Metrópolis

Metrópolis Thea von Harbou




Resenhas - Metropolis


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Gabriela3935 24/04/2021

"Falando as mesmas palavras, as pessoas não se entendiam."
Ao classificar este livro, tentei não levar em consideração a história de sua autora - assim como do diretor do filme - em sua filiação ao partido nazista, e acho que consegui; ainda assim, não deixarei de citar aqui para não colaborar com o esquecimento de atos hediondos. Thea Von Harbou foi uma mulher influente que não apenas se filiou ao nazismo como colaborou na escrita de muitos filmes para o partido. Usualmente ela escrevia em parceria com seu ex-marido que dirigia os filmes baseados nos livros dela, inclusive Metrópolis, enquanto estavam juntos.
O que isso tem a ver com o enredo do livro em si? Não muito além do fato de ser transformado em filme. Filme e livro que, por sinal, foram muito ambiciosos e referência para obras até os dias atuais.
Distopia? Ficção científica? Robôs? Há tudo aqui! Antes de Huxley, Harbou já falava de uma sociedade trabalhadora explorada que não fazia menos do que aceitar sua condição. Antes de Star Wars já tínhamos um robô humanoide andando por aí. E, nessa visão futurista, a autora conseguiu, ainda, incluir uma narrativa tão atrelada à bíblia que é impressionante.
Pois bem, Metrópolis é uma distopia em que as máquinas são os novos deuses, e não à toa recebem o nome destes (Ganhesha, Baal, etc.), e esses deuses exigem sacrifícios, que é nada mais nada menos que o suor e exploração da classe trabalhadora, em suas máquinas infernais por 10h por dia, sem descanso, e vivendo no subsolo da cidade. Enquanto isso, no topo, temos a classe dominante com seu dinheiro e vivendo em grandes arranha céus. É nela que aparece o salvador Freder, filho de Joh Fredersen o dono da Metrópolis, um jovem apaixonado por uma revolucionária pacifista, Maria, que percebe que entre Cérebro (Joh Fredersen) e Mãos (operários) é preciso ter um coração. Utópico, não?
A obra tem, realmente, pontos revolucionários para a escrita e uma visão muito esperançosa de enredo, é interessante ver como Harbou escreveu pensando no roteiro e, sabendo que sua obra se tornaria filme, trouxe uma narrativa um tanto quanto rápida e objetiva: tudo acontece muito facilmente e o visual é o que mais tem destaque.
Ainda assim, o enredo em si deixa a desejar para nós leitores com consciência de classe. Afinal, vê-se uma horda de trabalhadores que não pensam, não têm história e nem familiares e que, mesmo em sua revolução, as ações são controladas por um elemento externo e não por eles mesmos, pessoas que perderam sua humanidade e estão literalmente em estado de escravidão e que apenas aguardam a próxima ordem. Não se prega uma revolução, mas sim, o contrário, fala-se dos perigos da revolução, os perigos de ir contra o que te escraviza. Uma história que diz ao pobre: tenha medo. Para eles não há redenção, a redenção é destinada apenas à elite, como sempre. Uma conclusão esperançosa para quem está no comando e conformista para quem está no proletariado.
E é justamente por isso que indico o livro, para que não caia do esquecimento, para que não tenhamos novamente uma narrativa como essa vista como aceitável. E, para aqueles que buscam diversão, que seja possível ter contato com a ficção científica e distópica em uma de suas versões mais iniciais.

"'O que vocês querem?', perguntei. E uma pessoa respondeu: 'Estamos esperando, sr. Fredersen.'
'O quê?', perguntei.
'Estamos esperando', continuou o porta-voz, 'que alguém venha e nos diga qual caminho seguir.'"
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Fabio Di Pietro 30/03/2023

Importância histórica
Creio que o filme tenha mais peso que o livro, pois é um clássico da ficção científica que inspirou diversos outros filmes e livros.
Sobre a obra em si, ela traz momentos bem interessantes, há uma pegada mística de um personagem (que eu adoraria que aprofundasse mais) e momentos de questionamento social. Porém, o livro é carregado de referências e exaltação cristã, além de exageros sentimentais. Cenas dramáticas que daria muita inveja para novelas mexicanas.
A ficção em si tem alguns pontos falsos e sem explicação.
Creio que se não fosse o filme, com toda a sua carga visual, talvez o livro ficasse mais de escanteio.
A edição é lindíssima e traz paratextos, ilustracoes e artigos que enriquecem a experiência da leitura.
Linguagem é fluida na maior parte do tempo.
Recomendaria para quem realmente gosta de ficção e tem curiosidade pelos "clássicos".
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BrUnO 05/09/2021

Comecei a ler pelo conceito, permaneci pela farofa
Eu esperava que esse livro fosse bastante reflexivo e afins, uma crítica social, enfim.
E tem isso
Sendo que eu decidi simplesmente ignorar as reflexões e fiquei só com a história e foi uma experiência..... interessante.
É uma história muito boa, acredito que se eu lesse com o intuito de absorver as críticas sobre classes sociais que são feitas ao longo da obra teria absorvido muito mais.
E é isso meus amores.
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Victória 19/08/2022

Não funcionou
Sou uma grande fã de distopias, mas essa definitivamente não funcionou pra mim.
Não porque seja um livro chato ou algo do tipo; ele tem conceitos bem interessantes e a ambientação é incrível. Mas 80% da narrativa são metáforas religiosas, acontecimentos metafísicos e divagações, então eu só não consegui me importar com nada que tava rolando, nem absorver o que quer que fosse.
Acabou que foi super rápido de ler porque na maior parte eu só passava o olho pelos parágrafos.
De qualquer forma, o filme de Fritz Lang deve funcionar bem melhor e pretendo assistí-lo em breve
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gabriel 20/11/2021

História mediana, filme clássico e bom material

É impossível falar deste livro sem falar do filme homônimo, o Metrópolis, de 1927. As duas obras estão associadas como gêmeos xifópagos, são braços de uma mesma coisa. Inegável, no entanto, que a obra cinematográfica seja muito superior. Isso não é nenhuma surpresa, já que o livro foi feito pensando no filme, sendo praticamente uma espécie de roteiro romanceado dele. A autora era esposa do diretor e trabalhava com ele, fornecendo roteiros aos filmes dele.

Que o filme é melhor que o livro, não há problema algum, a grande surpresa pra mim foi o quão ruim é o livro em si mesmo. Não achei muito bom, odiei o estilo de redação dela (apesar de ter alguns bons momentos), tudo é muito exagerado, pesado e sentimentaloide. Pode-se argumentar que isso é um traço do expressionismo alemão, e se é assim, então talvez eu não tenha aderência estética a esta escola. Ou então pode ser que seja uma porcaria, expressionista ou não.

Metrópolis é um esforço de imaginação futurista em plenos anos 1920, e entender Metrópolis é entender um pouco a nós mesmos cem anos atrás. Talvez ele diga mais a respeito daquela sociedade do que a um suposto futuro, ainda que ambas as leituras se interconectem. É uma obra extremamente influente, uma espécie de bisavô do chamado "cyberpunk" (que retrata futuros apocalípticos e pessimistas), bem como da ficção científica de uma maneira geral. A importância histórica, porém, não diz respeito à qualidade do livro, que eu achei muito baixa.

A primeira metade do livro foi a pior para mim. Esperava uma aventura crítica, pessimista, grandiosa, mas o que eu encontrei foi um texto quase que infanto-juvenil (no pior sentido que isso possa ter), porém sem as vantagens deste último (como leveza ou diversão). Seria, então, uma obra infanto-juvenil ruim e pretensiosa. O estilo é quase dos contos de fadas, com muita repetição de termos, imagens que vão se repetindo e pouco (ou nenhum) desenvolvimento dos personagens. Freder se apaixona do nada por Maria, o calcanhar de Aquiles dos piores romances. Mesmo boas obras pecam neste quesito. Aqui, o livro é medíocre e afunda bastante neste aspecto.

Muitos dos fatos do livro são confusos, e quase impossíveis de serem percebidos se a pessoa não assistiu ao filme. Não quero entrar muito em detalhes para não dar spoilers, mas um fato envolvendo certo objeto tecnológico fica perdido em meio à bagunça do enredo. Ela joga tudo meio de qualquer jeito e o leitor que se vire. Se fosse ao menos divertido, poderia valer a pena, mas é só incômodo, ainda que passe uma sensação factível de caos.

Mais para a última metade, o livro dá uma melhorada, pois ela é razoavelmente competente em descrever cenários apocalípticos. A linguagem grandiloquente dela (que soa bastante falsa na maior parte do tempo) acaba beneficiando este lado. A história também começa a ganhar mais emoção, tendo mais um lado de ação, sendo que no começo é só uma pasmaceira bocejante.

A crítica social do livro é ambígua e enigmática. Pode ser vista pela esquerda e pela direita tanto em tons críticos como elogiadores. Dizem que Hitler adorou o filme, tanto que contratou a Thea depois (a autora do livro), que se filiou ao partido nazista. Este é um dos fatos controversos que é explorado pelos textos de apoio, sabiamente colocados ao final do livro (sem aqueles odiosos spoilers, portanto).

A narrativa em si é "gaga", ela não tem fluência nenhuma, é tudo muito engessado, ainda que o texto consiga carregar alguma poesia dentro de si. Não sou grande fã de parágrafos longos, mas aqui ela exagera, mas no sentido oposto: tudo é muito curto, as sentenças são sumárias, alguns parágrafos são compostos apenas de uma frase. Falta uma fluidez ao texto e ele é bem desagradável de ler.

Ela passa uma sensação de quem está genuinamente se empolgando com a própria história, o que dá um ar amador, falso e exagerado a ele. Em vários momentos ela completa as frases com "sim, sim, aí ele fez isso", como se fosse uma criança empolgada. Não que isso seja um defeito capital, mas é revelador de uma falta de cuidado, ou de habilidade literária.

O texto da editora diz que a história se passa em 2000 e qualquer coisa, mas em nenhum momento do livro é falado em qualquer data concreta. Foi retirado do filme? Mas o livro aqui deveria ter sua autonomia, então ele deixa vago de que ano se trataria, ou mesmo se seria até uma humanidade fantasiosa (estilo Star Wars), num lugar genérico qualquer. De toda forma, é um livro que tem o futurismo como tema.

A história do filme é interessante, pois boa parte dele ficou perdido até 2008, sendo encontrado num cinema antigo em Buenos Aires. A versão anterior, ultra censurada e editada, deixava de fora vários momentos importantes. Tanto é que hoje, se você assistir ao filme, vai notar que partes dele tem uma qualidade bem inferior: são os momentos recuperados no cinema de Buenos Aires. Aliás, o filme é facilmente encontrável hoje (novembro de 2021) no YouTube, dado que é uma obra de domínio público. Tem tudo legendadinho bonitinho lá, inclusive.

O filme é uma obra impressionante, caríssima para a época (quase quebrou a produtora), com efeitos visuais pioneiros. O livro já nem tanto, mas pode agradar a quem é muito fã do filme, ou do cinema de ficção de uma maneira geral. É um belo material histórico, mas que como livro puramente não se sustenta muito. Claro que falo a partir do meu gosto (e há gosto nesse mundo pra tudo), então cada um vai ter sua visão.

O material em si é ótimo, a Editora Aleph está de parabéns aqui. A edição é belíssima, trabalhando muito bem o visual preto-e-branco (uma referência ao filme). As artes são econômicas e pontuais, abrilhantando a leitura, e visualmente de acordo com o tema. Ao final, temos três ensaios excelentes, explorando algumas implicações do livro e do filme de maneira bem aprofundada, e só eles já fazem uma ótima leitura. Aliás, o fato de que os ensaios ao final sejam melhores que o próprio livro, já diz muita coisa sobre ele.

Trata-se, então, de um livro umbilicalmente ligado à sua contraparte cinematográfica, eu recomendaria mais mesmo esquecer este livro e apenas ver o filme, que é um clássico da sétima arte (ainda que também não seja lá grandes coisas também), mas o cuidado da editora, sendo muito bem apresentado, e contextualizado com ótimos ensaios, e visualmente muito bom (capa dura, e tal), podem fazer um belo presente ou coleção.

Os textos finais, aqui mencionados, incluem material de divulgação da época, um texto muito pessoal e comovente de Anthony Burgess (autor de "Laranja Mecânica", e que viu o filme na época, sendo ele criança nos anos 1920), um texto equivocadíssimo da ex-VJ Marina Person (que compara a atrocidade nazista com as puladas de cerca do diretor, buscando fazer um julgamento pessoal da autora, desnecessário aqui), e algumas observações de H.G. Wells, que odiou tanto o filme quanto o livro. Aliás, interessante como estes textos jogam com a questão da qualidade do livro, sendo portanto uma seleção de bastante lucidez, e que não tenta "passar o pano" para as suas falhas literárias.

A nota final (três estrelas) tenta contemplar todos estes aspectos: o cuidado da editora, a boa seleção de textos de apoio, o cuidado gráfico e o romance em si que, apesar de não ser exatamente brilhante, contém bons momentos e interessante simbologia, e serviu de base para um filme crucial para o desenvolvimento da sétima arte.

Michele Duchamp 04/01/2022minha estante
Sua resenha está muito boa! Eu estava em dúvida se comprava físico ou apenas lia o e-book, porque achei o preço um pouco salgado, e sua opinião me ajudou!


gabriel 19/01/2022minha estante
Oi Michele! Desculpa, só vi sua resposta agora. Agradeço o feedback e fico feliz que tenha ajudado.




Diego Rodrigues 31/05/2020

A origem da ficção-científica distópica
O filme "Metrópolis" (1927) de Fritz Lang é não só um clássico do cinema como também da ficção científica e do movimento artístico e cultural que ficou conhecido como expressionismo alemão. Comercialmente falando o filme foi um verdadeiro desastre. Considerado como uma obra muito a frente de seu tempo e controversa, sua produção foi caríssima e sua bilheteria um fracasso. Mas seu valor artístico e cultural foi, e ainda, é inestimável. A obra, que é considerada o primeiro filme de ficção científica distópica da história do cinema, se tornou um dos principais pilares do gênero e influenciou diversas outras da cultura pop, entre elas: os filmes de "Star Wars", "Blade Runner", "De Volta para o Futuro" e "Batman" de Tim Burton. Os videoclipes de "Radio Ga Ga" da banda Queen e "Express Yourself" da Madonna. E também os álbuns "The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart" da banda brasileira Sepultura, e "Meliora" da banda sueca Ghost. Apesar das inúmeras referências na cultura pop, o que pouca gente talvez saiba é que "Metrópolis" é também uma obra literária. Muito disso se deve ao fato do livro nunca ter sido publicado aqui no Brasil até o ano de 2019, quando a editora Aleph finalmente preencheu esse vazio.
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Thea von Harbou conheceu Fritz Lang em 1920, quando escreveu para ele o roteiro de "Depois da Tempestade". O primeiro grande sucesso do futuro casal foi "A Morte Cansada" (1921). Casaram-se em 1922 e deram início ao período mais prolífico de suas vidas, foram onze anos de casamento e uma parceria que resultou em diversos filmes como "Dr. Mabuse, o Jogador" (1922), "Os Nibelungos" (1924), "Metrópolis" (1927), "Os Espiões" (1928), "A Mulher na Lua" (1929), "M, o Vampiro de Dusseldorf" (1931), "O Testamento do Dr. Mabuse" (1933). Em 1932 Harbor se juntou ao partido nazista NSDAP enquanto Lang preferiu fugir da Alemanha, recusando a proposta de Goebbels para o cargo de chefe da indústria cinematográfica alemã. A forma como o diretor organizou os figurantes em padrões geométricos durante a filmagem de "Metrópolis" havia chamado a atenção de Hitler. Harbou chegou a trabalhar em dois filmes de propaganda nazista, hoje esquecidos. Ao fim da Segunda Guerra foi desnazificada e trabalhou no processo de reconstrução da Alemanha para depois voltar ao cinema. O prolífico casamento já havia chegado ao fim em 1933.
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Originalmente concebido como roteiro, "Metrópolis" só foi romanceado por Harbou depois que as filmagens já estavam prontas. Claro que é de se imaginar que ela já estivesse vislumbrando o romance durante esse processo. Por isso, pode-se dizer que as duas obras são complementares. Ambas têm uma base em comum mas exploram diferentes elementos que resultam em experiências diferentes. O livro acabou sendo publicado antes do filme, em 1925, e é uma ficção científica muito diferente daquela que viria a se tornar mais popular nas décadas seguintes nas mãos de autores como Isaac Asimov e Philip K. Dick. Com uma narrativa mais lenta, subjetiva e uma atmosfera mais obscura e opressiva, "Metrópolis" é um livro que causa certa estranheza no começo. A protagonista da história é a própria cidade de Metrópolis e os demais personagens acabam ficando em segundo plano cercados de simbologia. A sociedade aqui é dividida em duas classes: os operários, que vivem na cidade subterrânea e trabalham exaustivamente nas máquinas para manter a cidade funcionando. E a elite dominante, que vive na superfície e cresce em meio a todos prazeres e privilégios que Metrópolis tem a oferecer. Joh Fredersen é o Senhor da Grande Metrópolis, idealizador e governante da engenhosa cidade. Seu filho, Freder, é um dos privilegiados e começa a questionar o modo como a sociedade funciona após se apaixonar por Maria, uma habitante do mundo inferior, e conhecer a situação opressora a qual os operários são submetidos. Indícios de que uma grande revolta esteja para acontecer na cidade subterrânea surgem, Joh Fredersen passa a vigiar os passos do filho e procura o inventor Rotwang para traçar um plano de sabotagem aos operários e assim impedir sua revolta.
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Como é típico das distopias,o livro é repleto de críticas sociais mas possui diversas outras camadas. Com referências a Torre de Babel e as obras dos escultores Oskar Schlemmer e Rudolf Belling, "Metrópolis" é uma obra que traz muito simbolismo, parte dele religioso. Maria, a Estrela de Davi e a Prostituta da Babilônia são alguns dos elementos recorrentes na obra. A relação homem x máquina tratada aqui, onde os operários são literalmente devorados pela grande máquina, representando a mecanização do trabalho e dos trabalhadores; a urbanização desenfreada e o crescimento da desigualdade social são temas que permanecem atuais e alguns dos motivos pelas quais a obra, tanto o filme quanto o livro, não soa datada. Além da genialidade que cada um representa como obra de arte em si, é claro.
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A leitura de "Metrópolis" não foi tão fluída pra mim quanto as obras de ficção científica das décadas seguintes, pelos motivos que já mencionei mais acima. Mas conhecer um dos pilares do gênero que é o meu favorito foi uma experiência incrível. A bela edição da editora Aleph enriqueceu ainda mais essa experiência com a tradução direta do alemão feita por Petê Rissatti, ilustrações de Mateus Acioli, posfácio do crítico austríaco Franz Rottensteiner, textos da cineasta Marina Person e do autor Anthony Burgess, além de alguns extras sobre a produção do filme. Talvez por ser escrito por uma mulher e por ela ter se filiado ao partido nazista durante um período de sua vida, o livro "Metrópolis" tenha sido alvo de preconceito e não tenha recebido tanta atenção quanto o filme. Embora eu acredite que para ter uma melhor compreensão e uma experiência completa da obra seja recomendado ler e assistir, o livro é uma grande obra de arte em si e indispensável para fãs da ficção científica e da distopia.

site: https://discolivro.blogspot.com/
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Daniel Teles 31/10/2021

O mediador entre a cabeça e as mãos, é o sindicato.kkk
Eu gostei do livro. No começo achei confuso e demorei pra engrenar na leitura, mas não desisti, e do meio pro final as coisas melhoram muito. A história é interessante, fala de uma cidade futurista, maquinária e ostentadora chamada Metrópolis, enorme, mas que dispõe do que tem de melhor para um seleto grupo que a domina, enquanto um outro grupo, o dos trabalhadores, que moram embaixo da cidade, se sacrificam para mantê-la funcionando, trabalhando sob um regime de escravidão.
E como desgraça pouca é bobagem, o dono da cidade(Joh Fredersen), tem um tipo de acordo com um cientista de substituir os trabalhadores por robôs. Pois é.
Em paralelo a isso, temos o protagonista chamado Freder, filho do dono de Metrópolis, que se apaixona a primeira vista por uma moça que veio do subsolo então, decide descer até lá para vê-la de novo, e descobre a situação que os trabalhadores vivem. Descobre também que existe um plano de revolta pela situação de trabalho desumana, e Freder acaba se envolvendo.
Eu não vou mais dar spoilers, mas já dá pra ver que isso não vai terminar bem.
A cidade é nos mostrada como se fosse um organismo vivo e isso é interessante. E também toda a história tem as crenças cristãs como plano de fundo.
Eu não vou falar das polêmicas envolvendo a escritora até porque já é sabido de todos, e separando autor da obra, este é um ótimo livro.
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Alex 04/01/2021

Indispensável pra quem é fã de ficção científica
Muita coisa já foi dita e escrita sobre Metrópolis nos últimos 100 anos então serei breve:

1. Vale a pena investir no livro físico. A edição pela Aleph está primorosa. Da capa, às ilustrações a cada capítulo que remetem ao filme, até o posfácio. É um livro que dá prazer em abri-lo. A tradução me pareceu boa, bem escrita, assim como a revisão, pois não encontrei erros ortográficos ou de sintaxe.

2 É literatura de primeira, e não algo que se lê apenas porque existe um filme famoso baseado. Os capítulos I e II, quando Freder tem seu "despertar" ao sair do Éden, quase como um Sidarta Gautama, são fenomenais, culminando no primoroso diálogo entre e Freder e seu pai:

"Cuidado, Freder, ao considerar as pessoas boas e inocentes apenas porque sofrem."

Outro diálogo incrível, é o do Joh Fredersen, quando vemos o todo-poderoso de Metrópolis ajoelhado aos pés da mãe ouvindo sermões:

"Esqueceu que os amantes são sagrados. Mesmo quando estão errados, Joh: até seu erro é sagrado. Mesmo que sejam tolos, Joh; até mesmo sua tolice é sagrada. Pois onde há amantes está o jardim de Deus, e ninguém tem o direito de expulsá-los de lá. Nem mesmo Deus. Apenas a própria culpa."

Aliás a alusão à maternidade, que aparece algumas vezes, e personagens femininas fortes, como Maria, Hel e a mãe de Joh, evidenciam a riqueza que é ter uma obra escrita por uma mulher, ainda que Maria e Hel tenham uma faceta presa a um clichê romântico.

É inclusive a impetuosidade da Maria, agora em sua versão robotizada, que nos fornece citações poderosas como essa ao incitar os trabalhadores à subversão:

"Vocês são tolos! Estúpidos! Estúpidos! Na manhã, em seu meio-dia, no seu fim de tarde, na sua noite, a máquina uiva por comida, por comida, por comida! Vocês são a comida! Vocês são a comida viva! A máquina os devora como ração e cospe fora!"

Por outro lado a autora tem um estilo romântico que ameniza ou dá profundidade a certas diálogos:

"Eles o capturaram - Josafá cuspiu as palavras - porque procuravam um sacrifício por seu desespero e pela fúria causada por sua imensa e inimaginável dor."

3. O fato de a autora ter se filiado ao partido nazista (extrema-direita) não tira o brilho da obra, de sua boa escrita, das alegoria e interação máquina-homem, sejam no sentido "duro" com alavancas e botões (o que fazia mais sentido na época) ou cerebral na forma de um androide, porque é um romance visionário e que trata de questões universais, não sendo contaminado (ao menos em demasia) pela ideologia da autora, implicando o que todos já sabem: influenciou a ficção científica para sempre e até os dias de hoje filmes, clipes, quadrinhos, jogos trazem elementos de Metrópolis. Ou seja, quem é fã do gênero de ficção científica deve conhecê-lo.
Guga 04/01/2021minha estante
Amo! Comprei o livro recentemente, pretendo ler logo. Um dos meus filmes prediletos




Rafael_Santiago 10/06/2020

É bom saber que a ficção científica ultrapassou esse livro
Confesso que esperava mais. Conhecia a história por referências na cultura pop. A escrita da autora é muito exagerada, romântica e em certos momentos melosa além da conta. Isso tudo somado, resulta numa narrativa com um tom piegas e bem forçado. Para querer se enquadrar no gênero ficção científica ou mesmo se apresentar como um fundador do gênero, tal falha ou estilo de escrita, não se torna estético com o passar do tempo, só contribui em coalhar ainda mais o texto. Para ter uma ideia, faltou só encontrar interjeições na linha de 'ó! minh'alma!' no livro... A forma como descreve uma cidade futurista é extremamente pueril. Usa de rodas, alavancas, botões e vapor para descrever a interação com as máquinas! Mistura elementos que parecem um conto de fadas, dando um ar bobo e de mistureba à história. Eu dei umas risadas em certos momentos, nisso valeu a pena. Certos pontos da narrativa querendo ser vertiginosa e profusa, a autora acaba sendo confusa. Desculpa se você ama essa história, mas ao meu ver -- pelo menos hoje em dia -- Metrópolis não passa de um steampunk meio brega, não penso que tenha suportado tão bem o crivo do tempo tanto quanto outras obras do mesmo gênero. A crítica "cabeça" pode até gostar e tentar reanimar a obra com um monte de "por causa disso e daquilo a relevância se justifica...", mas no final é a história que conta e ela não se sustenta pois a provocação que ensaia fazer fica coadjuvante de uma história de amor bobinha entre um garoto rico e uma menina operária e um vilão que persegue a garota -- blargh! Nisso, eu me senti assistindo o desenho do Popeye em muitos momentos. A história também é repleta de metáforas -- bastante óbvias -- de figuras e símbolos bíblicos com símbolos e figuras que compõem o que se defende como o novo mundo, modernidade, seus excessos, profanações à natureza em nome do avanço, etc. A história também é exagerada em quão extensa se torna, mesmo já não tendo mais nada de novo para mostrar ou provocar. Algo um pouco incômodo e que de fato me causou um certo ranço na escrita, foi notar nela certos ecos do que viriam se tornar bases para o nazismo. É bem difícil levar a autora a sério se você não pôr de lado essa mancha moral que ela acabou por escolher carregar. Começando pelos estereótipos. Quase tudo de "ruim" é retratado como um personagem estrangeiro. Tem uma passagem que beira o ridículo de tão gratuita: "Combinava qualidades excepcionais que o faziam parecer representante-geral da Grã Bretanha e da Irlanda, pois era ruivo, zombeteiro e bebedor, como se fosse O'Bryn. Era mesquinho e superticioso como um escocês e -- em certas situações, quando se fazia necessário -- de uma negligência altamente cultivada, resultado da força de vontade e uma pedra angular do império inglês. Falava praticamente todas as línguas vivas, como se sua mãe o tivesse ensinado a rezar e seu pai a praguejar em todas elas. Sua ganância parecia vir do oriental Levante, sua modéstia, da China. E, acima de tudo, dois olhos calmos e atentos observavam com a paciência e a perseverança alemãs." [133-134 pp]. O narrador falando isso numa história que abre com escrito da autora dizendo que o livro "não se passa em lugar algum" me deu certo nojo de ler. Em outros momentos pode-se notar mágoa e revanchismo. A casa com a porta com pentagrama, simbolizando algo proibido, vil, perigoso, venenoso é realmente macabra se levarmos em conta os desdobramentos que resultaram no holocausto -- mas isso com certeza a autora não previu, mas sendo Hitler um simpatizante da obra, teria ele se inspirado, ao pôr em prática a forma como inicialmente usou um símbolo para estereotipar e demonizar um povo aos olhos de outro? Nisso, o livro acaba tendo uma áura e uma voz meio triste e atormentada. No geral para quem gosta de ficção científica é uma leitura obrigatória -- se você assim quiser. O cuidado da edição ganhou mais pontos do que a história. Arte bacana, papel bacana. Bom item para embelezar sua biblioteca. Só não espere uma história atemporal na linha de Asimov, Lem, Clarke, K. Dick, Le Guin e outros, pois essa passa bem longe!
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Nic 22/07/2022

Livro chato.
Primeiramente, sobre metropolis (livro e filme), é um clássico mundial e muitos inspiraram suas obras por causa do filme, como por exemplo Superman e Batman na criação das cidades de Metropolis e Gotam. Lendo o posfácio, descobri que também existem referências à obra nas músicas de Lady Gaga, Madonna e Queen nos clipes Alejandro, Born this way, Applause, Express your self e Rádio Ga Ga (ainda preciso assistir o filme e rever os clipes para pegar as referências).
Agora sobre a leitura, a história é uma ficção científica, uma distopia nem tão distópica onde o grande capitalista é dono das máquinas e dos operários que operam as máquinas, o dono e os que possuem grana vivem na grande metropolis enquanto o proletariado vive no subsolo da cidade e planejam se revoltar contra o sistema. Até aí o livro é bacana e se aproveita, conseguimos ver dilemas sociais e uma sociedade capitalista e autoritária, mas, o que se sobressalta no livro é a confusão com que os fatos vão acontecendo e um romance totalmente água com açúcar entre Freder e Maria, incomoda também a adoração e descrição extrema dos maquinários e a constante ideologia cristã que deixam a leitura extremamente chata.
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Bea 06/07/2023

Muito interessante o livro, embora confesso que teve várias partes que me bugou um pouco.
A parte ruim do livro é que pra ele te prender de uma forma que você queira realmente o livro demorou um pouco, comecei a achar o livro intrigante depois da metade, no começo eram só informações que não faziam sentido algum, mas obviamente tudo foi fazendo sentido ao longo livro, tenho que levar em consideração também que eu demorei muito pra ler, não por ser ruim, mas eu ultimamente não ter tido tempo pra ler, então muitas coisas do começo do livro eu provavelmente esqueci e ficou mais difícil entender.
Mas fora isso foi uma boa leitura.
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Jose0304 14/04/2022

Metrópolis
Achei um livro maravilhoso. Muito detalhista em cada capítulo aliás as vezes até mais. Alguns conceitos ultrapassados, mas a gente entende pela época que foi escrito.
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ric 29/07/2021

Minha dor é perceber que, apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais.
Acompanhando a edição impecável da Aleph, tem-se um texto inicial em que descobri a relação da autora com o Partido Nazista. Na minha opinião, é um pouco difícil dissociar a obra do autor, ainda mais em um caso grave como esse, já que a produção de um livro se baseia nas ideias do próprio escritor. Mesmo assim resolvi continuar a leitura.

Em "Metrópolis", é inegável o valor cultural e a influência do livro e do filme na literatura, no cinema e no cenário geral do Sci-Fi, mesmo repetindo a fórmula de livros anteriores (até mesmo a cidade estratificada em andares já tinha sido nos apresentada em A Máquina do tempo, de H.G. Wells). Porém, faz-se necessário colocar que as ideologias de Thea von Harbou são evidentes em várias partes. O que é adverso, já que a premissa do livro é a revolta da classe oprimida contra o senhor tirano. Reza a lenda que Thea possuía duas fotografias lado a lado em seu quarto, uma de Hitler e outra de Buda.

A escrita é um dos pontos mais promissores, a qual, aliás, foi responsável por pelo menos uma das estrelas da nota. Misturando simbolismos e deuses de diferentes culturas, o que parece confuso e anárquico de início, torna a leitura mais prazerosa.

No geral, é um livro que tem seu valor, mas que se envenena de contrariedades em sua composição. [pequeno spoiler a seguir] Não posso deixar de citar o final, no qual a subordinação volta aos operários e a luta se torna em vão.

Música do título: Como Nossos Pais, de Belchior.
Livro lido no Amazon Prime Reading.
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Rafael.Tadeu 10/07/2020

Posso dizer que como alguém que começou se aventuras no hobby da leitura recentemente foi uma das obras mais difíceis que já li,e sinceramente não sei dizer se gostei ou não

Inicialmente achei um pouco difícil me simpatizar com as personagens tanto quanto achei difícil conseguir visualizar a cidade em si, posso dizer que na verdade até o fim do Livro não tenho certeza se de fato imaginei corretamente o ambiente descrito.

Acredito que o que tenha me frustrado era ter começado a leitura esperando uma ficção científica melhor trabalhada e dado de cara com um romance melodramático em que a ficção mesmo tenha sido usada como plano de fundo para o romance ser trabalhado em cima

Por vzs também o uso excessivo da religião me fez parecer estar lendo a Bíblia e achar que fugia um pouco da temática futurista

Mas de nem todo mal foi a leitura,por serem capítulos curtos acaba sendo mais dinâmico,e mesmo com a escrita muito dramática tiveram alguns momentos com boa imersão no universo,e as mensagens passadas sobre fascismo, tirania,revolta do proletariado,a substituição de pessoa por máquinas foram interessantes

Então levando isso tudo e a importância da obra,posso dizer que não me arrependi de ler,porém não é um livro que voltaria a ler tão cedo
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Lilian_89 15/08/2021

Clássico do cinema

Finalmente tive a oportunidade de ler o livro da roteirista do filme de mesmo nome, um clássico do cinema e da ficção.

Confesso que esperava mais dessa narrativa mas no geral curti bastante a leitura. Um enredo ficcional interessante, especialmente se pensarmos na época em que foi escrito e filmado (ascensão do nazismo na Alemanha).

A narrativa gira em torno da vida na grande cidade de Metrópoles, onde temos uma sociedade altamente estratificada, onde os jovens senhores, filhos dos grandes poderosos vivem na superfície gozando de todas as benesses que a cidade tem a oferecer, enquanto que os pobres trabalhadores e suas famílias vivem no submundo, no subterrâneo da cidade, vivendo apenas para o trabalho nas máquinas.

Em um dado momento, o filho do grande senhor da cidade se apaixona perdidamente por uma moça oriunda da classe trabalhadora do subterrâneo e com isso uma revolução acontece na grande cidade, destituindo o poder das máquinas.

Uma leitura interessante e emocionante, além de bastante reflexiva, dado o momento em que foi escrita e o histórico da autora, que era simpatizante do nazismo.

Um clássico realmente.
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