Adriana 18/06/2011
Em “A Escolha dos Três”, continua a saga de Roland a caminho da Torre Negra, porém, como o próprio título do livro sugere, dessa vez ele se junta a novos companheiros.
Esse segundo volume já se sobressai ao anterior logo num primeiro aspecto, aqui, a história deixa grande parte de sua “megalomania” de lado (presente no primeiro livro) e se concentra mais em seu próprio desenrolar – e não num possível “futuro épico”. Talvez um fator que auxilie essa melhora é o fato de, em grande parte, a história acontecer no “nosso” mundo (mais precisamente, na cidade de Nova York) e não em um mundo paralelo, fantástico, o que talvez tenha reduzido a necessidade de a própria narrativa constantemente se auto proclamar “grandiosa”.
Um aspecto interessante de se observar é como os “escolhidos” para companheiros de Roland podem, a certo modo, ser considerados marginalizados em nosso mundo, ao passo que no dele essa marginalização perde o sentido. É claro que o conceito de “marginalizados” talvez não possa ser totalmente aplicado à Odetta/Detta, por ser ela expoente de uma família rica, mas, levando-se em consideração à época e lugar em que vivia em nosso mundo (Os Estados Unidos em plena época de luta por direitos civis), ainda assim acredito que seja um conceito válido.
A história em determinados pontos soa um tanto prolixa (o que não deve ser novidade para leitores de Stephen King já que mesmo o próprio admite ter esse defeito), mas nada que torne a leitura maçante. Outro ponto presente na narrativa que incomoda um pouco e que, assim como a prolixidade, também aparece costumeiramente nos livros de King, mas diferente daquela talvez seja até mesmo mais profundo por se tratar, acredito, de um traço cultural, é o pragmatismo norte americano. Certas suposições sobre o futuro de uma pessoa, baseadas apenas em fatos pouco substanciais e ditas como verdade absoluta, acabam incomodando por possuírem naturalmente certa arrogância, mas não são tão recorrentes a ponto de atrapalhar a leitura.
Sendo assim, mesmo com alguns pontos negativos, “A Escolha dos Três” é uma boa continuação, divertida e instigante, que acaba se saindo melhor que seu predecessor, e, assim como ele, funcionando como uma história completa ao mesmo tempo em que se trata de mais um passo a caminho da Torre Negra. Que venha o próximo.