadilha de não explorar o campo pessoal e cognitivo das pessoas, pois estão mais preocupados com as evoluções de algoritmos, da nanotecnologia e da ciência tecnológica, do que o trato humano em suma.
Neste aspecto, Jobs foi um maestro em buscar essa sintonia, onde seu príncipio fundamental era a experiência final do usuário, sofisticação e desenvolvimento tecnológico integrados de tal forma que o utilizado fosse feito intuitivamente, ou seja, pelo instinto natural que cada um possui, apesar de ser um produto de tecnologia que geralmente está ligado às complexas sessões de orientações, treinamentos, etc.
Essa tarefa foi alcançada?! O mais cético poderá se deter dessa pergunta, e a resposta pode ser encontrada em uma criança de 4 anos, que simplesmente detém em suas mãos um Iphone, desliza o slider para liberar o menu, e começa com os dedos a experimentar os programas direcionados para sua faixa etária, sem sequer saber ler ou escrever ainda. Tudo é uma questão de toque, visão e audição.
O que Jobs instituiu com o Iphone ao decidi-lo que não usaria nenhum instrumento para operá-lo, e sim os dedos, intuitivamente adentrou no campo de estudos da neurociência, onde Charles Bell instui a conexão da mão com o cérebro em um campo de acesso privilegiado ao pensamento, ou seja, as mãos são inteligentes e aprendemos com elas.
Assim, o ser humano aprende com as mãos, foi assim nosso desenvolvimento intelectual ao longo dos milênios. Essa intuição fantástica está presente na concepção do Iphone, e foi a visão de Jobs que a trouxe em questão. Agora, por trás desse desejo e para alcançá-lo foi necessário pesquisa, desenvolvimento, investimento. Levou Jobs a superar a visão comum de que não era possível e realizar algo extraordinário.
Então é fácil chegar a esse resultado?!. O mesmo cético pode fazer essa pergunta, e a resposta possível seria: Lembra aquela menina de 4 anos operando um Iphone intuitivamente?, então, coloque-a para operar um caixa eletrônico para realizar um simples saque, e você terá o resultado.
Ah, mas é um absurdo essa comparação! Sim, pode ser, se comparado na perspectiva de uma criança de 4 anos, mas para vermos ao todo é necessário enxergar além das partes, algumas pessoas operando caixas eletrônicos podem ser comparados à uma criança de 4 anos diante de uma matemática complicada, porque o sistema de banco não foi feito para as pessoas, foram feitos para o modelo que o banco entende ser o melhor. Todos podem ter uma certa dificuldade por esse ângulo de visão, e assim, as filas em caixas, os erros com operação, os custos com atendentes compensam essa falta de visão de conexão dos mundos.
Para isso, a fusão de outras áreas de desenvolvimento humano estavam impregnadas nos conceitos futuristas de Jobs. Utilizar-se do minimalismo e de Ludwig Mies acerca do Bauhaus onde o "menos é mais" nos campos do design e a modernidade, entender a intuitividade e a conexão que deveriam existir entre a máquina e o homem, e o inconformismo levando a rastrear os campos e as lacunas que outros deixaram passar por não compreenderem esse significado, e atuar neste ponto para melhorar o que era possível ser melhorado.
Ater-se ao que existe apenas no hoje não levá ao equilíbrio de melhorar algo. É necessário ir além. Essa visão de olhar crítico a um produto fazia com que Jobs fosse inconformista, e ele criará uma concepção de que a excelência nunca é alcançada, um produto sempre irá superar outro, e assim sucessivamente. Foi assim desde o primeiro Macintosh, foi assim com o Iphone, Ipad, Ipod, entre outros.
Jobs tinha o poder de tranformar tudo em ouro na visão do usuário. Essa é uma arte que tive a simples pretensão de chamá-la de sofisticação moderna, que é a junção de equilibrar complexidade tecnológica com a simplicidade do uso intuitivo.
A forma de ouvir músicas desde o walkman fora melhorada, o comércio fonoaudiográfico, os filmes de animação com a Pixar, os celulares, os computadores. Se atermos a esses produtos, eles já existiam antes e o desenvolvimento tecnológico de cada um não resultou na sofisticação moderna, que foi intuitivamente melhorada por Steve Jobs.Essa sofisticação trouxe além de novos produtos, novos concepções e uma revolução nas áreas que foram concebidas.
Concluindo:
Minha conclusão pessoal, é que além de ter uma certa relutância sobre algumas caracteristicas pessoais que faziam parte da personalidade de Steve Jobs( não sendo esse o ponto em questão deste artigo), a leitura da obra levará a uma conclusão clara, Steve veio para cumprir uma tarefa que nenhuma outra pessoa talvez no início dos desenvolvimentos no vale do silício poderia fazer.
Não trata-se apenas de uma leitura sobre tecnologia, de quem copiou quem, de como a arrogância e o trato com as pessoas as vezes levavam a uma impressão ruim à Steve Jobs. Trata-se de uma evolução única, pouco vista nos campos das ciências exatas, na verdade, uma junção de exatas e humanas, de tecnologia com manual, de máquina e homem ou da intuitividade dentro das máquinas, um paradoxo proporcionalmente declarado antes de Steve Jobs, mas que teve seu formato alterado depois dele.
Intuição vem do latim intueri e para muitos filósofos intuição é um entendimento imediato de algo sem apoio de uma dedução ou da razão. Para o psicólogo Carl Gustav Jung a intuição é a capacidade inconsciente de perceber possibilidades. O entendimento da visão global, mesmo estando voltado para a situação local, isso Jobs tinha exacerbado.
Essa revolução foi tratada no campo tecnológico, mas certamente seu campo de atuação em demais áreas do conhecimento poderá evoluir.
Nos campos da gestão e humanas por exemplo, nos processos de automação dos processos, no atendimento, nas estruturas empresariais, toda essa visão construída no modelo de Jobs tem aplicação. O "pensar diferente" e a arte da sofisticação moderna são realidades inalteráveis depois de Steve Jobs.
O principal desafio é entender o cerne dessa concepção, traçar uma metodologia que nivele o conhecimento, aplicar e ampliar esse modelo de forma organizada, porém com visão integrada ao resultado: sofisticar sem complicar por mais desenvolvido que possa ser.
Fontes:
Carl Gustav disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_Gustav_Jung
Ludwing Mies disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ludwig_Mies_van_der_Rohe
Gestalt disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gestalt
Intuição disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Intui%C3%A7%C3%A3o
Neurociência disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Charles_Bell
Minimalismo disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Minimalismo
Jobs, Steve. Walter Isaacson. 2011, ed Schwarcz
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