Reccanello 22/01/2021E o corvo diz: "vai te catar!"Meu primeiro contato com esta poesia não foi através dos livros, mas da televisão, nos idos de 1992/93, quando assisti ao 3.º episódio da 2.ª temporada de "Os Simpsons". Lá conheci o menino corvo que, após uma longa e tumultuosa briga, passou a eternamente atormentar o gordo narrador, para sempre pousado no busto de Palas a dizer "nunca mais"!
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Ainda hoje, e mesmo conhecendo melhor a história da poesia e já tendo estudado sobre a profunda melancolia que a perpassa, é-me impossível dissociar a imagem do corvo - representação da insanidade que atormenta o narrador, surgida com o passamento de sua esposa Lenora e agravada pela saudade que sente de sua amada ("hoje entre hostes celestias") - com a de Bart Simpson, da mesma forma que, não importa quantas vezes leia o poema, sempre vejo o narrador com a cara de Homer.
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A edição primorosa da Biblioteca Alta Cultura é um show à parte: além das gravuras de Gustave Doré, ao nos presentear com as traduções de Fernando Pessoa (mais fiel à métrica da língua inglesa) e de Machado de Assis (que, ao alterar a estrutura da obra, permitiu um entendimento um pouco mais claro de seu sentido) - mais uma excelente versão latina da obra -, o livro permite uma comparação dos textos com a versão original em inglês, ao mesmo tempo que nos traz um dilema impossível de responder: qual a melhor tradução?
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