spoiler visualizargabs 21/07/2021
Ótimo!
Alerta geral - o tema máfia é sensível porque envolve pautas diversas que não são leves de nenhuma forma. Dito isso, há ciência geral de um considerável número de gatilhos (entre eles eu possa citar homofobia, misoginia e abuso doméstico para além de violência deliberada, estupro, linguajar, drogas e prostituição). Que fique claro que faz parte da temática tratar e mencionar esses assuntos, não romantizar, mas ainda estão aí.
Partamos para a resenha desse volume em especial.
Primeiramente, Cora Reilly evoluiu demais desde Luca e Aria. E não é uma crítica ao casal específico, é mais sobre a escrita e o envolvimento que ela proporciona. No primeiro livro, a trama geral se perde e da lugar à perda de virgindade da mocinha com o cara mau, que ela tenta conquistar desesperadamente para não passar o resto da sua vida infeliz. E é isso. Eles são legais e cativantes, sim, mas juntos, sozinhos? Não dou muito por eles. Aria é uma menina ingênua e despreparada enquanto Luca é um cara malvado por causa do meio que foi criado, desprendido das emoções para se defender. E daí?
Dante e Valentina, por sua vez, cativam juntos e separados. Muito provavelmente porque tem uma construção histórica melhor - o que é compreensível já que ambos os protagonistas são bem mais vividos do que os anteriores. Os dois passaram por decepções amorosas e desempenham papéis fortes com posturas poderosas. Valentina não é a típica virgem que quer conquistar o marido, é uma mulher com vontades e libido que quer saber como é ser desejada depois de atrasar sua felicidade para colocar a do seu ex-marido em primeiro lugar e servir como ?esposa de fachada gay?. Dante não é o típico bad boy de máfia que não pode ter sentimentos, pelo contrário, ele amou sua ex-mulher profundamente até o dia que foi vencida pelo câncer.
O romance com os dois é explosivo da melhor maneira. Valentina tenta avançar, quer ser querida e desejada e Dante recua porque não quer desrespeitar a memória ao amor que viveu com sua primeira esposa. Se desenvolve bem, devagar mas não tanto, o sexo é bom e adequado, as desavenças não são forçadas para atrasar o ?até que enfim? do livro, se tornam profundas e despertam algum interesse.
O ?mas? é que Cora parece ter um problema maciço em desenvolver o que cria. Fico contente com o desfecho que teve o caso do Antônio e da Bibiana com o Tomasso, foram justos e, como não pertencem ao enredo principal, não esperava muito elaboração da parte deles. Alerta spoiler para esse trecho, Dante abre o jogo sobre a mulher e o bloqueio que ele criou na última página do livro e isso me incomoda. Para ser justa, o último capítulo apresenta, sim, mudanças no comportamento da personagem, mas é, ainda, algo ?muito rápido?. A situação gato-rato entre o casal é divertida de acompanhar e constrói expectativa, uma que não foi tão bem suprida, na minha opinião.
Não acho que Cora deveria aumentar o livro para explicar um pouco mais, mas um pouco mais de empenho nessa conclusão do casal teria sido espetacular. Ficou muito ?sofreu um acidente e ele abriu os olhos? e isso já ultrapassou o clichê e ramificou para um ?mais do mesmo?, que é chato. É ruim o que aconteceu com a primeira esposa do Dante e com ele, mas a C criou expectativas tão altas com a maneira como ele, um homem que alegou ter ?metido uma balada na cabeça de um traidor? aos >catorze anos< que foi meio decepcionante, sim.