Aleksander 28/07/2014
Mais uma bela história
O Silêncio das Montanhas é o terceiro romance de Khaled Hosseini, escritor também de O Caçador de Pipas e A Cidade do Sol.
Em O Silêncio das Montanhas o tema é a história de dois irmãos, Pari e Abdullah, separados ainda na infância. O desenvolvimento da trama nos leva à uma viagem que não se limita a contar somente a vida subsequente desses dois irmãos, mas também de outras personagens, de pouca ou muita relevância.
São essas histórias que compõem o enredo do livro. Histórias marcadas por escolhas difíceis, angústias de uma vida inteira por palavras não ditas ou mesmo coisas não feitas, sonhos desfeitos para dar lugar a outras necessidades. Da mesma forma como Pari e Abdullah passam suas existências sofrendo com uma ausência, os outros personagens também mostram que, mesmo por questões diferentes, também possuem um vazio dentro si, assuntos inacabados, dúvidas.
O autor consegue abordar muitos assuntos, mesmo que rapidamente. A corrupção e injustiça, os efeitos da guerra, o preconceito.
Uma característica interessante do romance são as narrativas paralelas. São vários núcleos. Cada capítulo apresenta um desses núcleos, todos se relacionando de alguma forma com a vida de Pari e Abdullah. Direta ou indiretamente, os personagens desses núcleos fazem parte do contexto principal. Logo, mesmo que a história de vida de alguns personagens se situe bem distante de onde se passam as cenas dos dois irmãos separados, não há desconexão, já que o elo que une todos na trama são eles próprios, os personagens. Inclusive, formam-se teias interessantes!
Ao mesmo tempo, é fácil notar que cada núcleo é independente. Por vezes temos a mesma história sendo contada mais de uma vez, mas por ângulos diferentes, do(s) personagem (ns) em questão. Um exemplo simples, e que não compromete a história, é a assistência financeira dada por Abdullah à seu irmão Iqbal, da qual somos informados pelo menos duas vezes, por pessoas diferentes, em situações totalmente diferentes, núcleos diferentes.
A maioria dos fatos são narrados em primeira pessoa, por narradores-personagens. Nesses casos conseguimos mergulhar em seus universos, conhecê-los profundamente. Porém, mesmo quando não se tratam de narradores-personagens, o autor oferece informações suficientes para sentirmos de perto cada personagem. E essa é uma habilidade extraordinária, que deve ser apreciada sempre, e mais ainda se for fundamental para a história ter-se o conhecimento pleno de cada personalidade, o que inclui temperamentos, manias, defeitos, qualidades e assim por diante. Evidentemente, nas tramas propostas pelo Hosseini isso é fundamental, e ele não deixa à desejar.
Com relação ao ambiente, dessa vez o Hosseini não economizou. Cabul está longe de ser o ambiente principal da história. Além do Afeganistão, passamos por Paris (França), Grécia, EUA e outros países.
Por fim minha gratidão ao Hosseini por mais essa bela obra, que certamente não é a melhor dele mas que não deixa de manter o alto nível. Fique claro que tudo que foi dito acima são considerações não de um crítico literário, mas apenas impressões, somente. E minha última impressão fica sendo que esse é um livro muito bom.