spoiler visualizarDon Hoffman 23/07/2021
O Primo Basílio, uma categórica dissecação da falsa moralidade
O Primo Basílio
Ano de lançamento: 1878;
Gênero: Romance;
Autor: Eça de Queiroz;
Localização espacial: Lisboa/Portugal;
Editora: Livraria Chardon.
O Primo Basílio, é um romance situado em Lisboa, no final do século XIX. A trama, central foca-se em Jorge e Luiza, o típico casal burguês daquela época.
O livro, possui 602 páginas, no entanto, algumas edições como esta (416), possuem um número inferior.
A ideia de Eça, que gerou muita polêmica em sua época, era fazer com que o leitor, que, estando situado naquela sociedade certamente encaixaria-se num dos personagens; se enchergasse no mesmo. Eça de Queiroz era formado em Direito, e fazia parte do movimento Realista, que criticava duramente o movimento anterior, que era o romantismo. Existem 8 personagens principais:
⚫ Luiza: Esposa de Jorge e personagem principal, que revela-se posteriormente uma adúltera.
⚫ Jorge: Engenheiro formado, que faz uma viagem a trabalho, deixando Luiza sozinha.
⚫ Basílio: Primo de Luiza, é excêntrico, enriqueceu com os negócios de borracha no Brasil, foi namorado de Luiza quando esta era adolescente, pensa em Luiza como um objeto de seu mero deleite.
⚫ Dona Felicidade: A falsa devota, uma cinquentona que faz de tudo ao longo da história para chamar a atenção de Acácio.
⚫ Conselheiro: O conselheiro Acácio, é muito formal, mas, não passa de um falso moralista cuja empregada é sua amante, rejeita as investidas de Dona Felicidade e faz de tudo para manter a sua "pose".
⚫ Sebastião: O único personagem decente em toda a trama, amigo íntimo de Jorge, tem modos antiquados, é muito tímido e ajuda Luiza quando esta mais precisa.
⚫ Julião: O médico "revoltado", odeia os governantes de seu país, mas, após ganhar um cargo em sua área, torna-se mais tarde um "amigo da ordem". É também, a quem todos os personagens recorrem quando alguém fica adoentado. É descrito como um homem desgrenhado, cujos cabelos são longos e cheios de caspa.
⚫ Ernestinho Ledesma: Este não é lá muito importante, seu único papel é criar uma peça teatral que representa de certa forma o que viria a acontecer no decorrer da história.
⚫ Juliana: A personagem mais complexa e bem construída de toda a trama, representa a inveja. É descrita como amarga, amarela, raquítica etc. É conhecida como a "tripa velha", tem 40 anos e é virgem pois, ninguém interessou-se por ela em razão de sua aparência "nem um pouco convidativa". Rouba as cartas que Luiza enviou a Basílio e a chantageia durante toda a história.
Tudo começa quando Jorge precisa viajar a trabalho para o Alentejo, no interior de Portugal.
Enquanto Jorge estava fora, Luiza achou-se muito sozinha, tendo apenas os seus romances para ler, as visitas dos amigos da casa e de sua íntima amiga, a Leopoldina, que era uma adúltera declarada a quem, Jorge não queria em sua casa. Basílio, em Lisboa vai visitar Luiza e com o tempo, a seduz e faz com quê a mesma caia em seus encantos.
Como as visitas assíduas de Basílio a casa de Luiza estavam gerando boatos, que se davam em razão de toda a vizinhança ter conhecimento da ausência do marido; Basílio apressa-se a alugar um casebre afastado para se encontrarem, Luiza, em sua inocência pensou que o mesmo seria um palácio. Com o passar do tempo, Luiza nota que Basílio estava diferente e o "casal" tem uma crise. Em um determinado dia, Luiza que saira para ir ao paraíso (nome dado por eles ao casebre), é surpreendida pelo Conselheiro que se põe num passeio com ela a contragosto o que a faz perder seu encontro com Basílio, Luiza, que havia encontrado uma forma de livrar-se do Conselheiro, tenta ir ao encontro de Basílio, mas, o mesmo não estava em lugar algum. Ao voltar fora de si para casa, Luiza descarrega sua raiva em Juliana que revela possuir as cartas trocadas entre ela e Basílio, o que faz Luiza desmaiar. A partir desse momento em diante, Juliana passa a chantagear Luíza, exigindo uma alta quantia por seu silêncio, mas, acaba se contentando com certos luxos que Luiza, sem saída, se vê forçada a lhe conceder. Basílio, confrontado por Luiza com esse problema, é aconselhado por seu amigo o Visconde Reinaldo a ir embora de uma vez com ele para Madri e deixar Luíza. Basílio o faz, e vai embora, tendo antes oferecido a quantia a Luiza que recusara por orgulho. Após isso, Basílio que fora embora levando as doces recordações do romance e Luiza que ficará com os arrependimentos e amarguras; nunca mais se vêem novamente.
Este livro é simplesmente fantástico, apesar de o final ser, na opinião desse mero resenhista que vos fala, injusto com o personagem Jorge, e em até certo ponto com Luiza, a obra cumpre o que promete, e assim, Eça cria um dos melhores clássicos da literatura de todos os tempos, ao passo que cumpre seu objetivo na qualidade de realista que era justamente denunciar a futilidade e ociosidade da época na qual ele mesmo estava inserido. É indicado para todos, no entanto, mais especificamente para àqueles que gostam de longas leituras e para quem estuda literatura.
A reflexão que fica é a seguinte: "As pessoas nem sempre são o que aparentam ser, na maioria das vezes estão usando uma "máscara" para preservar a sua Imagem".
"O realismo é a anatomia do Caráter"
-Eça de Queiroz
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