Resenhas - Olhos d'água

Jenesaispas 06/06/2024

Qual era a cor dos olhos da minha mãe?
Um livro difícil não do ponto de vista de vocabulário, mas do conteúdo em si. Ele aborda temas muito sérios e importantes. Apesar de se tratarem de contos ficcionais, são coisas que realmente ocorrem na vida real e nós nem nos damos conta porque está fora de nossa bolha.
Um livro difícil e angustiante, porém extremamente necessário.

luuas.reads 06/06/2024

Poético e brutal
Um dos meus favoritos do ano.

Real e doloroso, me emocionei em quase todos os contos. Impossível de largar esse livro!

Maria Clara 05/06/2024

A cor dos olhos da minha mãe era de olhos d'água.
Fenomenal! O lirismo em conjunto com o sofrimento da vida negra, as palavras demonstram emoções, que fazem o leitor mergulhar no momento e preencher seus olhos com água.

O rascimo é como uma faca laser, que dilacera, machuca e deixa a carne em pedaços. Ao mesmo tempo que o livro é poético também é doloroso.

Não consigo acreditar e nem pensar como podem pessoas dizer que o racismo não existe, que a escravidão nunca ocorreu, porém aconteceu e continua ocorrendo encoberta pela desigualdade social e racial.

No final, eu me pergunto, a cor dos olhos dos meus ancestrais negros e negras também eram de olhos d'água?

chonps 05/06/2024

Que livro!
Não tenho palavras para dar para esse livro. Esse é o primeiro livro da Conceição que leio e saiu encantada, apesar de ter assuntos pesados e que te deixam com os olhos cheios d' água, eu me senti flutuando ao ler esse livro, Conceição tem uma escrita que parece poesia, e é poesia! Me senti como se estivesse nas nuvens com a forma de escrita dela.

São 14 contos mais ou menos e cada um tem uma particularidade que me chamou muita atenção. No início do livro, Conceição começa a contar sobre os olhos de sua mãe, ela começa falar sobre qual seria a cor dos seus olhos, o capítulo todo eu senti uma certa angústia, qual seria a cor dos seus olhos? Ela se pergunta o tempo todo, e no decorrer da leitura acabei pensando na minha mãezinha, aí no final do livro a filha dela olha para ela e pergunta: Mãe, qual é a cor tão úmida de seus olhos? (p. 19). Caramba! Isso aqui foi para acabar comigo.

No próximo conto ela conta história de Ana Davenga, não vou dar muito spoiler, mas foi nesse conto aqui que percebi que Conceição escreve poesia. Ana Davenga é uma mulher que se envolve com um cara e tem uma paixão avassaladora, não se importa sobre quais são os negócios de seu amado. Ele também me trouxe um tom angustiante, Ana fica preocupada de não ver seu homem por perto, e no final do conto Ana tinha se esquecido dela mesma. Dentro desse conto ela usa “gozo-pranto” para se referir ao seu homem e também a uma situação, essa palavra soou como música em meus ouvidos.

O próximo que vou contar é “Luamanda”, esse eu gostei tanto que tatuaria em minha pele para nunca esquecer. Conta história de uma mulher que viveu tudo o que tinha que viver, apesar das dificuldades, viveu uma vida que era dela, a história é tão linda, Conceição fala dos amores de Luamanda e enquanto eu ia lendo me via flutuando em um mar de palavras bonitas e saborosas de pronunciar: “vida-estrada”, “corpo-coração”, “gozo-dor”, “águas-lágrimas”, “útero-alma”...

“O cooper de Cida” mostra uma mulher que vive na correria, tudo tem que ser feito no tempo certo, não pode se distrair, se não vai se atrasar e atrasos faz com que dinheiro seja perdido, precisa andar correndo pois o tempo está passando. Acabei me sentindo muito representada, pois a vida é uma correria, preciso correr para pegar o ônibus se não vou me atrasar para o trabalho, preciso andar rápido se não vou perder a aula na faculdade, por que essas pessoas andam tão devagar?

Enfim, o livros é cheio de contos maravilhosos, esses são só alguns que me chamaram atenção, mas todos são impressionantes da sua maneira, como “Zaíta esqueceu de guardar os brinquedos”, “Di Lixão”, “Lumbiá”...

“Olhos d’água” vai ser uma leitura que irei levar para a vida, com certeza terá um dia que pegarei novamente nesse livro e irei me embriagar nessas palavras que parecem poesia.

Ariana Xavier 05/06/2024

Olhos d'água
São contos cruéis, poéticos, reais e por isso, difíceis de ler.
Alguns contos me tocaram muito, em outros fiquei bem confusa.
É um livro incrível só não é muito para mim. rs

"E quando a dor vem encosta-se a nós, enquanto um olho chora, o outro espia o tempo procurando a solução."

isadormiu 04/06/2024

Aah esses olhos marejados
Chorar é algo tão simples tão fácil mas ao mesmo tempo consegue ser tão complexo e difícil?choramos por nossas tristezas mas também choramos por nossas conquistas?ah como é complicado chorar
esse livro me fez abrir os olhos para muitas coisas e muitas de minhas ações, mas não foi tudo aquilo que eu imaginava que seria, acho que coloquei minhas expectativas muito altas?quem sabe em um próximo choro

Lyne.Pacomio 04/06/2024

Pesado
Um livro cheio de dilemas sociais , sexuais e outros comportamentos humanos e vivência em favelas . Temos vários contos pesados porém com pesos diferentes. Apesar de entender o peso e a importância desse livro, a leitura não me pegou como eu gostaria. Porém achei a escrita maravilhosa e as histórias incríveis.

Déh 03/06/2024

"Se as pernas não andam, é preciso ter asas para voar"
Confesso que não gosto muito de contos, mas acabei gostando da maioria dos contos desse livro. Eles em suas diversas histórias e perspectivas retiraram a vida na favela, a violência e a exposição. Desde a infância com Naira á fase adulta com Davenga. Cada história te toca e comove de um jeito diferente. Quando você acha que as histórias não podem ser mais pesadas elas vão lá e pioram! A história de Duzu por exemplo, vendida para um Bordel, sendo exposta ao mundo sexual e se prostituindo desde a infância.
Maria uma diarista trabalhadora que estava levando frutas (dadas de presente pela patroa) para seus filhos. E acabou sendo mais uma vítima da violência, uma vez que o pai de seu primeiro filho assaltou o ônibus que estava. E mesmo noa seus últimos suspiros pensava nos filhos e se eles iriam gostar da fruta inédita.
A história de Natalina, uma mulher periférica que sabia o valor da vida e da morte. "Natalina sabia de certos chás. Várias vezes vira a mãe beber. Sabia também que às vezes os chás resolviam, outras vezes, não. Escutava a mãe comentar com as vizinhas:
-Ei fulana, o troço desceu! -E soltava uma gargalhada aliviada de quem conhecia o valor da vida e da morte". Isso mostra a decadência da vida na periferia, o desespero de uma mulher que não consegue alimentar mais uma boca, o aborto ilegal e como as mulheres pobres se expõem em meio ao desespero de não ter condições de gerar uma nova vida. E também retrata a sua força e o dilema que alguém que é estuprado passa. "Guardou tudo só para ela. A quem dizer? O que fazer? Só que guardou mais do que o ódio, a vergonha, o pavor, a dor de ter sido violentada" Isso retrata muito a realidade, as pessoas se sentem sujas e demoram anos para conseguir falar sobre aquilo...
Salindra é o retratado da mulher que sofre um relacionamento abusivo. Ela é rodeada de ameaças do marido como tomar os filhos, se suicidar... É um homem abusivo que fazia ameaças psicológicas. Mas apesar de tudo ela resiste e se mantém forte, com fico de ser feliz novamente.
Luamanda revive suas memórias e experiências sobre o amor. Da juventude a velhice. Com homens e mulheres... Uma vida experimentando o novo, e mostrando que nunca é trade de mais para viver.
Na história de Cida é retratada a vida de uma mulher sem tempo para viver, para si mesma... Uma mulher que não pode perder 6 meses em um curso para aprender uma nova língua, nem mesmo para se dedicar ao amor e ao próprio prazer. Mas, de repente ela parou. Parou para olhar o mar no qual passava todos os dias, parou para olhar as pessoas com quem sempre cruzava, e assim percebeu que a vida era frágil e decidiu tirar um tempo para ela mesma. Essa história me faz refletir sobre a vida que ando levando. Sem tempo para descansar, ou fazer o que gosto, mas esse mundo é frágil e passageiro.
A história de Naíta e Zaíta mostra uma mãe violenta que cria suas filhas na favela, onde está expostas a violência constante. Principalmente a tiroteios de polícias com traficantes, e em um desses tiroteio Naita acaba morrendo, e quando sua irmã a encontra com toda a ingenuidade de uma criança acaba falando dos brinquedos...
Todas as histórias tem algo em comum, retrataram a violência que pessoas periféricas estão expostas e como precisam ser fortes para resistirem, assim como precisamos enfrentar diariamente nossos problemas, a violência em que estamos expostos.

Fabiana.Ferreira 03/06/2024

?Eram tantas lágrimas, que me perguntei se minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a face. ?
Cada conto desse livro é real, profundo e toca em nosso âmago.

Laura4016 03/06/2024

Interessante leitura
Ler contos não é muito o meu tipo ideal de leitura, esse foi meu primeiro contato com Conceição Evaristo, que reune mini contos sobre personagens subalternos.
Fala sobre diferentes historias, alguns contos se destacam mais como o ?Ana Davenga? que é sobre a esposa de um bandido, mostrando sua historia e como ela se relaciona com seu marido. Outro conto que me chamou atenção foi ?Quantos filhos Natalina teve??, bem interessante, mostrando outra realidade.
Vale a super a pena a leitura! Rapido e fluído! Da pra ler em uma tarde.

Ana Ju 02/06/2024

Uma obra repleta de pedradas
Honestamente não esperava nada menos de Conceição Evaristo.
A cada historia eu ficava mais impactada, a cada personagem introduzido eu me debruçava em tristeza, a cada conto eu mergulhava num mar de lágrimas pela realidade retratada.
A escrita maravilhosa e a imersão trazida em Olhos D'Água me fizeram refletir muito sobre a triste vivência não mostrada pelos jornais dos negros das favelas e abandonados pelo mundo. Apesar de ser algo que eu tenho completa consciência, segue sendo difícil engolir como essa é a vida da maioria dessas pessoas.
Obrigada pela lição e pelo choque tão necessário de realidade Conceição.

Juliane.Clarice 02/06/2024

"Minha mãe trazia, serenamente em si, águas correnteza. Por isso, prantos e prantos a enfeitar seu rosto. A cor dos olhos de minha mãe era cor de olhos d'água."

Conceição Evaristo consegue fazer a gente se envolver em cada história, de uma maneira tão simples e forte.
Não precisa de muito. Cada conto com sua emoção, com sua reflexão, com o mais puro cotidiano de muitos.


Incrível.

Eloiza.Teodoro 02/06/2024

Muito bom!
Acho que devemos valorizar mais as escritoras e escritores nacionais. Gostei muito da forma que a Evaristo narra essas histórias que tocaram meu coração e consciência. A forma meio poética em que ela escreve agarram nossa atenção. Pretendo ler mais livros da autora..

lujin 02/06/2024

Este livro evocou em mim uma mistura de tristeza e frustração. Compreendo sua importância na representação das dores e conflitos de pessoas afro-brasileiras na atualidade, mas, pessoalmente, não consegui apreciá-lo totalmente.

???
(esse livro eu concluí com o audiobook.)
maratona #mlv cidade das ilusões

legalaice 01/06/2024

Quanto de grandeza é necessário para pensar-criar-narrar vivências nunca escutadas, diminuídas pelo que insistimos em chamar de vida?
as palavras de Conceição afirmam o potencial universo de cada ser ordinário que samba numa roda, que espera um ônibus, que senta na porta de uma igreja, de quem acorda às 05:49 para ver o tempo e desejar um dia ensolarado.
pequenezas assim me levam a um estado meditativo sobre estar viva.
"...qualquer vida era um risco e o risco maior era o de não tentar viver." (p. 26)