spoiler visualizarEduardo.Staque 20/03/2024
Enfim, acabou!
Estou bem conflitante quanto a tudo o que passei lendo A Torre Negra.
Todos os lugares que visitei, todos os personagens que conheci e acompanhei por essa longa, cansativa e terrível jornada...
Tudo isso é o que faz uma história ser boa: o caminho, destino, personagens, formam um livro.
E aqui, posso diver que um BOM livro/saga.
Esse livro mesmo sendo o maior da série, foi o mais rápido de ler, mas não o mais legal, ainda perde para A Escolha dos Três e As Terras Devastadas, mas não deve nada a eles.
E também King não nos deve nada com essa bela obra.
Desde o início eu imaginava que ia ser ruim. Não foi bom, mas foi como deveria ser, sem deixar em mim aquel gosto de que poderia ser diferente, e penso que se fosse, seria ruim.
Bom, vamos falar um pouco desse livro.
Achei muita coisa acontecendo de forma corrida, sem tempo de apreciar e conviver com aquilo, mas mesmo sendo corrido, King não deixou de ser prolixo também. Todas as mortes são muito "pequenas" em comparação com a relevância dos personagens, mas, levando em consideração a Torre, são realmente insignificantes, e isso fica bem claro desde o começo, não do livro, mas de toda a aventura.
Nisso King é mestre! Ele foi fiel a todos os conceitos e regras (como batalhas que duram no máximo 5 minutos e pronto), mesmo tendo algumas conveniências brochantes, e sendo seu próprio Deus ex machina em momentos perigosos para que a salvação não fosse providencial, e além de ser fiel, cometeu os mesmos erros quando contou a história de Roland e Susan e com o Pére e aqui com praticamente todos os personagens.
Erros também que todos autores de fantasia, até o momento, cometem: deixar coisas importantes para serem tratadas no final, de forma rasa e irrelevante.
Sapadores, poderes (iluminados), Sheemie, povo antigo, máquinas, feixes, personagens muito importantes ... tudo raso e jogado no final.
Mas por toda a jornada, até esses pontos que me incomodam muito eu acabei passando pano, pois é tudo fechado como o Ka ordena e dentro do possível no que nos foi apresentado e nos acostumamos com essas coisas. Se você não se acostumou e aceita, provavelmente leu errado.
Poderia ter sido um livro menor também se os acontecimentos estivessem distribuídos por outros livros, com mais consequências e que essas fossem levadas até o fim, mexendo com os personagens (falo aqui das mortes, 3 num mesmo livro e praticamente uma seguida da outra, sem tempo de sofrer e ver como vão reagir).
Sem contar que nos é embutida uma expectativa com relação ao grande fim, ao grande vilão, esse que é um grande mané, fim esse que é "padrão King" kkkkkkkkkk se é que me entenden, e quando finalmente temos isso, é muito blé, e me deixou com mais dúvidas do que quando comecei a aventura.
Mas foi o suficiente pra que eu ficasse com dó do Roland...
E é aqui, com esse sentimento e com o discurso final do autor, que provavelmente me fez dar a nota que dei.
Dá pra perceber que é a grande obra do King, ele estava sem freio, fazendo o que tinha vontade e como tinha vontade.
Deu a todos os seus livros um ponto comum, onde tudo pode ser conectado, sendo uma grande e única história.
Criou personagens incríveis e muito cativantes, fazendo com que eu queira saber se eles podem aparecer outra vez, e como estão depois de tudo o que se passou.
Me fez perceber que o fim, mesmo que eu não goste, era o único possível, o único que encaixou com toda a história, e em seu discurso antes desse fim, me deu um puxão de orelha que me fez pensar e tentar mudar como vou ler livros daqui pra frente:
Não espere um final específico, espere apenas um final, como Roland não sabia o que ia encontrar no topo da Torre e nunca ficou pensando no que poderia encontrar lá. Ele apenas seguiu seu caminho.
"... o Ka é uma roda ..."