spoiler visualizarFran Piva 07/03/2021
Leiam essa obra prima brasileira!
Nessa genial prosa lírica e épica sobre a história de Riobaldo, um jagunço do sertão de minas, João Guimarães leva ao extremo a forma única falada naquela região como palavra escrita. Por meio de um quase monólogo, Riobaldo conta a sua história como jagunço, suas cismas, seus dilemas, sua travessia, seu amor pelo seu fiel companheiro de jagunçagem, Diadorim, que o "ensinou a ver as belezas sem donos" do sertão!
Riobaldo não era uma pessoa que tinha certezas sobre o mundo, porque para ele "o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõem para a gente é no meio da travessia". Por isso é que " vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas (297)" Para ele, a vida é assim, não é uma linha tênue, é contradição, é bem e o mal misturado, é o ódio/e amor, é dúvida, é movimento.. "Todos estão loucos neste mundo? Porque a cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que estão para haver são demais de muitas, muito maiores diferentes, e agente tem de necessitar de aumentar a cabeça, para o total.(225)"
Riobaldo embora não admita, vive uma culpa. De alguma forma ele acredita que seu pacto/não pacto com o demônio, sua busca pela vingança (uma busca cheia de dúvidas) tenha levado a morte de seu amado. Por outro lado, Diadorim sim é obstinado pela vingança, que passar a ser o objetivo de sua vida e o motivo de sua morte. mas para Riobaldo, o diabo não existe, o que existe é homem humano!
Misteriosa mesmo é a história de Diadorim!