ELeE 21/01/2017
Simplesmente perfeito!
A verdade é que nem sei por onde começar essa resenha… Almanova foi um dos poucos livros que me emocionou desde de o começo, literalmente das primeiras páginas – em geral acabamos nos emocionando ao decorrer da história e ao conhecer um pouco mais das personagens, no entanto, aqui aconteceu desde o começo.
É muito fácil entender todas as questões que permeiam a mente de Ana, pois perto dos outros, ela é literalmente nova, em seus primeiros anos de vida como uma “Almanova” enquanto àqueles ao seu redor tem milênios de existência.
Isso é o que nos cerca durante a história, não era para ter acontecido, mas Ana nasceu e ela quer respostas. Enquanto existem aqueles que não a querem por perto, há aqueles que a querem tão perto quanto possível.
Durante toda a sua existência, até o momento em que vai embora da casa, Ana foi tratada como uma qualquer e sem importância – foi o único mundo que ela conheceu – e ao encontrar com Sam, esse mundo se mostra apenas como uma faceta da sua mãe, como uma espécie de punição por ter nascido e afastado o amante – aqui temos o termo de maneira literal, no seu mais puro sentido.
Ana começa a entender que existem outras coisas na vida, que nem tudo é a rejeição e a amargura. E, aos poucos, ela começa a desabrochar em seu próprio mundo, como uma borboleta que sai do casulo.
Em meio a toda essa comoção e turbilhão de sentimentos que despertam dentro dela, temos a trama a cerca dos motivos pelo qual Ana nasceu e como isso afeta a comunidade de Heart, que a vê como uma ameaça e prelúdio do que está por vir… eles tem medo do que o nascimento de Ana possa significar.
A sociedade construída por Jodi é algo muito marcante e de caráter pensativo. Primeiro se mostram como uma sociedade onde cada um tem sua função para o bom andamento e desenvolvimento, porém, se mostram como pessoas estagnadas e com medo daquilo que não é conhecido.
Ao mesmo tempo em que isso se torna opressor e degradante, Jodi conseguiu mostrar isso com uma sutileza sem igual, mostrando pelos pensamentos e ideias da Ana – o livro é narrado em primeira pessoa – que questionamentos demais podem causar desconforto naqueles que não querem assumir que as coisas podem ser diferente do que acreditavam.
Heart se tornou uma sociedade estagnada e temerosa. Estão acostumados com a maneira que todos irão agir ou pensar e isso os deixou confortáveis demais, ao ponto de temerem tanto a chegada de uma “Almanova” e julgarem-na como um erro.
Outra coisa muito marcante no livro é a sensação que temos sobre o ambiente, uma mistura mais moderna (tecnologicamente falando) que se mescla a atmosferas um tanto medievais, quando as cenas se passam fora de Heart.
Em todo momento somos lembrado que todos tem mais experiência que Ana, por serem milênios mais velhos que ela. E é aqui que temos a questão da reencarnação, porém de um ponto de vista diferente, onde as almas se lembram de suas vidas passadas e das pessoas e é isso que causa toda a comoção por Ana ter nascido.
Quanto as personagens, Jodi soube dar intensidade e suavidade às personagens certas. Ana é passional – como ela mesma diz – enquanto que Sam é mais hesitante, porém isso apenas o acentua na história toda e entendemos que é parte da personalidade dele – nessa ou em outras vidas. A mãe de Ana só não se torna tão pior na história porquê a ignorância do Concelho ganha. Ela é cruel e judiou de Ana a vida toda, como castigo por ter nascido.
E o Concelho – em especial certa pessoa – se torna pior devido a algumas ações tomadas num momento crítico. É onde vemos o quão cega é a sociedade de Heart, fechada a mesmice e conformada que as coisas são “assim” e não devem mudar.
A trama é lindamente excepcional! É sim, de maneira muito positiva e mesmo com um clichê aqui ou ali e questão já muito abordadas em outros livros, uma história original.
Quanto a edição, nota 9.5 para a Editora Valentina! Gostei que mantiveram a capa original, pois a acho linda demais e tem tanto haver com a história, que apenas lendo para entender.
A única coisa que me incomodou um pouco, foi o papel, pois deixou o livro duro e rígido, no entanto, é mais por um gosto pessoal mesmo.
E em geral, a história não deixa de nos fazer pensar: De onde viemos?
MINHA IMPRESSÃO: Como eu disse, Almanova conseguiu me emocionar desde as primeiras páginas e eu realmente não esperava por isso.
Nos faz pensar e encarar certas coisas de maneira diferente, incluindo como pensamos a respeito de religião, sociedade e medos coletivos – que é o que acontece em Heart. Além de que a trama foi muito bem construída desde o princípio, com as personagens, ambientação entre o novo e velho e criaturas mágicas – sim, existem dragões, sílfides, centauros… – é a magia e a tecnologia andando juntas num mesmo mundo.
Enquanto a história se desenvolvia, é possível entender como a Ana se sente sobre tudo, suas confusões ao tentar entender algumas pessoas e situações, pois como estamos no ponto de vista dela, percebemos apenas o que ela consegue perceber e isso nos deixa com essas mesmas sensações, até que a história é “esclarecida” - um pouco rápido demais, porém não tira a beleza do restante do livro.
Almanova é aquele tipo de livro profundo, mas também ótimo para tirar a cabeça do cotidiano e corriqueiro. A história surpreender pela suavidade e beleza com que é contada e, mesmo que você não queira pensar em todas as questões que o livro aborda, continua sendo aquele tipo de história que marca, simples assim!
E se torna fácil de entender a paixão que Ana por *#@&%!, pois também podemos nos sentir assim, se formos sinceros com nós mesmo e deixar o coração falar mais alto.
É algo que nasce com a gente e acho que independe de qual vida!
site: http://entrelivroseentrelinhas.blogspot.com.br/2016/09/resenha-almanova-jodi-meadows.html