Ana Bernhard 05/04/2024
Uma ficção com escrita sensível e respeitosa sobre o Jesus histórico
Cavalo de Tróia é um livro que me surpreendeu bastante. Comecei a lê-lo por recomendação do avô do meu marido, que já leu toda a saga e é um grande fã. Fiquei muito curiosa e interessada pela leitura.
A história conta sobre um jornalista que recebe os diários escritos de um homem que afirma ter feito parte de um programa de viagem no tempo secreto. Diante das várias possibilidades, a missão decidiu por viajar até um dos momentos mais curiosos e intrigantes da história da humanidade: a crucificação de Jesus.
Tive muita dificuldade a partir deste início, pois uma vez que o livro teria como base uma história em que acredito e tenho fé, as chances de dar errado seriam enormes kkk Mas decidi ler e tirar minhas próprias conclusões.
Quero trazer destaque para a sensibilidade com a qual o autor descreveu os momentos de Jesus. O momento da tortura de Jesus, sua agonia diante de cumprir a vontade do Pai, sua crucificação tão cruel e tão agoniante... O viajante, Eliseu, foi escolhido inicialmente para a missão por sua característica cética e centrada, mas conforme interagiu com as vivências de Jesus, passou a se compadecer dele.
Pra deixar completa a recomendação, tem alguns pontos negativos que observei no livro. O autor se propõem a "contar a história que não foi contada", e isso abre espaço pra uma série de falhas. Dentro dessa ideia, ele mostra um constante desprezo pela Igreja, e acaba atacando também o princípio de inerrância da Bíblia (que é uma das suas características mais provadas ao longo dos anos). Para quem é estudioso da palavra, lendo de forma minunciosa da pra ver algumas distorções na palavra de Jesus (que não diminuem a obra, mas mostram uma leve influência que afasta de Cristo a sua exclusividade na salvação).
Ainda assim, recomendo a leitura do ponto de vista de sensibilidade na ficção. Não consigo imaginar como seria voltar no tempo e vivenciar esses momentos ao lado de Jesus. Um misto de sofrimento com honra.