Como conversar com um fascista

Como conversar com um fascista Marcia Tiburi




Resenhas - Como Conversar Com Um Fascista


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Johnata 20/06/2021

Você não vai aprender a conversar com eles.
Não me entendam mal, não é que eu não concorde com boa parte do que a autora escreve na obra. Tiburi descreve bem a agonia de estar diante de pessoas que rejeitam o diálogo e a racionalidade, explica bem algumas das razões pelas quais essas pessoas foram radicalizadas, mas é só. Posso estar tomado pela frustração de minhas próprias expectativas, mas achei que o livro, ao contrário do que propõe o título, não favorece o diálogo. Não está errado, apenas achei proselitista e enfim, quem precisaria desse proselitismo nunca vai ler o livro.
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Mariah 29/05/2021

como conversar com (s i)
-- título que descreve melhor -- Como conversar com ninguém, ou talvez consigo. Claro, sem narcisismo, e super sociavelmente, com classe e ética em um suicídio no próprio politicamente correto.

O livro é bem ensaístico. pessoal. mais do que deveria. E trás poesia e filosofia em um politicamente correto exagerado. Principalmente, trás obviedades nível "ce jura, temos um sherlock homes aqui". Separado por textos, bem aforismos, porém esperava menos divagações poéticas. Antes de entrar na leitura pensei que ia ser algo objetivo, realístico, e com uma escrita suficiente pra bancar o título, então não leia se espera o mesmo que esperei. A abordagem foi péssima, a autora se prende batendo na mesma tecla, não cumpre nem 1% do prometido pela capa e mesmo que ignorássemos a capa, também não cumpre 1% de nada, nem na pauta povo e democracia cumpre algo a acrescentar.

Que não pensem que ser antifascista seria como a filosofia má escrita e má pautada desse livro.
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Lais Duanne 11/05/2021

Interessante
Não sei se acho um dos melhores livros que li sobre a temática mas curtir a forma que várias questões foram apresentadas.

Talvez o nome engane um pouco.
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sotnasallim 23/04/2021

No geral, gostei bastante da reflexão que o livro traz e de como ele aponta a urgência de se repensar a maneira como nos comunicamos uns com os outros, além de outros pontos levantados pela autora, como saúde psicológica, redes sociais e tristeza em tempos de ascensão do fascismo. Apesar disso, me pareceu um livro incompleto e que às vezes ela enrola só pra encher linguiça.
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Maiara Cristina 12/04/2021

O livro trás reflexões muito boas porém é bastante repetitivo.
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Camila 25/03/2021

Ótimas reflexões
De modo geral, gostei muito dos ensaios e reflexões propostas pela autora. É uma leitura densa, mas importante, de modo que discute o cenário de extremismos políticos no Brasil atual e propõe o diálogo como uma saída.
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Douglas 05/03/2021

Como entender o fascista que mora ao lado
Creio que o título da obra tenha sido escolhido pra chamar a atenção do público. Seria ótimo um verdadeiro manual, para entender o fascismo brasileiro. Porém, é uma tarefa difícil, de muitas leituras, estudo e dedicação acadêmica. Tiburi coloca esse conhecimento adquirido em anos de estudos filosóficos em instituições renomadas, a nosso dispor. Entendo que alguns podem não gostar, por esperar algo mais mastigado, por ter problemas pessoais contra a opção política da autora, ou mesmo por se doer com a critica ao autoritarismo/ pseudo conservadorismo. Acredito que aqueles que tem a consciência tranquilas, sem vestir carapuças, devem gostar da obra. Recomendo assistir vídeos dela no YouTube, no Café Filosófico CPFL. Os que tentaram calar a autora, no Brasil, poderão tentar, atualmente, na Universidade de Paris. Desejo sorte e muita resistência. Vida longa aos professores. Não há mal que dure para sempre.
Natalia.Garcia 12/03/2021minha estante
Ótima resenha! Eu como estudante de filosofia fico extremamente transtornada com a perseguição em que nossos intelectuais sofrem por apenas exporem a realidade brasileira, tanto em ideias como em ações. Aparentemente todo e aquele que levantar voz contra o Facismo será perseguido, portanto, prefiro estar do lado dos que são perseguidos a me juntar com os que perseguem.


Douglas 12/03/2021minha estante
Natalia, a verdade dói. Mas fico satisfeito em verem os perseguidores se escondendo atrás de contas fakes. Tentam amedrontar, pois são eles os amedrontados.




Larissa Guimarães 31/01/2021

Bom!
O livro não era exatamente o que esperava, o título não corresponde certamente com o que é apresentado em todo o texto. Márcia faz uma análise bem abrangente do nosso contexto enquanto Brasil e sua trajetória. É um conjunto de textos/artigos que dizem respeito à assuntos diversos.
De qualquer forma, a autora trás temas de extrema importância e é bastante assertiva em suas análises.
É uma leitura densa.
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Ronan 15/12/2020

Li o livro quase cinco anos após o seu lançamento, e muito aconteceu desde então. Assim, sob perspectiva, a obra é um diagnóstico de fenômenos que estavam começando e que teriam seu ápice no nosso momento atual (assim quero quer pois depois do ápice vem a queda). Que fenômenos? Basicamente a ascensão de um pensamento fascista no Brasil, entendendo-se por fascismo a violência, negacionismo de todo tipo, o ódio ao outro e a incapacidade e pobreza políticas que derivam diretamente do empobrecimento da linguagem e da capacidade para o diálogo.
Ao propor o diálogo como única forma possível de se superar essa ideologia fascista a autora também explicita a dificuldade e mesmo a impossibilidade de que isso aconteça a contento às vezes, embora insista no mesmo, um paradoxo que foi se definindo para mim conforme li. O fascismo, o antipolítico, a projeção do outro como inimigo, a incapacidade de lidar com a alteridade (falta de amor portanto, pois o amor se faz na alteridade), tudo isso potencializado pelos meios de comunicação em massa, pelos novos “formadores de opinião” (que nas palavras da autora escrevem para idiotas) e muitas vezes pelas redes sociais.
A linguagem, seu empobrecimento e banalização através das redes sociais e mesmo da comunicação em massa tem um papel preponderante, seu excesso também, que ela chama de consumismo da linguagem, e que gera lixo, capaz de nos afetar negativamente através da superexposição.
Outro conceito muito importante é o da lógica da inversão em que a vítima se torna a culpada pelos crimes que sofreu (heterofobia, racismo inverso, cristofobia). A televisão enquanto um meio de manipular os sentimentos das massas (não das multidões pois a autora defende que nas multidões as individualidades são mantidas e respeitadas), uma vitrine do capitalismo, uma forma de se produzir inveja e medo, sentimentos que retroalimentam o sistema. O anticidadão, aquele que é capaz de lutar contra os direitos do outro, que também são os seus, sem se dar conta disso é o produto final desse sistema em que shoppings e Igrejas segundo ela são lugares seguros para quem perdeu a capacidade de se pensar e reinventar a si próprio.
O último “rebento” desse sistema e de como ele opera nas comunicações seriam as redes sociais, mas nelas Márcia enxerga alguma possibilidade de superação dessa situação pois dariam voz à quem antes não tinha. Concluindo, apesar dos inúmeros problemas essas redes podem ser a nova arena onde esse tão difícil diálogo pode vir a se dar. Eu, cinco anos depois, não sei até que ponto isso se realizou, saí dessas arenas (Facebook, Twitter e Instagram) à tempos justamente porque forma instintiva enxerguei ali a morte do diálogo. Olhando com o privilégio de quem está no “futuro” em relação ao momento em que a autora escreveu, não divisei essa possibilidade de esperança e justamente pela falta dela saí. Não achei o livro fácil nem didático, de toda forma o tema é tão complexo que talvez isso não seja possível e eventualmente nem desejável. Vale muito a pena ler e seria de um reducionismo dantesco e abissal limitar as ideias nele debatidas à meras posições políticas específicas pois ele trata da política em si, do seu fazer. A meu ver essa frase deixa claro o que vem a ser diálogo para ela:
“Portanto, a pergunta “o que estamos fazendo uns com os outros?” precisa ser nosso pano de fundo consciente, quando nos propomos ao diálogo.”
Muito acertado pois quem não faz isso não se propõe ao diálogo, está no campo da demagogia e dos discursos. Quantas vezes isso não está travestido de diálogo? Estejamos atentos, não endossemos falsos diálogos.
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Fábio Perrucci 21/11/2020

Um manual de sobrevivência!
segundo a minha filosofia de vida, é um verdadeiro manual de sobrevivência, em tempos onde o ódio e o extremismo ganhou espaço através de princípios, no mínimo, questionáveis. Recomendo a leitura, com ênfase aos apaixonados pelo amor, pela tolerância, pelo respeito à diversidade e a todos aqueles que busca um mundo mais pacífico e harmonioso.
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Van 15/09/2020

Como conversar com um fascista
Neste livro paramos para refletir como que se dá a lógica da construção da identidade, e da tendência a imposição desta a partir da ótica dual, onde a construção do outro se dá através da ética do mimetismo. A diferença é tida como manobra para instituir uma pós verdade, a colonização das mentes ainda ocorre e a melhor maneira é segmentar, neste espaço não deve existir minorias. O objetivo do discurso pobre e em demasia é o empobrecimento crítico almejado pelo "colonizador" é necessário dar argumentos prontos e simples, afinal quem não tem criticidade esta fadado a ser presa fácil ao sistema. Na atualidade pode-se notar um avanço dos discursos fascista, estes são baseados na aceitação de pre conceitos ditos como verdades, e as redes sociais que tem um grande potencial emancipador ficam segregados em bolhas. Estas acabam diminuindo o potencial engrandecedor da democracia que é a proveniente do dialogo com o outro, escutar e ser escutado, nos seus prós e contra sobre os mais variados temas. É preciso trabalhar em nós a busca reflexiva e dialógica, pois, somente estas nos emancipam como seres institui
idos de razão e senso comum, pois, entender o outro e analisar os fatos e discursos são essenciais numa prática cidadã.
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Janaína 29/08/2020

Não é um manual.
Sabe aquele livro que você compra pelo título? Pois é, foi esse meu caso.
O teor do livro em si não é ruim, mas o título é no mínimo enganoso,
Ok, talvez eu estivesse esperando um manual de como agir em relação aos fascistas (já que estes resolveram sair das catacumbas onde estavam à luz do (des)governo que os legitima) faço essa mea culpa. Porém, o livro, que é um compilado de artigos e textos já publicados pela autora (que confesso gostar muito) não adentra no tema levantado pelo título. Os assuntos tratados na obra são muito interessantes, e há relação com o fascismo sim. Os textos trazem, com exemplos, ações fascistas que estão presentes na nossa sociedade e como se organizou, digamos assim, essa ascensão ideológica.
Indico o livro para quem quiser entender como chegamos até aqui, em relação ao fascismo no Brasil. Mas, para quem quiser saber como se conversa com um fascista esse livro não funcionará como guru, todavia ele pode nos dar um pouco de embasamento, visto que para conversar com pessoas que se orientam por falácias, apenas com estudo pode tentar um caminho para argumentar (ou contra-argumentar)
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Darkpookie 27/07/2020

Comentários e trechos
A obra é um conjunto de diversos artigos e ensaios da Marcia Tiburi, alguns com linguagens acessíveis e outros bem complicados pelo teor filosófico e quantidade de referências. O livro é organizado por temas, então diversos textos sobre o mesmo assunto são colocados seguidos um do outro, o que pode tornar a leitura cansativa e repetitiva.
Em relação ao título, o livro fala muito mais sobre uma personalidade fascista (durante os ensaios ela sempre fala de "afetos": ódio, amor, medo, raiva, inveja, etc) do que sobre o fascismo histórico, ou seja, ainda que algumas características citadas sejam realmente de um governo fascista ou de um líder fascista, não são descritas todas as questões econômicas, sociais ou políticas do fascismo, apenas as que podem compor um caráter imputável a alguém (exemplo: propaganda ideológica, o medo do outro, o ódio a uma pessoa ou grupo, etc), coisas como o ultranacionalismo, populismo, aspectos econômicos, entre outros.
Algumas reflexões propostas pela Tiburi são essenciais ao debate público, como a repetição irrefletida de ideias ou frases prontas ser usada como argumentação, discurso de ódio, "alienação social por meio da linguagem", o vazio das ideias, a vontade do extermínio de pessoas com ideias contrárias ou somente um grupo específico, a incapacidade de se colocar no lugar do outro ou de mudar sua perspectiva, a levianidade do discurso e a falta do diálogo, entre outros. Entretanto, o uso do termo fascista (relacionável com a direita) me parece uma tentativa de não associar a esquerda, lado político que ela compõe, aos problemas sociais expostos por ela. Caso, algo como extremista, radical ou fanático fosse usado, as críticas tecidas por ela caberiam também a alguns grupos de esquerda.
Mais ou menos da metade do livro para a frente, a Tiburi para de falar sobre fascismo e a necessidade do diálogo (comenta apenas esporadicamente) e passa a falar mais sobre suas posições acerca de diversos temas como democracia, depressão, linchamentos, assédio, "cultura do estupro", legalização do aborto, a questão indígena, a televisão, as redes sociais e a internet, a identidade distorcida do brasileiro e do Brasil, o ato de falar, a falta do escutar, determinismo das ideias, "a arte de escrever para idiotas", etc. Muitas das opiniões eu discordo e diversos outros temas eu concordo, além de outros que simplesmente não entendi em razão da linguagem acadêmica e da citação de autores que não li.
A seguir trechos (não necessariamente concordo ou discordo deles) que achei interessantes ou questionáveis:

"Chamamos de ódio o afeto que se expressa como intolerância, violência projetiva ou, no extremo, declaração de morte ao outro."

"A aniquilação de certa ideia de sociedade, do senso do social, é sustentada no tipo de subjetividade fascista."

"A expressão do ódio parece, para muitos, a irrupção de algo irracional no seio de uma sociedade em si mesma razoável. Por isso, tendemos a vê-lo como algo de arcaico. No entanto, se o ódio irrompe no seio da sociedade civilizada em seu estágio tecnológico e, em nossa época, no ápice de tecnologia que é o digital, é porque, de algum modo, ele é parte dessa sociedade."

"O ódio não é uma substância presente em algumas pessoas por oposição a outras, mas um afeto que se constitui na experiência partilhada com outros."

"Se pensarmos nos discursos de incitação à violência — uma das formas expressivas do ódio —, veremos que ela é transmitida de cima para baixo, como numa engrenagem acionada de fora. Líderes políticos, publicitários, jornalísticos e todos os que detêm o discurso podem ligar essa máquina incitando ao ódio."

"Dialogar é complicado justamente porque não se trata apenas de falar e ouvir, o que já é muito difícil. A evitação pessoal e cultural do diálogo se deve ao fato da desconstrução que um diálogo promove. A complexidade do ato de escutar está em que, por meio da escuta, entro em outros processos de conhecimento. Torno-me outra pessoa."

Essa frase a seguir achei bem estranha e extrapolada:

"[...] o capitalismo é altamente pedófilo, enquanto manipulador de consciências imaturas e até mesmo inocentes. Toda a manipulação das crianças e dos jovens pela propaganda e pelos meios de comunicação configura o “caráter pedofílico” do capitalismo em sua fase atual."

"Neste contexto, as palavras funcionam como estigmas ou como dogmas que sustentam ideias orientadoras de práticas. Se a ordem do discurso capitalista é basicamente teológica, é porque ele funciona como uma religião no âmbito das escrituras e das pregações (em geral, no púlpito tecnológico da televisão). Assim como, em sendo questionada, a palavra “Deus” gera o estigma do herege ou do ateu, a palavra “capitalista”, quando questionada, gera o estigma do “comunista”, ele mesmo tratado como um tipo de ateu em sua descrença crítica do sistema.

O capitalismo depende da criação de estigmas contra tudo o que vem a criticá-lo: pode-se usar a palavra “vândalo”, o termo “terrorista” ou qualquer outro com sentido invertido. Assim, a religião inventou o diabo e as mais diversas figuras de oposição. No esquema discursivo do capitalista a estigmatização protege da crítica. O discurso é a arma de proteção do capitalismo. Os críticos, por sua vez, temem dizer “capitalismo” para não serem acusados de “comunistas”. A ousadia de dar nome é perigosa como a pronúncia do nome de Deus em vão. Ou do nome do diabo. O antagonista é sempre estigmatizado."

Essa metáfora de criança e pedófilo é muito ruim e mal interpretável:

"A democracia é, portanto, uma forma política cuja característica é a alegria. A democracia é sempre alegre. A alegria é a força revolucionária interna à democracia. Mas ela precisa ser defendida para poder perdurar, porque a democracia é delicada. Porque a democracia é sempre criança. A imagem de uma criança que precisa de amor, de atenção, de cuidados para poder se tornar um adulto forte e preparado para a vida é sua expressão mais simples. Quem luta contra essa criança é perverso, ou autoritário. Por isso é que podemos nos perguntar se o clima da cultura política brasileira não é, neste momento, de perversão. Em relação à política, podemos dizer que muitos de nós estão sendo altamente pedófilos. Tratando a criança-democracia como um objeto sexual em que os anseios mais pervertidos se realizam sem limites.

É que o pedófilo não conseguiu deixar de ser criança. Ele fixou-se na infância e se identifica com ela, ao mesmo tempo que, abusando dela, abusa de si mesmo."

Brincar? Não consigo mesmo tragar essas frases:

"Constantemente vemos cidadãos infantilizados pelos meios de comunicação e por suas condições de classe, raça e gênero, produzindo estes acontecimentos de alto teor de analfabetismo político. Ao mesmo tempo, podemos nos colocar a questão acerca de tais cidadãos que como adultos mimados parecem crianças. Crianças que não gostam do jogo democrático por que não foram educadas para isso. Nossa cultura — sobretudo a cultura industrializada servida às massas — e nossa educação (des-educação) favorecem este cenário. Há manifestações em que as pessoas parecem crianças que, abusadas, e transformadas elas mesmas em abusadoras, já não querem mais brincar. O astro da pedofilia política tem um jeito de brincar bizarro."

???????

"O fascista está para a democracia como o pedófilo está para a criança."

"21. Crença útil

Diferente do simples crente para quem a verdade é o cerne de uma crença capaz de orientar pensamentos e atos, o fundamentalista usa sua crença, na qual, a propósito, não se pode ter certeza de que ele realmente creia. Ao usar a crença, o fundamentalista desrespeita não apenas a crença alheia, mas a própria crença em nome da qual age. A utilidade da crença está na submissão daquilo em que o fundamentalista não crê. Mas, sobretudo, sua função é escamotear um afeto de fundo, o ódio e relação ao incompreensível, ao que está em ligação direta com o transcendente. O neofundamentalista odeia a ideia de um deus, ou de deuses, que não sirva a seu propósito.

Falta-lhe justamente a função cognitiva da alteridade que lhe permitiria buscar algo como uma crença na transcendência, bem como no conhecimento — uma forma de transcendência —, e, assim, sair do circuito da ignorância com a qual ele se contenta porque, na estreiteza de raciocínio que lhe é própria, as coisas estão bem como estão. Assim é que ele pratica uma grande contradição em nome da verdade. Ele odeia a verdade que finge amar, assim como, no campo religioso, odeia a um Deus que ele não possa explicar. Enquanto, na verdade, entrega-se de corpo e alma à ignorância que, de certo modo, prova a si mesma como a única verdade real. Sem condições de saber que nada sabe, ele se entrega não à verdade, mas à violência em seu nome. Como um desesperado, sem um Deus e quem possa confiar, ele se autodenuncia em sua descrença. O fundamentalista é a prova de que Deus, mesmo que possa existir, não existe."

No artigo desta frase a seguir e nos daí em diante, ela começa uma discussão sobre a categoria política da vida. O que me incomoda é o desleixo com que a Tiburi aborda a depressão, fazendo parecer algo puramente social, não biológico, o que pode levar a interpretações erradas sobre essa doença, sem aspas. Tem um texto especificamente onde ela aborda a depressão como questão cultural, mas, se tratando de pessoas não podemos ignorar nenhum dos três pilares humanos: biologia, psicologia e sociologia.

"No cenário político brasileiro, há quem, sendo sensível como Virginia Woolf, pense que seria melhor morrer de vez. Há quem se deprima e pense em se matar. A depressão também é uma categoria política. Em tempos de psiquiatrização da vida cotidiana, a depressão torna-se “doença” para evitar que seu conteúdo político venha à tona."

No ensaio da frase a seguir, Deriva, ela usa uma metáfora do ato de lançar uma garrafa ao mar enquanto estamos ilhados para falar sobre a experiência virtual da internet e o diálogo nas relações. Interessante:

"O desespero está no fato de que nenhuma âncora toca o chão e todas nos enganam de que alcançaremos a segurança ou a certeza desejadas. Mas tudo bem, uma ilusão já nos agrada. A metáfora da ilha nos faz saber que, pelo menos, podemos contar com esse pedacinho seguro de chão que significa ficar no mesmo lugar com os desejos controlados, ou “colonizados” pela propaganda que nos leva a consumir. A fantasia do chão firme. Nos completamos como se toda a nossa busca na vida se resolvesse em nós mesmos. É que, na verdade, talvez em nossa época não haja busca realmente. Não nos impressiona pensar que a existência de cada um seja um fim em si mesmo, mas como estamos ilhados, acreditamos que isso vale apenas para nós."
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Nath 28/06/2020

Quando eu li a introdução do livro e foi mencionado que queriam tornar a informação disponível e acessível para as pessoas, fiquei animada. Que decepção! A linguagem não é nada acessível, a autora é repetitiva e divaga demais. Acaba sendo uma leitura chata.
Me fez inclusive lembrar de um texto que li uma vez, no qual falava que se você juntar determinadas palavras em uma frase, ela acaba saindo bonita mas totalmente vazia de significado. Foi o que senti nessa leitura.
Além do mais, não devia ter esse título.
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