Onde Estivestes de Noite

Onde Estivestes de Noite Clarice Lispector




Resenhas - Onde Estivestes De Noite


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Gus 15/05/2024

Pura magia em forma de literatura
"O morro dos ventos uivantes me chama. Vou, bruxa que sou. E me transmuto."

"Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões."

"Bem sei que terei de parar, não por causa de falta de palavras, mas porque essas coisas, e sobretudo as que eu só pensei e não escrevi, não se usam publicar em jornais."

"Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja."

***

Durante a leitura desse livro, que por sinal inclusive é o primeiro livro da Clarice Lispector que eu já li na vida, foi impossível não me sentir encantado com o poder que ela usa as palavras, é algo verdadeiramente sublime. Sempre me disseram que ela era uma bruxa, que usava as palavras para fisgar o coração de quem lê e agora eu compreendo plenamente.

O livro como um todo é bem construído, eu só achei um dos capítulos um pouco maçante de se ler, mas isso não atrapalhou em nada a minha experiência. Aquele que mais me apeteceu sem sombras de dúvida foi o que dá título ao livro, ele é tão cru, mórbido e exótico... Enquanto eu lia, consegui imaginar perfeitamente um filme de terror de tão vívidas que eram as descrições que Clarice usou. Eu estava lendo em público, então as minhas reações foram as mais engraçadas possíveis, visto que a cada parágrafo, era algo mais chocante ainda.

Enfim, para aqueles que desejam conhecer a literatura de Clarice Lispector e não sabem por onde começar, recomendo muito que leiam esse livro, não só porque por serem contos/crônicas e textos mais curtos, até porque textos curtos são os que requerem reflexões um pouco mais densas, mas sim porque a imagem que as pessoas têm da Clarice, a mestra das palavras, está presente aqui, em cada parágrafo, cada frase, cada palavra.
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Anderson 01/05/2024

As manigâncias de Clarice
Falar de fluxo de pensamento e Clarice Lispector a essa altura já é algo quase redundante. Até mesmo para os leitores iniciantes em sua obra. Contudo, em “Onde Estivesse a Noite”, coletânea de contos da escritora, encontramos novas abordagens para dar vasão para os seus tão estimados fluxos.
Inicialmente, notamos uma Clarice mais solta, com um humor sutilmente ácido e delicado. Confortável o suficiente para fazer os mais primorosos experimentos do criar literário, que por vezes, beiram a psicodelia e fazem uma interseção com o trabalho metalinguístico de forma muito interessante. Ao mesmo tempo que explora retratar um subjetivo individual, ela consegue englobar todo o sentir que é sufocado constantemente pelo caos mundano. E mesmo que em alguns contos, como o homônio “Onde estivesse a noite?”, a autora flerte com a psicodelia tamanho o seu fluxo e cortes abruptos de pensamento, ela também condensa, como em uma fotografia, os sentimentos mais secretos. Não há como não se chocar com tamanha clareza diante das incertezas do sentir.

Clarice faz muitos exercícios de escrita aqui, que ao mesmo tempo sintetizam sua obra, mas que se diferenciam do que fora feito até aqui. O intertexto é posto as claras, e o seu lugar de não-literatura é utilizado como um mecanismo narrativo. É o subjetivo dela a temática principal e ao mesmo tempo não é. São as visões de uma personagem enquanto concomitantemente a escritora Clarice nos cumprimenta ao fundo da cena, lembrando ao leitor que aquilo ainda é um conto. Surge a transparência de quem encara a escuridão da vida e suas instâncias mais perenes e brutas.

Então, a escuridão surge como uma temática.
E a noite desponta como grande reduto da escuridão, que faz para todos um eterno chamado: Sejamos tudo aquilo que não podemos ser na claridade. É hora de encarar o instintivo. E Clarice o faz como poucos foram capazes. Além de absorver, ela consegue transmitir em palavras: e eis o seu esforço homérico admirável. Ela dá palavras ao indizível.

Ao debruçar-se sobre a escuridão, a lucidez bruta da luz surge pontualmente como oposição. Então, em alguns contos teremos o contraponto evidenciado. Ou apenas, veremos refletido em dias ensolarados a brutalidade que surge ao nos depararmos com a verdade. Contos como “Seco estudo de cavalos” ou “O Relatório da Coisa” selam um acordo entre o ficcional e o real, criando uma obra que apenas Clarice poderia ser capaz de gerar.
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carlineeeee 29/04/2024

?
a partida do trem
as manigâncias de dona frozina
o morto no mar da urca
silêncio
uma tarde plena
tanta imensidão
vida ao natural
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Idayane.Ferreira 30/03/2024

Clarice Lispector: uma iniciação
Acho o título desse livro muito poético :)

Dos livros de contos da Clarice que li até agora foi o que menos gostei, ainda assim vale 5 estrelas, pois a experiência de ler a Clarice Lispector é totalmente mágica? uma viagem (quase alucinógena) pelo inconsciente.
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majuja 22/03/2024

Sempre um prazer ler Clarice
A sensibilidade e maestria que essa mulher descreve medos e angústias é sem igual. Acho que não gostei de uns 2 contos do livro só.
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raíssa. 16/03/2024

A menção honrosa desse conjunto de contos vai pra: Tempestade de almas! Grifaria o conto praticamente inteiro. Foi um fluxo de consciência que fez muito sentido pra mim. Mas outros que gostei muito: Silêncio, A partida do trem e À procura de uma dignidade.
Mariana113 16/03/2024minha estante
Acrescentarei-o à minha lista




beatriz3345 26/02/2024

Mediano
O mais brisado da Clarice que li até aqui, ela inclusive deixa claro que nem ela entende o que ela mesma escreve hahahahahah mas é gênia sempre, não foi um livro que me prendeu 100%, mas tem contos magníficos! o que mais me chamou a atenção foi ?é para lá que eu vou? e o mais cheirado é o que dá nome ao livro
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ariane169 16/02/2024

Onde estivestes de noite
"O que acontecia a uma pessoa quando esta não atendia ao chamado da noite: acontecia que na cegueira da luz do dia a pessoa vivia na carne aberta e nos olhos ofuscados pelo pecado da luz ? a pessoa vivia sem anestesia o terror de se estar vivo. Não há nada a temer, quando não se tem medo."
São contos que se passam no cotidiano. Lindo e profundo, amei.
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verônica 06/02/2024

No futuro, se diz: se eu sei, eu não nascia
O mais difícil até agora, penso que por ser mais surrealista que o costume, mas ainda assim incrível! queria entender 100% seus textos, porém estou longe disso..
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Phen0 02/02/2024

Primeiro livro da Clarice Lispector que li. Não é fácil entender, eu diria que não entendi muita coisa, mas também consegui compreender muito. É um livro tocante que, ao meu ver, fala sobre a vida, que apesar de sofrida, vale a pena ser vivida.
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Heitor172 19/01/2024

Muito reflexivo e bem escrito
"Onde Estivestes de Noite" é uma conjunto de contos, todos eles reflexivos (característica da Clarice Lispector, incrível autora desse livro). Além disso, as histórias são um tanto inusitadas, como um sonho noturno, algo que fica mais nítido no conto que nomeia a obra.
Todos os contos tem pontos fortes, é natural eu ter tido uma experiência melhor com alguns deles do que com outros. Afinal, livros com várias histórias ou vários poemas acabam fazendo o leitor ter uma opinião diferente sobre cada um deles. Apesar disso, a escrita da Clarice é bem complexa, então talvez o que eu precise nos contos que me agradaram menos são releituras para a familiarização.
Essa obra foi uma grande abertura para mim nos livros de Clarisse Lispector, e me deixou muito curioso para ler outros escritos dela.
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Lacrimosa 12/01/2024

?°?.
Clarice você me paga!!!!! a mulher tira da minha mente todas as coisas que penso e as transforma em palavras que eu possa ler!!!!
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Eliane406 10/01/2024

Personagens em trânsito
O 14° livro de Clarice, na categoria contos, o 15° que estou lendo!

O que mais gostei foi Tempestade de Almas, pág.91.

Nesta reunião de textos, passo a passo, as narrativas vão compondo uma cartografia de impressões, sensações, notícias da vida carioca, onde figuram também amigos, referências afetivas e artísticas - Alberto Dines, Fauzi Arap, Raul Seixas, Marli de Oliveira, Nelson Rodrigues, Roberto Carlos, Ângela Pralini. Flashes fotográficos que cristalizam, em imagem, um instante no movimento sem parada da existência, o eixo que enlaça as narrativas dessa coletânea. Os personagens sempre em trânsito: A visão lírica de todos os personagens, em qualquer circunstância, no entanto, há um sentimento de solidão e uma zona de silêncio que atravessam essas pequenas peças.
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Catea 05/01/2024

Talvez seja isso ao que se poderia chamar de estar vivo
Como sempre ler Clarice é uma experiência incrível, contos curtos mas maravilhosos. Textos incrivelmente humanos, todos sentimos o pesar de idade , o medo da morte, o medo da perca das amizades, o medo de não se conhecer.
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Jasmine 05/01/2024

Sobre ?Onde estivestes de noite?, de Clarice Lispector
?O futuro da tecnologia ameaça destruir tudo o que é humano no homem, mas a tecnologia não atinge a loucura; e nela então o humano do homem se refugia.?
?Nos textos que compõem Onde estivestes de noite estão contos e crônicas que Clarice publicava em sua coluna no Jornal do Brasil. O excerto acima apresenta uma ideia que atravessa o livro inteiro: (com licença, sem pretensão de explicar o que não carece e não pode ser explicado da escrita de Clarice) poderíamos dizer que este livro guarda o mais profundo da noite no humano, a sua loucura, o sonho, o desconhecido de si que resulta na coragem fatal da vida, o espírito atento, à Lua alta e a verdadeira presença, o oposto do ?Sveglia? - enigma construído no texto ?O relatório da coisa? e que ela chama de ?antiliteratura da coisa?.

A palavra depois da palavra, cada coisa depois do seu limite, a ideia depois do pensamento e a realidade depois do sonho, é o que Clarice desvenda, persegue e insiste em apalpar, na escrita corajosa de um mundo (o seu) em silêncio. E apresenta imagens: a liberdade indomável de um cavalo, a imoralidade na velhice, a vida noturna dos cães, a carne aberta, em tudo, intimidade, o sobrenatural, o divino e o demoníaco, o que acorda e nos afasta de quem somos. Clarice, a beira de seu corpo, dizendo o amor. ?À beira do amor, estamos nós.??
Um livro noturno, banhado de sonho e mistério. Banhado, sim, e ainda muito molhado, reluzente e límpido, para ler de manhãzinha, com a coragem de quem atravessou a noite atento à escuridão para, à luz do dia, depois do sonho fatídico, encarar a realidade, mesmo que louca, viva, muito viva, bruxa e humana.

?O que acontecia a uma pessoa quando esta não atendia ao chamado da noite: acontecia que na cegueira da luz do dia a pessoa vivia na carne aberta e nos olhos ofuscados pelo pecado da luz ? a pessoa vivia sem anestesia o terror de se estar vivo.?
?Onde estivestes de noite? Ninguém sabe. Não tentes responder ? pelo amor de Deus. Não quero saber da resposta??
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