Prim 17/05/2024
Dor e esperança
Versão chata:
São contos que narram experiências do mundo com muita sensibilidade, mas sem deixar escapar a dor e a crueza das vidas reais ali representadas.
Versão mais real:
C@ral#o, o que foi isso que eu li?
Sinto que a minha redoma de privilégios sofreu avarias irreparáveis. Não dá para ler e não sentir alguma coisa quebrar aqui dentro do peito.
Ter a consciência de que o que eu considero dor não pode ser comparado com a dor em algumas realidades é até simples. Porém, perceber que a esperança é um privilégio, isso é bem diferente.
Para mim, e para a maior parte das pessoas que conheço provavelmente, pensar em uma solução para um problema, ou desejar algo que vá além da mudança da situação atual, ou mesmo esperar algo diferente da vida, são coisas normais. Isso envolve esperança e o "poder fazer escolhas".
Mas, e se essas coisas lhe são tolhidas?
Ninguém entende como se sobrevive, dia após dia, sem esperança, porém, milhares de pessoas são forçadas(!) a isso.
E aqueles que são privilegiados, na maioria das vezes, nem sequer têm noção de que isso acontece. Dizer que alguém tem uma vida difícil é um entendimento, mas ter consciência da dimensão dessa dificuldade... isso dá bem mais trabalho.
Todos os contos desse livro trabalham muito bem essas questões. A realidade não só é dolorosa, como, muitas vezes, não se tem sequer o privilégio de esperar um final... diferente do imposto pela sociedade, quiçá um final feliz.
Valeu muito a leitura.