Mournet 16/04/2024
Personagem favorito: o Corgi ou a abelha?
Se o primeiro livro deixou bastante a desejar, o segundo com certeza mostra uma evolução de Julia Quinn como escritora - ela está quase atingindo minhas expectativas, apesar de eu achar um crime compará-la com Jane Austen.
Nós finalmente compreendemos a personalidade libertina de Anthony, mesclada com certo cuidado ao trauma que o assombra desde o início da fase adulta. Apesar de ter odiado a reviravolta na metade da história, gosto de pensar que é como o carma acontecendo na vida do visconde devido aos acontecimentos do primeiro livro, e foi de certa forma divertido de ler isso acontecendo - mas, ainda assim, teria preferido sem casamentos. Por outro lado, nós sentimos uma empatia por Kate que me fez ficar apreensiva em seus momentos iniciais do livro, sempre sendo colocada em segundo plano até por si mesma por causa de Edwina - que mesmo sendo considerada o diamante, é sem sabor. Mas, ainda assim, prefiro ambas as personagens da série.
Apesar de achar que Julia Quinn ainda precisa melhorar no desenvolvimento dos personagens, não posso negar que os diálogos deste livro foram infinitamente melhores de se ler comparado ao primeiro. Me diverti bastante entre as discussões de Anthony e Kate, ou quando ele provocava um de seus irmãos mais novos. Ainda estou no segundo livro e, portanto, tenho esperança da melhora do desenvolvimento dos próximos protagonistas - afinal, me questiono se achar que uma abelha e um cachorro são criaturas mais divertidas de se ler comparados com os humanos do livro. De novo, personagens que sequer deveriam ter relevância se tornaram meus favoritos.
Julia Quinn disse que não gosta de personagens perfeitos, porém eu a pergunto: não são as imperfeições que os deixam maravilhosamente perfeitos? O seu erro é sempre focar nisso, afinal foi assim que, após a fatídica cena da abelha, o livro se tornou apenas mais um clichê que lemos em vários livros atuais. O erro é, de novo, ler Julia Quinn achando que leremos Jane Austen, afinal quem foi o desprovido de bom senso que comparou as duas escritoras? Julia parece, em boa parte das situações dos livros, querer se igualar à Jane, e por isso as situações parecem tão desconectadas umas das outras, Como, leve spoiler, Kate se tornou tão submissa e sem independência? Onde foi parar a personalidade de “eu sou um cavalheiro” de Anthony?
O problema desta escritora é escrever como se as pessoas de antigamente fossem irracionais. Sim, existe o amor e o desejo, porém Violet e Edmund com certeza criaram os filhos para serem respeitosos. Em parte do livro, Anthony parece desconhecer esta palavra, e novamente os momentos de intimidade são sem sentimentos, sem prazer de ler.
Crítica final? Não tenha muitas expectativas para este livro ou os próximos, você pode ter como personagem principal Newton, um Corgi roliço (ou pior, uma abelha não-nomeada).