O Primo Basílio

O Primo Basílio Eça de Queiroz




Resenhas - O Primo Basílio


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Lua 02/09/2017

Aquele que foi criticado por Machado de Assis!
Para quem não é tão habituado à literatura clássica, o início da leitura pode se mostrar um obstáculo difícil de ser ultrapassado. Não obstante, com um certo esforço que pode facilmente ser nutrido pelo enredo envolvente do livro, tal obstáculo torna-se minusculo. Essa foi a minha primeira experiência com o Eça de Queiroz e confesso que a apreceei bastante, embora, devo acrescentar, não me enche os olhos voltar a ler algo do autor. A verdade é que apesar de ser uma grande leitura, as descrições exageradas afastam as intenções de uma nova leitura do Eça, ainda que tenha convicção de que repetirei a mim mesma sobre as qualidades da obra para que possa voltar a lê-lo.

Dando uma rápida lida na parte comentada do livro, vi sobre a famosa crítica de Machado de Assis. Ainda que não tenha lido nenhuma obra dele, reconheço sua grandiosidade e a respeito. Porém, em alguns pontos me vi obrigada a discordar. Estarei utilizando-me de tal crítica para dar prosseguimento à minha já que a achei demasiada interessante e gostaria de disssertá-la.


"Luísa resvala no lodo, sem vontade, sem repulsa, sem consciência; Basílio não faz mais que empuxá-la, como matéria inerte, que é. Uma vez rolada ao erro, como nenhuma flama espiritual a alenta, não acha ali a saciedade das grandes paixões criminosas: rebolca-se simplesmente. Assim, essa ligação de algumas semanas, que é o fato inicial e essencial da ação, não passa de um incidente erótico, sem relevo, repugnante, vulgar. Que tem o leitor do livro com essas duas criaturas sem ocupação sem sentimento? Positivamente nada. "

Para Luísa, mulher burguesa da século XIX, é inevitável que sua vida de caía num infinito tédio visto que a sociedade não oferecia muitas oportunidades para as mulheres, a não ser casar e ter bons filhos. Com efeito, Luísa se instala em um bom casamento, ama e é amada por Jorge, seu marido; vive uma vida confortável e é mimada de todas as maneiras. O que a falta afinal? À primeira vista é fácil julgá-la superficial, uma mulher que se encontrou ao primo sem grandes motivos. Entretanto, analisando mais atentamente o contexto, veremos que na posição de Luísa não é tão simples assim viver como vive: Ela sonha em viajar, anseia viver as grandes paixões que ler nos romances, mas o que tem apenas é uma vida pacata, sujeita às ações doméstica. Ademais, à visão de sua amiga Leopoldina, que está sempre engajada a aventura românticas, sua vida toma um tom mais monótono. Ela também quer viver tais aventuras! E Basílio a oferece isso. Logo ela caí nas investidas sedutoras do primo, que lhe jura levá-la para Paris, repete o quanto a ama.

"Que outros desejem a fortuna, a glória, as honras, eu desejo-te a ti! Só a ti, minha pomba, porque tu és o único laço que me prende a vida, e se amanhã perdesse o teu amor, juro-te que punha um termo, com uma boa bala, a esta existência inútil!"

Em um dado momento é mostrado que isso não passa de palavras vazias que buscam seduzi-la para às suas luxúrias. Ele, de fato, a aprecia, mas limitá-se a isso, um simples passatempo enquanto se hospeda em Lisboa. Logo ele arranja um lugar para se encontrarem:

"Por um feliz acaso descobri o que precisávamos: um ninho discreto para nos vermos... [...] Batizei a casa com o nome de Paraíso; para mim, minha adorada, é com efeito o paraíso."

Passam a se encontrar então todos os dias no Paraíso, Basílio pouco imoortando-se com a reputação da jovem Luísa, que passa a incomodar-se com isso e com o fato dele demonstrá-la pouco estima.

"E depois positivamente não a respeitava, não a considerava... Tratava-a por cima do ombro, como uma burguesinha, pouco educada e estreita, que apenas conhece o seu bairro."

E, encerrando este trecho do Machado, que temos nós, leitores com isso? Muitas pessoas vivem, até hoje, com esses sentimentos. É justamente esse o encanto da leitura, a demonstração nua e clara do interior humano, sem sempre precisamos do que estimamos, mais tais desejos nos cegam. Alguns, quando desfrutam de boa vida, não se satisfazem e estão sempre a procura de algo a reclamar.

Machado critica também "A preocupação constante do acessório", cenas que eles julgam desnecessárias. Concordo em parte com tal colocação. As cenas talvez sejam necessárias para a obra, mas o estendimento das descrições do pequenos detalhes deixam o texto cansativo, visto que se trata de uma linguagem bastante rebuscada. Não ser isso, o livro seria devorado facilmente, dado o envolvimento do enredo.

Os demais personagens são extremamente bem construídos, mostrando cada um sua importância na trama, com ênfase especial à Juliana, é claro. Apesar do pai do Eça, em carta, aconselha-lhe que havia um realismo exagerado em sua personalidade, já que "os ódios contra os amos quadram-se mais a propriamente nos países onde a classe servil está sempre em rebelião.", esta é de fato a personagem mais importante. Apesar de bastante rancorosa e, por vezes, odiosa, é extremamente compreensível sua raiva dos patrões. Ela que cuidou da tia de Jorge quando padecia no leito da morte, e apenas recebeu o desprezo de Luísa como troca. Juliana é o reflexo do trabalho mal remunerado da época que, infelizmente, se estende até os dias de hoje. Luísa, portanto, não é mocinha vítima de uma empregada invejosa; na verdade, nenhum personagem ali é integralmente vítima. Nem mesmo o Jorge, o tão traído marido, já que ele também demonstra um desprezo enorme pela empregada. Talvez o único que tenha inteiramente um bom coração seja o Sebastião que sempre buscou ajudar.

Em suma, é um romance bem complexo, inteligente, que tem inúmeras vertentes capaz de nos fazer refletir. Uma verdadeira obra prima!

"É que o amor é essencialmente perecível, e na hora em que nasce começa a morrer."

PS. A adaptação cinematográfica de O primo Basílio, estrelado por Débora Fallabela e Fábio Assunção, retratada com dignidade a obra, vale muito a pena assistir depois dessa deliciosa leitura.
Lua 10/09/2017minha estante
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Bruna 28/09/2017minha estante
Amei sua resenha.


Lua 10/12/2017minha estante
Muito obrigada!


Aline Casellato 19/03/2018minha estante
Adorei a resenha, penso o mesmo que você. Eça não busca focar no casal em si como é criticado por Machado de Assis, e sim criticar a sociedade. Vemos por exemplo o momento em que descobrimos que o marido de Luisa também a traiu e como isso não tem impacto nenhum na história. Porém a dela a deixa louca, doente, a torna um objetivo de tortura psicológica de Juliana. Como tantas outras críticas que me fez notar como não importam as épocas, o passar dos anos , o comportamento humano é sempre o mesmo.


Lua 29/03/2018minha estante
Comentário perfeito, Line!


Marselle Urman 19/02/2019minha estante
Excelente Bruna ???




John 30/01/2011

Mais uma denúncia da decadência de uma sociedade e obra prima do realismo.
Luisa tinha uma vida comum até surgir em sua vida o primo que um dia foi seu grande amor. Durante a ausência de Jorge, seu marido, que viajava a trabalho, ela vê sua vida confortável desmoronar aos poucos e entra em estado de desespero com a ardente paixão em que a envolveu seu primo, Basílio. O fim da relação extra conjugal seria a resolução de tudo, mas Luisa não contava com as chantagens de sua empregada, Juliana, que fará de sua vida um verdadeiro inferno.
Gosto muito desse livro de Eça, ele mostra a decadência da sociedade de Lisboa e a trágica relação extra conjugal entre Luisa e seu primo.

Trecho preferido: "- Hei de sair se eu quiser! Se eu quiser!
- Joana! - bradou Luísa.
Queria chamar a cozinheira, um homem, um polícia, alguém! Mas Juliana descomposta, com o punho no ar, toda a tremer:
- A senhora não me faça sair de mim! A senhora não me faça perder a cabeça! - E com a voz estrangulada através dos dentes cerrados: - Olhe que nem todos os papéis foram para o lixo!
Luisa recuou, gritou:
- Que diz você?
- Que as cartas que a senhora escreve aos seus amantes, tenho-as eu aqui! - E bateu na algibeira, ferozmente."
(pág.178)
giosg 01/11/2013minha estante
tb amo esse trecho!


John 28/12/2013minha estante
Acho o diálogo mais bem escrito rs


Henrique 21/09/2015minha estante
Esse livro foi um deleite. Devorei as páginas e fiquei preso, querendo saber o final.
Foi meu primeiro livro de Eça de Queiroz e depois desse li A Relíquia, que me matava de rir em alguuns momentos calhorda do protagonista.


Leandro.Alves 19/05/2020minha estante
Comecei a ler e achei chato, depois de umas 200 páginas não conseguia parar mais de ler.


Lenicio 24/05/2020minha estante
Além do foco principal da trama (opacidade do casamento que leva ao adultério), percebemos outras questões abordadas


Lenicio 24/05/2020minha estante
Além do foco principal da trama (opacidade do casamento que leva ao adultério), percebemos outras questões abordadas




calpurnia 23/02/2024

Só é clássico porque é velho
A história? Uma porcaria
Já li livros com uma lição muito melhor por trás, que realmente te ensinam valores e importâncias da vida
Mas sabe por que esse livro tem todo esse respeito e nome? ?Ai que vai no vestibular ?
É só porque é velho!
Só porque é de 1800 e bolinhas e foi pioneiro em tal escola literária
Foda se?
Realmente odeio esse mecanismo da escola nos obrigar a ler esse tipo de livro com a desculpa de que tem algo maior por trás
Já li clássicos melhores também
Uma porcaria
Fefenoir 23/02/2024minha estante
Simmm achava que odiava ler por causa dos livros da escola. Não suporto Machado de Assis


Fefenoir 23/02/2024minha estante
Vc sabe quem nos obrigava a ler esses clássicos. Agora dá vontade de chegar pra ela e contar toda a trilogia de Príncipe Cruel igual ela fazia com esses livros KKKKKKKKKK


calpurnia 23/02/2024minha estante
Pois é cara


calpurnia 23/02/2024minha estante
Esse tipo de livro que desmotiva a leitura.




Talita 18/10/2020

Entediante
Nesse livro conhecemos um pouco da burguesia e da realidade de Portugal. Eça de Queirós consegue, assim como Machado de Assis, fazer críticas extremamente sutis a problemas de uma sociedade hipócrita, sendo esse o grande ponto positivo da leitura.
O que não gostei foi a história no geral, que não me prendeu e que por vezes chegou a me dar certo tédio. Os personagens são na maioria das vezes são muito chatos.
Porém claro, como é um clássico é importante dar uma chance pra leitura em algum momento. Mas esse com certeza não foi um livro tão bom pra mim.
Kaio.Oliveira 26/10/2020minha estante
Ja n vou ler kkkkk obrigado


Talita 26/10/2020minha estante
Talvez vc goste kkkkkk (não quero carregar essa culpa)


Kaio.Oliveira 27/10/2020minha estante
Vai carregae




Duda 18/02/2022

O primo Basílio
Apesar de achar a leitura um pouco arrastada, gostei muito do livro. Eu só tinha assistido ao filme e lembro que a Luiza me irritava muito, porém no livro ela não me causou nenhuma irritação.
Rafael Kerr 18/02/2022minha estante
Oi. Tudo bem? Talvez você já tenha me visto por aqui. Desculpe o incomodo. Me chamo Rafael Kerr e sou escritor.  Se puder me ajudar a divulgar meu primeiro Livro. Ficção Medieval A Lenda de Sáuria  - O oráculo.  Ja está aqui Skoob. No Instagram @lenda.de.sauria. se gostar do tema e puder me ajudar obrigado.


Aline Michele 19/02/2022minha estante
O filme foge bastante do que é o livro né ?


Duda 19/02/2022minha estante
Sim, gostei bem mais do livro.




Lucas 23/10/2016

O ângulo lascivo e perturbador do amor
O português José Maria Eça de Queirós (1845-1900) foi um dos mais importantes escritores da língua portuguesa de século XIX. Realista e romântico, seus finos traços de ironia e críticas sociais se fazem muito presentes em um dos seus três mais importantes romances, O Primo Basílio, lançado em 1878 (os outros dois são O Crime do Padre Amaro, de 1875 e Os Maias, de 1888).
O Primo Basílio é um dos únicos livros com um título composto por nome próprio onde o protagonista não é o personagem que dá nome à obra. De fato, uma das características mais marcantes da história é a ausência de um personagem principal. Luísa, esposa do engenheiro Jorge, é, por exemplo, muito mais bem explorada e desenvolvida do que seu "primo". O enfoque narrativo é sempre voltado a tudo que cerca determinado personagem em determinado momento, sejam seus pensamentos, ações ou exposição de opiniões. E Eça de Queirós faz isso de uma forma muito sutil, sem simetrias ou divisões e pausas determinadas, enriquecendo sobremaneira o "fluir" da história contada.
Outro aspecto enriquecedor de O Primo Basílio se refere a já citada crítica sagaz e ironicamente fina que o autor faz a respeito da sociedade lisboeta da época. Um "bon vivant" rico e inescrupuloso, um trabalhador aparentemente honesto, um filósofo com ares de conselheiro, um indivíduo letrado e sem o devido reconhecimento, um personagem com fortes desejos de ascensão social, uma rua com casas simples, mas repletas de moradores propensos a fofocar, e, lógico, uma mulher linda com aparente ares de mocinha, são "tipos" que compõem as páginas do romance. A edição da coleção Abril de 1982 trás uma carta de Eça de Queirós ao seu amigo e escritor, o também português Teófilo Braga, onde ele diz que conhecia em Lisboa, pelo menos, vinte núcleos de pessoas idênticos ao desenvolvido na história, na sociedade da capital portuguesa da época. Assim, O Primo Basílio faz um retrato bastante preciso de Portugal na segunda metade do século XIX, em particular no que diz respeito a tudo que cerca a instituição do casamento, que por vezes possuía uma fachada "colorida", mas com um interior deficiente (o que ainda é muito presente no mundo atual).
Quanto à história, praticamente nada precisa ser comentado. Trata-se de um enredo simples, com poucos personagens e núcleos. Um personagem peculiar e repugnante surge, muitos anseios são criados com esta aparição e surgem mistérios e agonias que desembocam no desfecho, um pouco inesperado e injusto. Os capítulos são grandes (o que gera um pouco de cansaço em alguns momentos), mas a leitura flui muito bem, pois gera uma grande expectativa e esperança que determinado (s) personagem (s) mude sua postura ou realize seus planos (por vezes maquiavélicos).
Apesar de aparentemente simples, O Primo Basílio mostra o lado sinistramente destrutivo do amor: a lascívia, capaz de desmontar famílias e casamentos. Esta exposição (sem "clichês" e situações forçadas) é capaz de gerar infinitas reflexões ao leitor: qual o poder do desejo, carnal, sobre o amor puro e simples? Até onde o ser humano é capaz de administrar esse poder dentro de si? A história mesmo mostra uma resposta a estas perguntas. Antes de tudo, o casamento está sujeito a influências externas, que, normalmente, são capazes de desestruturar um relacionamento. As companhias, as amizades, aparentemente inocentes, a índole dos componentes de um círculo social, entre outros, são elementos capazes de influenciar a dinâmica de um casal, inicialmente feliz e sem problemas estruturais mais graves.
Assim, O Primo Basílio, além de uma alta carga literária, trás em sua concepção uma representação do verdadeiro lugar do desejo em um relacionamento. Antes de tudo, o amor é o que une duas pessoas, e junto dele outros aspectos surgem: o respeito, a compreensão, o pensamento em conjunto, a amizade, o companheirismo, a convivência, etc. O desejo é um destes sentimentos que devem vir na retaguarda do amor, um resultado do processo de união de dois indivíduos, e não uma ferramenta propulsora deste processo. O relacionamento precisa ser visto como uma pirâmide, onde estes aspectos subalternos ficam na base, e a base superior é o amor, o que junta todos esses pontos e dá sentido a forma, a pirâmide, ao casamento. Se encarado desta forma, certamente, esta instituição sagrada, mas tão falida atualmente, recuperaria muito da sua essência e importância.
Peregrina 23/10/2016minha estante
Que resenha linda, Lucas!


Lucas 24/10/2016minha estante
Nobre Enza. Te agradeço mais uma vez por engrandecer sobremaneira as resenhas com a sua leitura. Mas a blogueira aqui é você, um reflexo da sua imensa capacidade "resenhatória" :)


thsbarreto 03/06/2018minha estante
Domina a arte de fazer resenha. Incrível! Haha
Parabéns.




spoiler visualizar
Nanna 11/09/2021minha estante
Quero muito ler esse livro graças ao trecho na música de Marisa Monte :)


Bananinha 13/09/2021minha estante
Vale muito a pena




Milena Gradim 06/03/2017

O primo Basílio
Eça de Queirós, um marco na literatura por suas escritas ousadas, com direito a adultérios e incestos.
Lua 02/09/2017minha estante
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Lua 02/09/2017minha estante
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Sara Muniz 28/04/2017

Resenha - O Primo Basílio
O Primo Basílio, escrito por Eça de Queiroz e publicado, pela primeira vez, em 1878, foi o primeiro romance do autor português que fez muito sucesso. É uma obra pertencente ao naturalismo e à segunda fase do realismo.

Em O Primo Basílio temos a abordagem da questão do adultério. Luísa é casa com Jorge, ambos da classe da burguesia, possuem duas criadas e vivem muito bem. Quando Jorge viaja a trabalho, entretanto, Luísa se vê sem nada o que fazer o dia todo. Acorda cedo, toma o seu café da manhã, se veste e passa a maior parte do dia lendo romances, como A Dama das Camélias (confira minha resenha da obra, clicando aqui). Certo dia, a campainha toca e somos apresentados a Basílio, o primo de Luísa, e mais: seu primeiro amor.

Com Jorge fora, Luísa sentindo-se sozinha e com Basílio, um homem extremamente encantador por perto, a personagem não resiste e acaba por trair o marido. A questão que sequer é aprofundada no livro, é que em certo momento Luísa lê cartas de Jorge mandadas a um amigo dele, que dizem que ele conheceu e se envolveu com mulheres, ou seja, ele também a trai, mas isso não é explorado no livro, pois as traições dos homens naquela época passavam impunes e a das mulheres eram vistas como escândalos terríveis! Onde já se viu? Uma mulher trair o seu marido! O homem também a traiu? Não, não foi traição, ele estava viajando e tinha necessidades, coitado...

Uma personagem bastante marcante no livro, é a Juliana. Criada da casa, negra, feia e cheia de ódio no coração, ela consegue ter acesso às cartas de amor de Basílio e Luísa e as usa como forma de chantagem para com a patroa. Diz que, se a patroa não lhe der seiscentos mil réis, ela contará tudo ao seu Jorge. Ela acaba por ser uma personagem secundária extremamente influente na história, uma vez que torna-se a inimiga e o medo de Luísa.

Avaliei o livro como bom, porque não é o tipo de livro que me agrada. Nenhum dos personagens me chamou atenção, não me afeiçoei a nenhum deles e isso me deixou bem desapontada. As descrições condizentes com as características do realismo e do naturalismo tornam a leitura extremamente massante, tal aspecto também aparece em outra obra que já resenhei aqui, o Madame Bovary (clique aqui para ler), mas a diferença é que Madame Bovary tinha uma técnica descritiva que me agradou mais. Reconheço perfeitamente que a trama de O Primo Basílio é genial! É um romance muito bem planejado, com um enredo incrível, mas não me chamou a atenção e eu não via a hora de acabar de ler para poder "seguir em frente" com outras leituras. Como criei expectativas grandes em cima do livro, a decepção acabou repercutindo na minha avaliação também, mas, de repente, em uma segunda leitura, eu posso acabar gostando, não é mesmo?

site: http://interesses-sutis.blogspot.com.br/2017/04/resenha-o-primo-basilio.html
Ramon. 28/04/2017minha estante
Parabéns pela resenha. Ficou muito legal e bem explicada.


Sara Muniz 28/04/2017minha estante
obrigada! :D




Fernanda Coelho 08/01/2024

Que novelão! É o puro suco da fofoca!

O primo Basílio é uma história de adultério, arrependimento e vingança.
Durante uma viagem prolongada do marido, Luísa se deixa seduzir pelo elegante e galanteador Basílio, um primo seu que voltava a Lisboa depois de uma temporada vivendo no Brasil.
O casal é descoberto por Juliana a empregada da casa que passa a chantagear a patroa. O dilema entre Luísa e Juliana te prende cada vez mais.
Com o retorno de Jorge, ela percebe que pode perder o marido que tem e ser posta à rua, além de perder sua dignidade social e dai por diante é só barraco, gritaria e confusão KKKKKK. ?

Eu amei todos os personagens, sem exceção!
Até mesmo a X9 Juliana e o babaca Basílio.
Eça de Queirós é maravilhoso e possui uma narração perfeita, riquíssima em contextos históricos e sociais, que torna impossível não se envolver e se apegar aos personagens.
Flávia Menezes 08/01/2024minha estante
Gostei da resenha, Fê! E gostei tanto que vou colocar esse na minha listinha de nacionais que pretendo ler esse ano! ?????


Craotchky 08/01/2024minha estante
Também gostei muitíssimo quando li.




Camila Felicio 13/05/2024

Eça para mim é o maior escritor em língua portuguesa do século XIX, sua forma de escrever com tanta ironia me faz ser uma grande entusiasta. Para mim ele é único e enorme!
O Primo Basílio é um romance do realismo-naturalista em essência, Eça adorava Zola e em seus textos encontramos muito sarcasmo, muita crítica a sociedade portuguesa, muitos momentos absurdos mesclados com muita ironia e frases hilárias. Ainda que o começo seja lento, com o passar da prosa e o envolvimento de Luisa com Basílio me foi impossível largar a leitura, do capítulo 4 ao 11 o ritmo é frenético, dando uma pausa durante a ascensão de Juliana e o declínio mental de Luisa que passa a ser tiranizada pela sua empregada...

Jorge, o boi manso como Juliana o chama tem seu charme mas é um personagem morno, Basílio é o canalha em essência, D.Felicidade a beata (que parecia tirada do livro de O Crime do Padre Amaro) traz todo um alívio a narrativa, Leopoldina era o vício que influía em Luisa (a vejo como a personagem mais autêntica), Acácio simbolizava a hipocrisia burguesa... Luisa era o casamento burguês, burocrático e frágil...Mas ninguém brilha mais que a invejosa Juliana, que tinha lá suas razões e tinha seus sonhos, liberar-se de seu ofício onde sempre era oprimida por patrões e conseguir um dinheirinho para ter seu negócio e seu homem, a construção da personagem é BRUTAL, uma grande personagem queiroseana! Inclusive em seu final e como foi seu tratamento derradeiro terminei por ter-lhe muita empatia!

Livro maravilhoso, de um autor que eu sou apaixonada desde novinha e está sendo mágico retornar a sua literatura!! Ainda prefiro o Crime do Padre Amaro onde a construção me alucinou, e sua narrativa ainda me choca até hoje!
AlineLucia 13/05/2024minha estante
Não consegui sentir empatia pela Juliana, mas dei boas risadas (apesar de saber que era errado) com os pensamentos que ela tinha a respeito dos patrões e patroas que teve. Para mim essas são as melhores partes do livro! Eça entrou pra minha lista de favoritos com esse livro!


Camila Felicio 14/05/2024minha estante
Eu tentei kkkkk na parte dela velada tive mta dó ??? Construção maravilhosa! Não tem como não morrer de rir das opiniões dela sobre os patrões kkkkk lacrimejei rindo quando ela chamou o Jorge de boi manso!
Eça é sensacional porque ele tem uns temas fortes, critica sem dó mas do nada mete humor kkkk




Carolina 24/02/2021

Que mania que Eça tem de matar mulheres...
Gosto muito da escrita de Eça, desde O Crime de Padre Amaro. Apesar de ter muitos parágrafos com muita descrição de coisas e lugares (perfeitamente entendível para a época), com a ajuda de áudio livros na velocidade 1.5x (risos) num instante terminei a leitura. Muito boa, diga-se de passagem. Que ódio de Juliana! Quanto sobreu Luísa! Leiam.
Capitu 24/02/2021minha estante
Eu li esse livro muito rápido! A escrita do Eça de Queirós prende a gente. Eu também fiquei com muita raiva da Juliana, achei bom quando aquela miserável morreu ???????


Carolina 24/02/2021minha estante
????




rebeccavs 16/02/2020

O que mais importa: manter as aparências ou a ética?
Sinopse: Basílio, primo de Luísa - esposa de Jorge -, torna-se seu amante e ambos são descobertos pela criada Juliana. E agora? O que acontecerá ao casal?


Esse livro proporcionou-me ódio a duas pessoas em especial: Basílio, por ser covarde, e Juliana, pelo seu mau gênio chantagista.


A ambientalização da obra gira em torno de Lisboa e, por vezes, do Brasil - visto como terra de negros e lugar de castigo dos burgueses lisboetas. Em seu contexto, o mau caráter de Basílio em voltar anos depois aos braços de sua querida prima - agora casada - e sua infidelidade em se relacionar com ele mesmo após o matrimônio com Jorge Carvalho são ótimas características da escola literária realista-naturalista a qual Eça de Queirós pertence e nos traz um romance inebriante.


Convém ressaltar o medo de Luísa em ser descoberta pelo marido e as malvadezas estéticas e luxuosas de Juliana - revelando, assim, uma chantagem com a infiel esposa.


Qual a reflexão acerca do livro? (amo reflexões, hahah)


Após o desvio de Luísa, ela percebe que pode perder o bom marido que tem e ser posta à rua, além de perder sua dignidade social e ser tratada como uma meretriz por seu comportamento desleal e antiético. Na atual sociedade, o medo da perda do bens materiais, muitas vezes, é superior ao descumprimento de um princípio ou de uma lei, tornando o ser humano - como Luísa, nesse ínterim - suscetível a depravações por meio de sua cruel criada Juliana.


É assim também quando um político não quer ser descoberto pela lavagem de dinheiro público, preocupando-se antes consigo próprio do que com a ética e seu papel na sociedade: sua responsabilidade perante a lei; ou também quando acabamos contando uma mentira e não nos preocupando com a verdade porque a primeira é mais favorável à situação.


Claro, quem leu o livro até o final, sabe a real situação entre Luísa e Jorge (não hei de mencioná-la porque não gosto de spoilers, mas leia o livro!).


Enfim, o que é mais importante: manter as aparências ou a ética e a civilidade humana?


Esse livro e enlouquecedor, assim como "O crime do padre Amaro", do mesmo autor, me abalou de maneira indescritível! Eça de Queirós é maravilhoso e possui uma narração fabulosa, riquíssima em contextos históricos e sociais, além de retratar de diversas maneiras a sociedade burguesa e suas anomalias.
agathatriste 16/02/2020minha estante
Incrível!!!


rebeccavs 16/02/2020minha estante
Sim, um livro maravilhoso mesmo!




Claudia Beulk - @velejandoporlivros 03/05/2015

Clássico
Escrito em 1878, "O Primo Basílio" é, além de um clássico, uma crítica à sociedade burguesa de Lisboa do século XIX. Eça de Queirós apresenta diversos personagens peculiares durante a narrativa, cada qual com suas preocupações e trejeitos que os fazem únicos.
A história se concentra com torno de Luísa, uma jovem casada com o engenheiro Jorge que vive em sua confortável casa com duas criadas a lhe fazerem praticamente tudo e recebendo visitas de seu núcleo social. Suas vidas seguiam muito tranquilamente até Jorge se ausentar à trabalho durante um longo período de tempo, e neste ínterim, volta a Lisboa um antigo amor de Luísa, seu primo Basílio, com quem esteve prestes a casar antes de o mesmo ir embora para o Brasil. Com a chegada de Basílio, Luísa sente aquela paixão reacender e cede aos encantos do sedutor primo. O que Luísa inocentemente não sabia, era da raiva e da ambição que cultivava Juliana, uma das criadas, que ao conseguir provas da traição de sua senhora, passa a chantageá-la.
No desenrolar da narrativa, o leitor passa a conhecer melhor e entender cada personagem secundário do núcleo social que cerca Luísa. Sebastião, amigo mais estimado de Jorge quer apenas manter a boa imagem de seus amigos perante à vizinhança, Dona Felicidade sonha em conquistar o Conselheiro Acácio, este sempre muito formal com todos amigos (uma formalidade que beira ao ridículo), enquanto Julião Zuzarte, o médico, representa o herege, com passagens muitas vezes cômicas. Desvenda-se até mesmo as verdadeiras intenções de Basílio logo que o mesmo é apresentado, e chega-se a sofrer as angústias de Luísa, pois bem vê-se que sua vida está caminhando para uma tragédia anunciada.
Com uma linguagem própria da época, "O Primo Basílio" no começo há de ser lido com calma, a fim de acostumar-se com a narrativa de Eça de Queirós, o que é muito fácil após algumas páginas, quando o leitor começa a prender-se à história e nem mais fazer distinção de certas palavras anteriormente desconhecidas. Ressalta-se a pitada de humor negro presente em algumas passagens, que tornam a leitura mais agradável a quem sabe apreciar. Sim, é possível rir lendo um clássico desse porte. E é claro, aos mais sensíveis, as lágrimas vêm aos olhos.

site: http://ceusinfinitos.blogspot.com.br/
Rúbia 03/07/2015minha estante
Nossa, adorei a sua resenha. Preciso dar uma mergulhada na minha origem, que foram os clássicos. Você me ajudou a ter mais vontade de ler esse livro.
Obrigada = )


Claudia Beulk - @velejandoporlivros 26/07/2015minha estante
Obrigada Rúbia, fico feliz que tenha gostado da resenha e de ter ajudado a despertar sua vontade de ler esse livro. Beijos!




Evy 13/07/2010

Confesso minha dificuldade em ler autores muito descritivos!
E eu tentei. Tentei de verdade gostar deste livro, mas não deu. Eu até li outro do Eça de Queiroz, "A Relíquia", mas foi praticamente um parto. Lia duas páginas por dia e olhe lá. E só insisti até o final porque era literatura de vestibular. Não gosto do estilo do autor, apesar de saber que é um grande autor e que suas obras são clássicos da literatura. Infelizmente não dá para mim. Ainda não. Quem sabe no futuro eu tente mais uma vez e consiga! Nunca se sabe...
Pri 19/11/2010minha estante
Quando eu li, foi por leitura obrigatória tbm. Minha amiga falava que era maçante e eu achei a leitura fácil e gostosa. O problema era a edição. A minha era diferente da dela. Pena que agora eu não lembro qual era a que eu tinha na época, pq já faz muito muito tempo mesmo! rs.. Mas vale a pena procurar por outras edições mais atualizadas!
Fica aí a dica!


Bru_af 27/04/2013minha estante
Lyani, já li esse livro a algum tempo mas continuo me encantando com ele até hoje! Sempre há o momento certo, a maturação necessária pra ele ser surpreendente, admito que pra mim foi na segunda tentativa! Mas acho que deve dar uma chance, o início é mais denso mas quando se envolve o enamorar-se acontece facilmente!
Arnaldo Antunes recitou um pedacinho dele em Amor I love you vou deixar o trechinho que na voz dele fica tudo de bom:
"Tina suspirado,
Tinha beijado o papel devotadamente
Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades
E seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saia delas,
Como um corpo ressequido que se estira num banho lépido
Sentia um acréscimo de estima por si mesma
E parecia-lhe que entrava enfim uma existência superiormente interessante
Onde cada hora tinha um intuito diferente
Cada passo conduzia a um êxtase
E a alma se cobria de um luxo radioso de sensações".
Boa leitura!




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