Lina DC 29/07/2015Uma proposta diferente.O local: Principalmente na cidade de Heart e no início, o Chalé da Rosa Lilás.
Os personagens: Li é a progenitora de Ana (chamá-la de mãe seria muita bondade da minha parte). O fato de ter gerado uma "sem alma" é a justificativa dela para maltratar a protagonista. Ela a mantêm isolada no Chalé da Rosa Lilás, onde não deixa a jovem fazer nada. Li não ensina a jovem as regras da sociedade, conta mentiras para assustá-la e até mesmo a pune fisicamente.
Ana começa a história ingênua, sem saber a verdade sobre o mundo em que vive. Porém, tem uma inteligência e sagacidade ímpar. Sozinha, aprendeu a ler, costurar e tantas outras coisas.
Sam é uma alma muito antiga, mas diferente da maioria delas, não tem um pré-conceito em relação à Ana. É gentil e respeitador, mas também é um pouco reservado e ao avançar das páginas, percebemos que ele evita conflitos.
Enredo/ Trama/ Narrativa e História: O prólogo é uma anotação no diário de Menehem, realizado no Ano das Canções 330, na semana 3. Ele descreve o falecimento de Ciana, uma das almas antigas e tal acontecimento é seguido pelo nascimento de Ana, uma almanova.
Acontece que Ana é abandonada pelo pai e criada por Li até os dezoito anos de idade. Quando completou os 18 anos, decide ir à cidade de Heart buscar respostas sobre a sua origem e o motivo de sua existência. No caminho, ela sofre alguns percalços, deparando-se até mesmo com sílfides... e Sam.
A partir desse momento, os dois se juntam na estrada e vão começando essa peculiar amizade.
Em Heart, nos deparamos com uma cidade extremamente organizada e que tem sua fé em torno de um templo existente. A própria cidade se torna um personagem, pois observamos que ela tem seus próprios mistérios. Heart é comandada por um Conselho, composto de 10 conselheiros que aceitam a estadia de Ana, sob algumas condições. Nesse momento é possível perceber que as pessoas não aceitam a protagonista e que apesar de serem almas antigas (e esperávamos que fossem "evoluídos") não são acolhedores.
"Ao redor do templo, há palavras entalhadas que falam sobre Janan, um grande ser que criou a todos nós e nos deu almas e vida eterna. E Heart. Ele deveria nos proteger". (p. 64)
Ana tenta se adaptar a essa nova vida, mas vai percebendo que algo muito errado acontece com os cidadãos de Heart. A narrativa é em primeira pessoa, sob a perspectiva da própria Ana. É com esse esse clima que "Almanova" se desenvolve.
"- Sinceramente? Eu acho que as pessoas não têm certeza se vale a pena conhecê-la. É como decidir se vale a pena fazer amizade com uma borboleta, já que ela não estará li de manhã". (p. 58)
Se existe alguma ressalva a se fazer da história, provavelmente é sobre os seres sobrenaturais. São citados centauros, sílfides, dragões e a aparição deles não foi muito extensa. É verdade que duas das cenas importantes são na presença desses seres, mas sua aparição é escassa.
A escrita da autora: É fluida e coesa. A forma como ela criou a trama, permite observar a complexidade de todo o enredo.
Revisão/ Diagramação/Layout e Capa: O trabalho da editora foi excepcional. A capa, em particular, chama a atenção, não apenas pela imagem como também o brilho.
"Almanova" é uma trilogia com uma proposta diferente. Ela fala sobre vidas passadas, mas não da forma tradicional. Tem um possível romance se desenvolvendo e um Universo próprio. É uma história que fala também do comportamento humano, sobre pré-conceitos e sobre o amadurecimento pessoal de uma protagonista forte e guerreira.
"- Quem sou eu? - Foram as primeiras palavras que falei.
- Ninguém - respondeu ela. - Uma sem-alma". (p. 09)
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