Li 29/08/2011DESAFIO LITERÁRIO 2011 - AGOSTO - CLÁSSICOS DA LITERATURA NACIONAL *LIVRO EXTRA 2*Sinopse: Escrito em plena campanha abolicionista (1875), o livro conta as desventuras de Isaura, escrava branca e educada, de caráter nobre, vítima de um senhor devasso e cruel. Em A escrava Isaura, Bernardo Guimarães se une aos abolicionistas do Brasil e dá voz ao drama dos escravos. O livro não deixa de apresentar, porém, uma das características mais marcantes do escritor: a linguagem simples, de contador de casos, em que se revela o cotidiano das províncias brasileiras do século XIX.
Eu tinha uma curiosidade quase mórbida em ler este livro... Na verdade, nem sei porque demorei tanto! Quando meus pais se separaram, minha mãe casou com um homem moreno, meu pai casou com uma mulher morena, todos com filhos morenos e só eu de branca e loira no meio! Além disso, só eu gostava (e ainda gosto) de fazer serviços domésticos... Ou seja, todo mundo me chama até hoje de Isaura, a escrava branca! rs
Hum... Até gostei do livro, no geral! Já gostei muito das obras do romantismo, mas de uns títulos para cá, comecei a achar meio maçantes. De qualquer forma, pelo menos matei a curiosidade!
O título em questão é bem escrito, a linguagem é mais direta, mas a história, que no começo até achei que seria, hum, verossímil dependo das pessoas envolvidas, no fim começa a ficar boba! É bem folhetim mesmo, mas apesar de todo exagero e do tom dramático, até que tem umas boas lições, mesmo para os dias de hoje.
Este trecho é uma conversa entre Álvaro, um dos muitos pretendentes de Isaura, só que rico, e um amigo, o Dr. Geraldo. Me lembra muito a vida atual, que apesar de toda a evolução em termos de justiça e afins, continua praticamente a mesma selva de sempre:
“- Não é tanto assim, meu caro amigo Álvaro; esses excessos e abusos devem ser coibidos; mas como poderá a justiça ou o poder público devassar o interior do lar doméstico, e ingerir-se no governo da casa do cidadão? Que abomináveis e hediondos mistérios, a que a escravidão dá lugar, não se passam por esses engenhos e fazendas, sem que, já não digo justiça, mas nem mesmo os vizinhos deles tenham conhecimento?... Enquanto houver escravidão, hão de se dar desses exemplos. Uma instituição má produz uma infinidade de abusos, que só poderão ser extintos cortando-se o mal pela raiz.”
Não sei se evoluímos muito com o passar do tempo... atualmente, não há escravidão escancarada e legalizada como no século XIX, mas o preconceito, seja de raça, de credo, de físico, de classe social, de sexo, são ainda fortes e limitantes. É como eu coloquei na resenha de Brás Cubas, viver em sociedade sempre vai ser uma espécie de escravidão.
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