Michelle Trevisani 12/10/2016
Lindo!
Neste livro, vamos acompanhar a história de um garoto que cresce durante o período ditatorial de Pinochet no Chile, na cidade de Mapuí. O nome do garoto pouco importa, mas a narrativa sugere quase uma auto-biografia. Todos os outros personagens do livro têm seus nomes muito bem designados. Mas nosso autor e personagem principal passa despercebido. Ele cresce e se torna autor, ou pelo menos tenta. E revela que seu livro vai contar a história de seus pais, vai contar a história de sua ex esposa. É da aprovação desta história que nosso autor necessita.
O livro vai e volta, na história vivida e na história escrita por nosso personagem principal. Com reflexões suaves do período da ditadura, acompanhamos histórias de famílias que se escondem e ajudam os que estão à margem, e de famílias que escolhem não se envolver, que acreditam que tudo o que acontece é normal e que uma hora vai passar.
Falando assim parece um pouco confuso: duas histórias em uma. Mas Zambra consegue delinear muito bem as duas histórias e as casa perfeitamente. Vemos muitas vezes nosso personagem principal frustrado com os pais que tem, pouco assíduos da política, pouco informados. Quando depois do terremoto que acontece em 1985 conhece uma garota chamada Cláudia que tem uma vida cheia de segredos, percebe que não consegue ficar calado mais, que precisa saber. E ser espião a mando de Cláudia parece ser uma forma de tentar entender um pouco mais sobre o que está acontecendo a sua volta.
Formas de voltar para a casa trás a busca de um garoto que cresceu por respostas. Trás a perseguição constante pelo que ficou com entonação de "buraco" na vida. Parece que o personagem principal busca incessantemente se encontrar, tenta achar significados para sua infância, para a política em geral, para os sentimentos da família e dos que estavam ao redor. Em alguns momentos essa busca por sua "casa" é preenchida, mas em outros parece que nosso pequeno garoto que cresceu em meio à ditadura permanece perdido. Um livro leve e significativo, suave mas ao mesmo tempo reflexivo, que nos remete ao que vivemos aqui no Brasil também: uma política opressiva e pouco transparente, capaz de fazer com que pessoas se sintam perdidas de propósito, que esqueçam o caminho, o caminho de volta pra casa.
Leia o restante da resenha no meu blog >> Livro Doce Livro;
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